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IRB agora busca avanço no exterior

Fonte: Valor Econômico

Por Thais Folego | De São Paulo
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Se a vida (re)começa aos 50 anos, para o IRB Brasil-Re isso ocorreu quase uma década depois. E a expectativa é que os 70 sejam animados. Criada em 1939, a maior resseguradora do país enfrentou a abertura do mercado depois de 69 anos de monopólio e agora, sob controle privado, busca intensificar sua expansão no exterior. A meta deste ano é atingir R$ 400 milhões em receitas nos demais países da América Latina e na África, o dobro do obtido no ano passado.

A companhia quer manter o tamanho que tem no Brasil (onde possui cerca de 40% do mercado de resseguros) e focar o crescimento internacional, segundo Leonardo Paixão, presidente do IRB. No longo prazo, o objetivo é que a metade das receitas venha das operações fora do Brasil.

No ano passado, o IRB faturou R$ 2,8 bilhões, voltando ao patamar de receitas que tinha antes da abertura do mercado, em 2008. Logo após a quebra do monopólio estatal, a entrada de uma enxurrada de concorrentes nacionais e internacionais (hoje somam pouco mais de 100) fez o faturamento da companhia cair para R$ 1,3 bilhão em 2010. De lá para cá, porém, o governo instituiu uma reserva de mercado para as resseguradoras locais (que têm capital mínimo de R$ 60 milhões) e o IRB passou por reestruturações internas, que fizeram com que a companhia recuperasse mercado.

No primeiro trimestre deste ano, o mercado de resseguro no Brasil faturou R$ 1,7 bilhão, 16% a mais que em igual período de 2012, de acordo com os dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Terra Brasis Re. Destes, o IRB ficou com R$ 666 milhões. Em 2012, o mercado faturou R$ 6,4 bilhões.

Na América Latina, o IRB tem operações em Argentina, México, Uruguai, Paraguai, Peru, Colômbia e Equador e aguarda autorização para atuar nos outros países da região. No continente africano, as principais operações são na África do Sul e em Angola. "A estratégia de crescimento no exterior se apoia na expansão das multinacionais brasileiras, que precisam de programas mundiais de seguros", diz Paixão.

A resseguradora pode expandir para outros continentes, de acordo com a demanda dos clientes. "No longo prazo, a ideia é ser um ressegurador global, mas vamos dar um passo de cada vez", afirma o presidente do IRB. "E, uma vez que oferecemos proteção internacional, é mais fácil buscar empresas não brasileiras como clientes."

O executivo de uma resseguradora concorrente observa, porém, que uma piora na percepção internacional de risco pode atrapalhar os planos de expansão na América Latina de resseguradoras que têm a operação do Brasil como centro de negócios. Recentemente, a agência de risco de crédito Standard & Poor's (S&P) reviu para negativa a perspectiva da nota soberana do país.

Um aspecto importante para uma seguradora na escolha de uma resseguradora é o rating, influenciado pela nota soberana do país sede, já que a resseguradora representa um risco de crédito para seguradora. Em grandes contratos, a seguradora mitiga o risco assumido com uma apólice transferindo parte dele (assim como parte do preço cobrado) para uma resseguradora. No caso de acionamento do seguro, cada uma paga a parte que lhe corresponde na indenização. Se a resseguradora quebrar ou não tiver condições financeiras de pagar a sua parte, quem tem que arcar com o prejuízo é a seguradora.

Questionado sobre esse aspecto, Paixão diz não acreditar que o risco Brasil contamine a imagem do IRB, uma vez que a resseguradora tem um patrimônio superior ao necessário para seus negócios. A companhia tem R$ 2,5 bilhões em patrimônio e, pelas regras de solvência atuais, precisaria de um valor na casa dos R$ 800 milhões, segundo o executivo.

Pela primeira vez em sua história, o IRB quer saber o que mercado acha da sua marca. Com o processo de desestatização praticamente concluído, a companhia contratou uma consultoria para fazer uma pesquisa. "Um monopolista não precisa buscar o cliente, ele abre o guichê e espera", diz o executivo. "Já no mercado aberto, precisamos fazer mudanças para nos voltarmos ao cliente, e um dos aspectos que permite agregar valor é a marca."

Já com as aprovações nos âmbitos dos poderes executivo e legislativo em mãos, o IRB agora é controlado por um bloco formado pelo governo (27% do capital total), Banco do Brasil (20%), Bradesco (20%), Itaú (15%) e o FIP Caixa Barcelona (formado pelos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, com fatia de 3%).

No edital de desestatização do IRB está previsto que os acionistas controladores abram o capital da companhia no prazo de cinco anos. "Isso não quer dizer que esperaremos esse tempo. A ideia é preparar e empresa para que esteja pronta no momento certo. Tudo vai depender das condições do mercado", diz Paixão.
 
 

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