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Proteção extra para smartphone, tablet, câmera e filmadora

Fonte: O Globo

Seguradoras oferecem apólices com taxas entre 7% e 20% do valor dos produtos para casos de roubo e incêndio

O estudante Felipe Lima, que já foi assaltado duas vezes, recorreu ao seguro contra furto de celular  Marcos Alves 

RIO — Cinco meses depois de comprar um smartphone por R$ 2 mil, o estudante paulista Felipe Lima, de 21 anos, que se prepara para tirar o brevê de piloto, foi roubado na hora do almoço. Não pensou duas vezes: registrou um boletim de ocorrência, bloqueou o aparelho e repassou o protocolo para a seguradora. Poucos dias depois recebeu a compensação financeira. Com novidades tecnológicas a preços elevados e consumidores interessados em produtos com muitas funções, cada vez mais pessoas recorrem ao seguro para proteger tablets, celulares, computadores, câmeras fotográficas e filmadoras, segundo analistas. O medo de assalto é uma das principais motivações. No caso de Felipe, a precaução foi resultado de uma experiência ruim: ele já havia sofrido um assalto antes de comprar o novo aparelho e costuma usar com frequência o transporte público. Por isso, aceitou arcar com R$ 240, divididos em cinco parcelas, para assegurar o aparelho.

— Fiz o seguro pela experiência do roubo, mas foi bom recuperar o valor que poderia ter perdido com tão pouco tempo de uso do aparelho — disse o estudante.

Levantamento da corretora de seguros KEF mostra que o seguro de um smartphone custa 20,7% do valor de um aparelho de R$ 1 mil. O percentual subiu nos últimos meses, com o aumento da procura. Em setembro, o serviço saía por cerca de 15% do valor do celular.

A apólice de um tablet de R$ 2 mil pode sair por 15,45%. Para um notebook, 14,28%. Câmeras e filmadoras saem mais em conta: 7,63%. Proporcionalmente, o seguro dos eletrônicos acaba saindo mais caro do que o de um automóvel. De acordo com o professor José Varanda, da Escola Superior Nacional de Seguros, uma apólice de veículo custa, em geral, entre 5% e 15% do valor do carro.

— O celular pode ser roubado junto com o carro e tem outros agravantes de sinistro, porque pode sofrer dano. A frequência de sinistros é maior do que a de um carro. Diante disso, o celular acaba tendo taxa proporcionalmente mais alta do que a de um automóvel — disse.

Leitura atenta da apólice

Segundo a KEF, a cobertura básica protege os aparelhos de incêndio, raio, explosão e roubo. Mas o consumidor deve ficar atento: caso o problema ocorra até seis meses depois de contratado o seguro, as empresas costumam pagar o valor integral da nota. Passado este prazo, num período de seis a 14 meses, descontam 15% por conta do uso e do desgaste, ressalta Varanda.

Para quem se interessa, André Vidigal, diretor da corretora KEF, recomenda atenção à apólice. O corretor deve especificar exatamente o que está previsto e o que fica de fora. Danos causados pela queda de celulares ou tablets não costumam ser cobertos. O mesmo vale para derramamento de líquidos sobre os aparelhos. Segundo Vidigal, os principais clientes desse tipo de serviço são jovens, profissionais liberais, executivos e empresas que deixam equipamentos com os funcionários. Mas, destaca, o seguro só vale a pena para itens relativamente novos:

— Compensa contratar seguro para os dois primeiros anos. Após este prazo, como o equipamento depreciou, o valor de referência usado pela seguradora é baixo e não compensa.

Seguradoras tentam evitar fraude

O consultor financeiro Silvio Paixão aconselha a considerar três aspectos antes da contratação: a intenção de ficar com o aparelho por mais de cinco anos, o uso profissional do equipamento e a frequência com que a pessoa circula por locais com incidência de assaltos. Pode ser uma boa opção, por exemplo, para quem trabalha com marketing, design, uso e processamento de dados, avalia ele.

— Para pessoas que viajam mais e dependem do aparelho, pode ser importante. Mas a maioria delas guarda os dados na nuvem (não no próprio computador, mas em servidores de empresas que oferecem o serviço de armazenamento remoto), o que reduz o risco.

O economista Samy Dana, professor da Fundação Getulio Vargas, avalia que o consumidor deve levar em conta também aspectos subjetivos, como se já foi vítima de assaltos ou se frequenta locais considerados mais arriscados.

— Seguro não é investimento. É serviço. Mas, se for uma pessoa mais preocupada, vai ter menos dor de cabeça — resume.

Com equipamentos cada vez mais sofisticados no mercado, as seguradoras também tentam se proteger de tentativas de fraude. A simples perda de um aparelho eletrônico, como em casos de furto simples, não costuma contar com cobertura. Outra preocupação é o valor do bem. Algumas seguradoras, como a BB Mapfre, fazem uma análise do produto antes de fechar contratos de valor superior a R$ 3 mil.

— Eventualmente, investigamos, quando o cliente reporta roubo de um produto na faixa de R$ 2 mil. Fazemos isso por meio do boletim de ocorrência ou com auditoria — disse Nikolaos Tetradis, superintendente de seguros da BB Mapfre.
 

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