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Seguro de crédito tem restrições para a Argentina

Fonte: Valor Econômico

Por Thais Folego | De São Paulo

Com novas restrições à vista para as importações da Argentina, as seguradoras de crédito estão seletivas na concessão de cobertura para exportadores brasileiros que vendem para o país vizinho. Segundo reportagem do Valor da última quarta-feira, a Argentina deve retomar barreiras protecionistas devido à queda contínua de suas reservas cambiais, encerrando a trégua que marcou o comércio exterior do país nos últimos meses.

A francesa Coface, maior seguradora de crédito em operação no país, mantém as coberturas para os clientes que têm no portfólio, mas não tem concedido novas coberturas, segundo Daniel Nobre, diretor comercial da empresa no Brasil.

O mesmo ocorre com as demais seguradoras de crédito que operam no país, segundo Flavio Barros, diretor-executivo da CredRisk, corretora especializada em seguro de crédito. "Temos sentido restrições ao mercado argentino tanto por parte das seguradoras quanto dos nossos clientes [exportadores]. Mesmo as empresas que têm proteção do seguro estão com o pé no freio", diz Barros.
De acordo com Nobre, da Coface, a restrição aos riscos argentinos começou no início do ano passado, quando o intervencionismo do governo vizinho ficou mais forte, a partir da estatização da petrolífera YPF.

O seguro de crédito cobre o risco de inadimplência entre duas empresas, indenizando, por exemplo, o fornecedor que não recebeu o valor devido de uma empresa cliente. Existem dois tipos de riscos no seguro de crédito, o político e o comercial. O primeiro é o risco de uma intervenção do governo no câmbio que impeça que a empresa importadora efetue o pagamento a seu fornecedor externo, como a inconversibilidade da moeda ou restrição no envio de divisas para o exterior. No caso comercial, o risco é de a empresa compradora não conseguir pagar o fornecedor por um problema de fluxo de caixa, por exemplo.

"No caso da Argentina é muito mais uma questão de risco político do que comercial. Há um receio de que o governo tome medidas mais drásticas", diz Barros. "Tanto é que as empresas que têm seguro de crédito comercial estão conseguindo renovar suas apólices porque não é uma questão de risco do negócio", completa.

O diretor da Coface explica que, se uma empresa tiver a cobertura de risco comercial e não receber o pagamento de seu cliente por conta de alguma medida cambial do país importador, o seguro com cobertura comercial não paga indenização. "Apenas se ele tiver cobertura para risco político é que a seguradora vai pagar a indenização", esclarece.
 
 

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