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Seguro patrimonial ganha apelo após protestos

Fonte Valor Econômico

Por Luciana Bruno | Do Rio

Corretoras e seguradoras identificaram o aumento da procura por seguros patrimoniais com cobertura para tumultos após o início da onda de protestos pelo país. Comerciantes, concessionárias de veículos e bancos, principais alvos das depredações, têm solicitado elevação dos valores segurados, afirmam executivos do setor. Houve ainda alta dos pedidos de indenização nas apólices com esse tipo de cobertura.

A seguradora Marítima, por exemplo, registrava antes dos protestos duas ocorrências de sinistros por dia no seguro patrimonial para empresas, número que subiu para 20 nas últimas semanas, diz Ricardo Mazarin, gerente de riscos especiais da seguradora. Também aumentaram de duas para uma média de 12 as consultas diárias para a contratação de seguro patrimonial com cobertura para tumultos.

De acordo com Mazarin, a demanda subiu entre comerciantes do centro antigo e da Avenida Paulista, em São Paulo. No Rio de Janeiro, a procura maior veio de quem tem estabelecimento na Avenida Rio Branco, também no centro, palco dos principais protestos. "Entre os clientes que já tinham a cobertura, houve pedidos para ampliação do valor segurado, da média de R$ 10 mil para R$ 100 mil, R$ 200 mil."

A carteira de seguro patrimonial da Marítima soma R$ 116 milhões. Desse total, menos de 10% tem cobertura para tumultos, que cobre danos ao patrimônio causados por aglomeração de pessoas, manifestações ou conflitos com a Polícia Militar.

Fontes do setor lembram que são raras as apólices de seguro patrimonial com essa cobertura, já que a última década da história do país não foi marcada por longos períodos de manifestações. A cobertura básica do seguro patrimonial inclui incêndio, queda de raio e explosão.

De acordo com Luiz Alberto Pomarole, vice-presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), as seguradoras ainda não contabilizaram os sinistros totais causados pelas manifestações. Mas a sua percepção é que o volume deva ser baixo, dada a baixa penetração desse tipo de risco. Mazarin, da Marítima, lembra que essa cobertura era comum na época da campanha das "Diretas Já" (1984) e do "Fora Collor" (1992), e que sua adoção perdeu força nas décadas seguintes.

Segundo o vice-presidente da CNSeg, caso os protestos continuem por mais tempo e ainda sejam marcados por depredações, é possível que as seguradoras ampliem a oferta de seguro patrimonial com cobertura de tumultos. Ele não descarta também a possibilidade de aumento das taxas das apólices. "O mercado pode mudar a partir desse evento."

O presidente da seguradora Colemont, Eduardo Lucena, calcula em cerca de R$ 2,5 milhões os prejuízos causados pelas depredações no Rio de Janeiro. "Mas até agora, os eventos não tiveram peso de catástrofes", declarou. Na semana passada, uma concessionária da Hyundai na Barra da Tijuca foi saqueada e depredada por manifestantes. Fontes de mercado afirmam que a concessionária tinha seguro contra tumultos, em uma apólice de R$ 80 mil emitida pela seguradora RSA. A informação não foi confirmada pela seguradora.

Segundo o vice-presidente da JLT, Rodrigo Protasio, empresas dos mais diversos portes entraram em contato com a corretora para saber mais sobre coberturas. "Industriais e empresários estão preocupados com esse tipo de movimento", disse.

Dados da CNSeg apontam que o seguro patrimonial movimentou R$ 9,912 bilhões no ano passado, alta de 7% na comparação com o ano anterior. É uma parcela pequena em relação ao tamanho do mercado. Em 2012, o setor de seguros girou R$ 156 bilhões no Brasil.


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