Breaking News

Desenvolvimento das cidades do interior atrai seguradoras

Fonte: Revista Cobertura

Regiões geram demandas de seguros no mercado puxado pelo automóvel; ações visam abrir leque para outros ramos como saúde, vida e previdência

Por Carol Rodrigues

O Estado de São Paulo é um dos grandes responsáveis pela geração de prêmios do mercado segurador nacional. No entanto, pouco se fala da relevância adquirida por meio dos negócios nas cidades vizinhas à capital.

Caracterizada por ser uma região que possui peculiaridades como proporcionar maior proximidade com o cliente e, consequentemente, mais negócios. No geral, enquanto o corretor e o cliente paulistanos não têm tempo para visitas, no interior ambos ainda valorizam o olho no olho e o contato pessoal, conforme Mário Sérgio de Almeida Santos, presidente do Sincor-SP.

Ao unir tranquilidade e crescimento, as cidades do interior tornam-se regiões prósperas para o desenvolvimento do mercado de seguros. “No interior ainda é comum o cliente ir até a corretora para ouvir a proposta. Com isso, o corretor tem a oportunidade de oferecer outros produtos além do seguro de automóvel”, observa o diretor de Produção da Porto Seguro, Rivaldo Leite.

Segundo maior mercado da empresa de vidros automotivos Carglass, as cidades do interior são responsáveis por 40% das solicitações de atendimento da empresa no Estado de São Paulo. Conforme Roberto Bocchio, gerente nacional de Vendas, o principal motivo do acionamento é batida de pedra, geralmente em estradas, e quebra de vidro lateral, em caso de furto. “Cada vez tem sido mais importante a participação dos corretores no momento do acionamento do serviço, pois temos obtido mais eficiência no atendimento em virtude da qualidade das informações”.

A empresa possui uma gerência regional, que trata das lojas próprias e do relacionamento com os corretores. “A Carglass prioriza oferecer linhas de contatos diretas para os corretores por meio do site e do 0800. Dessa forma, ao corretor fazer o contato o gerente regional é acionado junto com o gerente da cidade e é dado todo o apoio. Na Grande São Paulo, 85% dos atendimentos são feitos nas lojas próprias Carglass”, comenta Roberto, para quem isso garante um atendimento ágil e diferenciado. A empresa conta com 18 lojas e também expandiu o atendimento móvel no interior de São Paulo.

A alta demanda registrada pela empresa de vidros é reflexo do desenvolvimento do seguro de automóveis nos municípios de São Paulo. Porém, o foco do corretor no seguro auto, conforme Mário Sérgio, é também um problema crônico, que há algum tempo vem sendo trabalhado pelo sindicato. Para reverter o quadro, ele destaca o trabalho de incentivar os profissionais da região a atuarem em outros ramos. “É preciso ter uma oxigenação na carteira. Cada um tem que achar o seu padrão em ter 50% ou 20% de automóvel na carteira”.

O Perfil das Empresas Corretoras de Seguros do Estado de São Paulo (PECS), trabalho desenvolvido pelo consultor Francisco Galiza a pedido do Sincor-SP, de 2012, aponta o ramo auto como a maior carteira do corretor de seguros tanto na capital como no interior, respectivamente 54% e 62%. Na sequência estão os ramos elementares com 16%, e o que difere, na terceira colocação, é que na capital está o ramo saúde e, no interior, o ramo vida.

“Há um mercado engajado no seguro automóvel, que é o que a indústria do seguro gosta e sabe fazer, o que não ocorre na demanda para seguro patrimonial, vida, saúde, garantia, risco de engenharia, transportes, residência, afinidade, imobiliário, responsabilidade civil e os profissionais”, comenta o mentor do Clube dos Corretores de Seguros de São José do Rio Preto (Correrp), Shirtes Pereira.

Segundo Mário Sérgio, a região tem muita demanda de seguros de transportes, frotas, caminhões, enquanto vida, previdência e saúde são poucos os corretores que operam. Em sua visão, o corretor achará oportunidades de negócios ao ‘anda pelas ruas’. “É fácil achar os nichos de negócios andando na rua. O corretor precisa vender, no mínimo cinco produtos – vida, residência e automóvel são importantes para o corretor, que depois pode se especializar em previdência e seguros empresariais”.

Mercado próspero
Conforme observado por Alexandre Rosário da Silva, gestor da filial Marília da Yasuda Seguros, os grandes centros estão saturados e nota-se uma tendência de migração de grandes empresas e indústrias para o interior paulista. “Contempladas com estes investimentos, tais cidades se tornam grandes polos de negócios por  estarem geograficamente bem localizadas. Entendemos que a demanda por seguros no interior paulista será cada vez mais intensa, o que representa uma ótima oportunidade de novos negócios em seguros para os profissionais do ramo”, diz.

Para se ter uma ideia, as operações das filiais da Yasuda em Marília e Ribeirão Preto cresceram 61% no volume de prêmios emitidos no acumulado até abril de 2013, em comparação ao mesmo período do ano passado.

“As expansões  empresariais e industriais que vêm ocorrendo no interior se destacam principalmente em regiões como Campinas, Sorocaba e outras, atraindo  muitos investimentos para o chamado ‘corredor asiático’, região onde se concentram empresas japonesas, sul-coreanas e chinesas, especialmente do setor automotivo e de máquinas”, observa.
Ele ainda destaca Ribeirão Preto e região, que concentram complexos industriais da cana de açúcar e/ou agronegócios como as que mais aumentaram seu PIB. Na região centro-oeste, aponta cidades que exercem a atratividade de polos econômicos, como Bauru, Marília e Presidente Prudente, que têm demonstrado uma demanda crescente de seguros.
Na Yasuda, sobressaem os segmentos de frotas, transportes nacional, seguros compreensivos com destaque para seguros segmentados dirigidos a pequenas e médias empresas (PMEs). “Nos ramos diversos, a demanda pelos seguros de riscos de engenharia tem se mostrado bastante positiva,  haja vista a quantidade substancial de contratos já efetivados no ano corrente e no ramo de  Pessoas, que tem sido uma de nossas prioridades para 2013”, explica Silva.

Tendo entre seus associados cerca 80% da produção de seguro e 40% das corretoras, o mentor do Clube dos Corretores de São José do Rio Preto e região (Correrp), destaca o pleno desenvolvimento, principalmente no comércio e serviços, na área médica-hospitalar e em algumas indústrias de transformação peculiares de nossa região.

A região do interior de São Paulo também é estratégica para a holding de corretoras Brasil Insurance. Prova disso é que em abril deste ano incorporou a corretora Carraro, com sede em Piracicaba e forte atuação no segmento de transportes e frotas. “É um corretor que apesar de estar no interior de São Paulo tem grande foco na área corporativa. É uma das regiões em que temos foco”, destaca o vice-presidente do Conselho de Administração da Brasil Insurance, Fábio Franchini.

Entretanto, ele observa que as grandes empresas localizadas no interior têm escritórios na capital ou em outra cidade maior, o que possibilita o atendimento por São Paulo. “Temos vários clientes grandes no interior, em segmentos, ramos, usinas, produtos rurais e indústrias, mas que atendemos em São Paulo. Como são riscos corporativos, a presença física no interior é menos exigida”.

Região estratégica

A Porto Seguro é uma das companhias que tem a região como estratégica, já que está estruturada para oferecer atendimento – assistência a residência, centros automotivos, guinchos - a corretores e aos segurados da mesma forma que nos grandes centros.

Segundo Rivaldo Leite, a seguradora acompanha o desenvolvimento econômico e registra crescimento em todos os produtos. “O interior é puxado pela cana de açúcar e etanol, bem concentrado em diversas regiões do interior. Também temos Campinas como um centro de TI muito forte”, observa.

O desempenho registrado pela seguradora nessas regiões é superior ao da capital. “Nos últimos anos, a Porto conquistou o interior de São Paulo, em virtude de todo investimento em estrutura que fizemos nos últimos anos”.

De acordo com ele, a Azul Seguros é um destaque da operação. “Ela era uma companhia mais paulistana e hoje está bem forte no interior”.

A importância que a SulAmérica direciona para o interior de São Paulo é demonstrada pela criação de uma diretoria comercial própria e investimento em estruturas para atender segurados e corretores. Há dois anos, Christian Menezes, diretor comercial da SulAmérica Seguros, Previdência, Investimentos e Capitalização, baseado em Campinas, conduz os negócios.

A partir de uma análise do potencial de desenvolvimento de mercado, a seguradora posicionou estrategicamente 11 unidades, que atendem as regiões próximas, e os cinco C.A.S.A.S. “Além disso, temos o atendimento remoto, que consiste em atender corretores que estão em uma região mais distante e têm uma pequena estrutura”.

No interior de São Paulo, o automóvel ainda é o carro-chefe, embora outras linhas de negócios obtenham crescimento, tais como seguros empresarial, saúde, agrícolas e equipamentos. “O interior do Estado tem o agronegócio muito forte e a demanda desse tipo de seguro tem um viés mais acentuado para seguros de equipamentos agrícolas”.

Segundo Menezes, hoje o interior do Estado representa aproximadamente 5% do faturamento total da companhia. Nesse contexto, ele antecipa que estão previstas a abertura de duas novas unidades – Marília e Araçatuba. “Também estão previstas a abertura do que chamamos de C.A.S.A.S. light, que utilizam estruturas dentro de Shoppings Centers”.

A Tokio Marine também possui uma superintendência comercial varejo dedicada ao interior de São Paulo nas cidades onde possui sucursais – Campinas, Bauru, Sorocaba, Jundiaí, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São Carlos e São José do Rio Preto.

“Temos obtido excelentes resultados no interior de São Paulo. Em 2012, a Superintendência Varejo SP Interior registrou um crescimento total de 39,7% na produção em comparação a 2011. O volume total de produção foi de R$235,4 milhões contra R$168,4 milhões registrado no ano anterior. Além disso, estamos mantendo este ritmo de crescimento. No primeiro trimestre deste ano, a produção aumentou 44% em relação ao mesmo período de 2012”, destaca João Luiz de Lima, diretor comercial varejo SP Capital e Interior da seguradora.

Ele observa que os ramos mais demandados são auto, riscos diversos e vida. Em auto, por exemplo, a companhia registrou crescimento de 47,5% nesta carteira no interior de SP. No primeiro trimestre de 2013, houve um aumento de 53,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Estamos muito atentos ao desenvolvimento das cidades do interior de SP. Por isso, procuramos entender cada vez mais a realidade local e oferecer produtos e serviços adequados a cada demanda. Também mantemos um relacionamento muito próximo com nossos Corretores e Assessorias, que apresentam nosso portfólio e divulgam nossa marca”, reforça Lima.

Embora muitas seguradoras já estejam presentes nas cidades do interior, o presidente do Sincor-SP informa que algumas precisam trabalhar melhor essa proximidade com os parceiros. “Percebemos nas reuniões que algumas corretoras passam meses sem receber visitas das seguradoras”. Nesse contexto, o sindicato criou a Pesquisa de Melhoria Continuada (PMC), com o objetivo de analisar a atuação das seguradoras nas cidades do interior. O trabalho será realizado por Francisco Galiza, diretor da Rating de Seguros. (Edição de junho - 139)

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario