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Elas querem segurança

Fonte: Diário da Manhã

Corretores de seguros notaram crescimento na procura por apólices femininas e demanda desponta nova organização da sociedade em torno de suas necessidades
 
Thamyris Fernandes
 
Aproximadamente 48% do público com automóveis segurados em Goiás é feminino. A estimativa é do diretor-tesoureiro do Sindicato dos Corretores e Empresas Corretoras de Seguros, Capitalização e Previdência Privada (Sincor) do Estado de Goiás, Henderson de Paula Rodrigues. Segundo ele, tal perspectiva acompanha tendência nacional, marcada por maior procura, interesse e condições financeiras das mulheres segurarem seus automóveis.
 
De acordo com o especialista, essa melhor fase com relação ao público feminino é um reflexo da forma como a sociedade vem se organizando nos últimos anos. Conforme ele, dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em 2010, mostram que a população ativa do Brasil está em grande parte representada por mulheres.
 
"A maior autonomia econômica por parte da população feminina está se influenciando fortemente nesse segmento. Como elas trabalham mais e tem uma renda considerável, estão mais focadas em melhorar o padrão de vida. Sendo assim, estão comprando mais carros e preocupadas em preservá-los de batidas, roubos entre outros transtornos", comentou Henderson.
 
Por ser uma fatia de mercado exigente, o diretor do Sincor Goiás explicou que existe grande número de serviços especializados no público feminino. "Desde troca de pneus, até guincho ilimitado; isenção da franquia ou motorista alternativo, para quando elas saem à noite para beber e não poderão voltar para casa dirigindo. Tudo isso é feito para dar atenção especial às necessidades que elas apresentam, inclusive porque não são todas que entendem da parte mecânica de um carro, por exemplo."
 
PERFIL x PREÇOS
 
Embora todo mundo reconheça a importância dos seguros automotivos, não dá para negar que tais serviços costumam pesar no bolso. De acordo com o diretor-tesoureiro do Sincor Goiás, o preço do seguro é variável por cada seguradora que, por sua vez, analisa os perfis de seus clientes e criam para cada um – dependendo da faixa etária em que estão e ao ritmo de vida que levam – um valor específico.
 
Segundo ele, a maior faixa de risco entre as pessoas – e com isso os seguros que apresentam  valores maiores – vai até os 26 anos. "Normalmente pessoas nessa idade tem vida social muito ativa, sai à noite com frequência, tem que deixar o carro estacionado na rua. Quanto mais riscos vão aparecendo, no estudo de vida desse cliente, mais caro fica seu seguro."
 
Vantagens
 
às mulheres
 
No entanto, no caso das mulheres – como explicou o corretor de seguros e empresário Joaquim Fonseca – a apólice sai mais barata que para os homens, independente da fase em que elas estejam, mesmo na faixa considerada de riscos. De acordo com ele, está comprovado que as motoristas são mais prudentes e cuidadosas em todos os sentidos e, por isso, estão menos expostas a batidas e outros problemas do trânsito.
 
"No caso de mulheres casadas o preço também é reduzido. Há também redução ainda mais acentuada no valor se ela for mãe, especialmente de crianças pequenas, porque se deduz um maior cuidado ao se deslocar de um lugar para o outro de carro", detalhou o especialista.
 
Conforme o corretor a principal faixa de mulheres seguradas em Goiânia é dos 18 aos 26 anos. A segunda maior, já corresponde a mulheres mais estabelecidas e maduras, entre os 35 aos 50 anos de idade. "Ainda precisamos conquistar essa faixa etária intermediária, entre os 27 e os 30 anos. Elas também precisam de proteção e contam com a vantagem de já ter saído da fase considerada de risco e, por isso, mais cara da apólice", comentou.
 
Tributação
 
Para a corretora e empresária Lindelci Bessa o que ainda mantém muitas mulheres afastadas dos seguros são os preços que, além de altos, passam por reajustes anualmente.  Segundo ela, de cinco anos para cá os seguros tiveram reajuste de 50% a 60%.
 
Conforme a corretora, um dos grandes culpados pelo crescimento dos seguros foi a modificação do sistema de tributação, pela substituição tributária. De acordo com Lindelci, antes as empresas de seguro compravam peças para estocar e oferecer de forma mais rápida e barata para o segurado, uma vez que o imposto era pago apenas na venda final, para o consumidor.
 
Entretanto, como explicou, hoje a tributação onera severamente as empresas por ser cobrada também na compra da peça pela seguradora na fábrica. "Essa bitributação atrapalha as segurados a montar estoque. Dessa forma, além de demorar mais para atender às necessidades dos segurados, o preço ainda fica maior", ressaltou a corretora.
 
Pesquisa divulgada essa semana pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), ligada ao Ministério da Fazenda, comprovou a alta abordada por Lindelci. Conforme os dados, o setor de seguros em Goiás cresceu 16% nos últimos 12 meses. Segundo a pesquisa, o Estado é o oitavo do segmento, no Brasil, que acumulou R$ 2,13 bilhões desde o mês de janeiro deste ano.
 
Seguradas aprovam a necessidade do serviço
 
Thamyris Fernandes
 
Mesmo com os altos preços, a contratação de um seguro para o automóvel da administradora Andrielly Nunes, de 24 anos, nunca foi entendida como um desperdício de dinheiro. Segundo ela, quando comprou o carro, há três anos, já saiu da concessionária segurada. "Não tive dúvidas. Tenho amigos corretores que me ensinaram a escolher o melhor plano. Já saí de lá com o seguro completo e sem medo de ser lesada no trânsito", comentou.
 
Andrielly contou que já foi "salva" inúmeras vezes pelos serviços extras inclusos em seu seguro, como troca de pneus, reparos mecânicos, troca de lanternas, entre outros. No entanto, o momento que lhe foi mais útil ter um seguro foi quando bateram em seu carro de madrugada. "Eu estava voltando para casa sozinha, às quatro da manhã e bateram em mim. A pessoa fugiu do local sem me dar assistência alguma. Seu eu não tivesse o seguro teria ficado sem saber o que fazer. Mas o acionei e, em 40 minutos, tive toda ajuda que precisei. Além disso, fiquei com um carro reserva por quase um mês porque o meu ficou na oficina", relembrou.
 
A bancária Rayanne Negrão, de 25 anos, também não dispensa o seguro. Ela contou que mora sozinha em Goiânia e, como não sabe fazer alguns serviços, precisava ter um seguro que cobrisse tudo, desde trocas de pneus e para-brisa, até guincho 24 horas.
 
Além das facilidades que o plano oferece a ela, Rayanne contou que já foi poupada de pagar o conserto completo de uma moto. "No ano passado, quando fui atravessar uma avenida, um motoqueiro furou o sinal e bateu no meu para-brisa. Eu fiquei muito assustada e acionei o seguro para terceiros. O plano cobriu todo o conserto da moto do cara, que tinha ficado muito estragada, e não me cobraram um real por isso."

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