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Presidente da seguradora Zurich se demite

Fonte: Valor Econômico

Por Assis Moreira | De Genebra

Josef Ackermann, ex-presidente do conselho do Deutsche Bank, se demitiu inesperadamente ontem do comando da Zurich Insurance, alegando estar sofrendo pressões da família do ex-vice-presidente financeiro Pierre Wauthier, encontrado morto na segunda-feira.

Wauthier morreu em sua casa no sul da cidade de Zurique, em um caso que as autoridades estão encarando como provável suicídio - o segundo de um alto executivo em algumas semanas na Suíça, o que tem alimentado discussões sobre até que ponto a pressão enfrentada por grandes executivos no país tornou-se insuportável.
 
"A morte de Pierre Wauthier me chocou profundamente", disse Ackermann em comunicado. "Tenho razões para crer que a família [dele] espere que eu assuma parte da responsabilidade, mesmo que essas alegações sejam completamente infundadas. Para evitar prejuízos à reputação do grupo Zurich, eu peço demissão com efeito imediato."
 
O anúncio da morte de Wauthier e, agora, da saída Ackermann chamam a atenção para o momento que a Zurich atravessa. A nomeação de Ackermann como presidente do grupo em março do ano passado foi amplamente encarada como benéfica para a companhia. Mas os resultados do executivo no comando do grupo não vinham sendo animadores.
 
Ackermann, de 65 anos, retornou à Suíça em maio de 2012 para presidir a Zurich Insurance, depois de ter comandado o Deustche Bank durante dez anos, onde transformou o banco e chegou a ser eleito "banqueiro do ano" na Europa em 2009. Quando ele assumiu o comando da seguradora, jornais observaram que em Zurique alguns temiam a tendência do agora ex-banqueiro "querer mudar tudo".
 
Ackermann ficou conhecido por seu papel em ajudar a tornar o Deutsche Bank um dos maiores bancos de investimento do mundo. No ano passado, ele acabou sendo substituído pela dupla Anshu Jain e Jurgen Fitschen, em uma transição considerada por analistas como "desajeitada". Antes de assumir o comando da Zurich, especulava-se que o executivo pudesse ir para diferentes multinacionais suíças, incluindo o UBS.
 
A Zurich Insurance sofreu queda de 7% no lucro no primeiro trimestre, mas prometeu a investidores que atingiria as metas este ano. No entanto, o grupo teve que amargar outro declínio no resultado do segundo trimestre. No total, as perdas foram de 17% no primeiro semestre, em grande parte por causa de inundações na Europa Central. Analistas notam que a situação é diferente em concorrentes como o alemão Allianz e o francês Axa, que parecem mais confiantes em suas perspectivas. Antes de anunciar o resultados do primeiro semestre, a Zurich Insurance demitiu o subdiretor da divisão de seguro de vida, o americano Kevin Hogan. Outras mudanças importantes de diretores tinham ocorrido nos últimos meses.
 
Um porta-voz do grupo disse à imprensa suíça que não sabia de nenhum problema entre Ackermann e o diretor financeiro morto. As circunstâncias da morte de Wauthier, que ocupava a direção financeira da Zurich Insurance desde 2011, não estão ainda claras. Mas alimentou questionamentos sobre condições de trabalho onde os "top managers" seriam pressionados a superar seus limites.
 
Em julho, o mundo empresarial suíço tinha sido agitado com o suicídio do presidente-executivo da empresa de telecomunicações Swisscom, Carsten Schloter, caso que, segundo o "Tribune de Geneve", teria relação com suas tensas relações com o presidente do conselho de administração, Hansueli Loosli.
(Com agências internacionais)
 
 

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