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Desafio é resistir ao consumo hoje e economizar para o futuro

Fonte: Valor Econômico

Por Marcelo Pinho | Para o Valor, de Florianópolis
 
Helder Molina, presidente da Mongeral Aegon, aposta no ambiente digital para atrair clientes: "A empresa lançará este mês uma nova plataforma virtual".

Vencer a natural tendência do brasileiro para o consumo e forçar uma jovem geração a pensar em suas vidas para daqui a 30 anos. A missão é complicada e tem feito os fundos de pensão e seguradoras se desdobrarem na captação de usuários. Nesse esforço de comunicação com jovens da geração Y, a internet e redes sociais são grandes aliadas.

"Os jovens são imediatistas. Eles não costumam pensar num horizonte ideal para fundos de pensão que miram em 20, 30 anos para frente. Por essa razão é muito importante avaliarmos se estamos nos comunicando bem com essa geração. Nossa linguagem está adequada? Usamos corretamente as ferramentas?", questiona Magdarlise Germany, membro da comissão técnica nacional de comunicação e marketing da Abrapp.

Entre essas ferramentas não se discute que a internet tem um papel decisivo na educação financeira e na conscientização das novas geração de que é preciso poupar e que o fundo de pensão pode ser o canal certo para isso.

Segundo a pesquisa Raio-X das Entidades Fechadas de Previdência Privada, divulgada no Congresso da Abrapp em Florianópolis, as redes sociais tiveram destaque nas entidades que apresentaram melhores índices de participação dos usuários.

"Nós constatamos na pesquisa que as empresas públicas têm um nível de adesão de 88% e as privadas, de 64%. Claro que contam fatores, como renda e estabilidade, mas vemos algumas estratégias que algumas empresas usam e outras não que podem fazer diferença. No caso das entidades públicas, o uso de redes sociais é o dobro das privadas. Pode ter feito a diferença", diz Antônio Gazzoni, da Gama Consultores Associadas, um dos responsáveis pela pesquisa.

Segundo o superintendente de marketing da Icatu Seguros, Humberto Sardenberg, que atua em fundos de pensão, a principal aposta para reter e atrair novos participantes está na educação financeira e uma grande aliada dela são as ferramentas digitais. "O principal marketing é a educação previdenciária. Colocar esse assunto na cabeça do funcionário. Mas a audiência é complicada. Então, fizemos uma plataforma do conhecimento, com um simulador, jogos online, animações. Já tivemos mais de 500 mil visitas", relata.

Segundo Sardenberg, a Icatu oferece todas as ferramentas para as entidades de fundo de pensão se comunicarem com seus clientes. A empresa prepara as mensagens e entrega todo o material de comunicação para suas entidades clientes, que por sua vez envelopam as informações com suas marcas.

De acordo com Sardenberg, essa solução é muito bem vinda por entidades que optam por participar de fundos multipatrocinados. São empresas que querem terceirizar a operação de seu fundo de previdência e encontram na Icatu uma parceira para promover essa comunicação.

O executivo lembra que os desafios de marketing das instituições enfrentam também questões legais como a regulação, que força os planos a utilizar termos muitas vezes de difícil compreensão por um público jovem.

"O setor é muito regulamentado. Tem uma parte de disclaimers muito grande. Os jargões são complicados. Pecúlio. O que é taxa? O funcionário não entende muito bem. Para isso, é preciso adotar um discurso simples, de fácil compreensão", afirma.

A Mongeral Aegon também aposta no ambiente digital como forma de atrair clientes para os fundos de pensão. De acordo com o presidente da empresa, Helder Molina, a empresa lançará ainda este mês uma nova plataforma virtual onde os clientes poderão acompanhar todas as etapas do processo.

"É mais uma forma de alcançarmos o cliente moderno, acostumado com os meios digitais. Esse é um caminho que estamos trilhando. Acredito que tem um potencial enorme, quer seja para finalizar uma venda ou para informação. Uma forma de ensinar e despertar nelas a cobertura sobre riscos", diz.

Para Molina, o principal obstáculo está na questão cultural do brasileiro, que prefere pensar no hoje, em consumir. "É uma demanda natural do ser humano. É difícil fazê-lo pensar no longo prazo, daqui a 30 anos", diz.

Por outro lado, Magdarlise, da Abrapp, apresentou alguns números interessantes para mostrar um cenário mais favorável à previdência complementar. Segundo ela, pesquisas recentes realizadas pela entidade com os funcionários da CEEE mostraram que 66% dos entrevistados sentiam-se seguros para poupar e 80% tinham dívidas de longo prazo como a compra de um apartamento.

Apesar do cenário positivo, apenas 9% citavam o plano de pensão como uma possibilidade. "Muitos citam outros investimentos antes. Pode ser um sinal de que estamos tendo dificuldade para apresentar o plano", diz.

Segundo ela, a pesquisa indicou que 40% dos entrevistados ouvem a família para decidir seus investimentos. Para ela, esta é uma informação que deve nortear a política de comunicação das entidades. "Nós vimos que o público tem produto de investimento. Ele está poupando, mas não no fundo de pensão. Então temos de reavaliar nossas estratégias de comunicação. Simplificar as informações", diz.
 
 

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