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Seguradoras: cenário favorável no segundo semestre

Fonte: Monitor Digital

ANÁLISE SETORIAL

Seguradoras: cenário favorável no segundo semestre

Depois de um primeiro semestre morno, as principais seguradoras projetam a entrega de resultados melhores no decorrer deste ano. O recente aumento nas taxas de juros deve contribuir para que as companhias do setor busquem receitas financeiras mais altas, já que muitas delas aplicam os recursos dos prêmios em títulos de renda fixa.

Ao mesmo tempo, espera-se um aquecimento da atividade econômica no segundo semestre deste ano, o que deve beneficiar especialmente as empresas que atuam no segmento de seguros para veí­culos, caso da Porto Seguro.

Hoje, os prêmios acumulados pelas seguradoras correspondem a não mais do que 3,2% do PIB brasileiro. O índice é significativamente mais baixo do que a média dos demais países do mundo, onde os prêmios das seguradoras equivalem a 6,6% do PIB. Isso sugere que há um amplo potencial de expansão do setor no Brasil.

Mas também coloca o país no centro das atenções das grandes multinacionais, o que pode acirrar a competição e comprimir as margens de rentabilidade das companhias já estabelecidas por aqui.
 
 
Ações
 
 
No acumulado do ano, as companhias com melhor desempenho são aquelas que oferecem seguros para veí­culos, casos de BB Seguridade e Porto Seguro. Os analistas apontam que o segmento auto ainda está aquecido e oferece boas condições de demanda, controle de preços e de sinistralidade.

O cenário é diferente para a SulAmérica, que atua no segmento de saúde. A inflação médica, combinada com a intervenção frequente do governo na formação de preços do setor, sugere um cenário difí­cil para a empresa, não por acaso, é dela a ação com maior queda acumulada no ano.
 
 
Opinião
 
 
De acordo com Pedro Zabeu, analista do setor de Saúde do Banco Fator, o cenário do setor vinha se mostrando desafiador entre 2011 e o iní­cio de 2012. "Tivemos uma grande entrada de seguradoras estrangeiras no Brasil, o que levou os preços para baixo e pressionou fortemente a sinistralidade", disse.

Nesse período, a taxa de juros também caiu, o que prejudicou os ganhos financeiros das seguradoras que aplicam em títulos de renda fixa. Nesse cenário, as seguradoras precisam vender apólices mais caras e controlar a sinistralidade.

A Porto Seguro, a elasticidade-preço é menor. Quando o preço das outras marcas sobem, o cliente migra para a Porto Seguro. Justamente por isso, ela teve o melhor resultado da sua história no ultimo trimestre. O cenário para ela é realmente positivo.

A SulAmérica tem uma tendência sazonal muito clara. O pior momento dela é sempre o primeiro semestre, especialmente durante o segundo trimestre. O grosso de reajuste de preços ocorre no segundo semestre, quando ela corrige a diferença entre custos e receitas. Estes são os melhores períodos dela.

De acordo com o analista, para as seguradoras que atuam em saúde, como ela, a dinâmica é diferente. Primeiro, porque há a intervenção do governo, inclusive nos preços de planos individuais. Isso, somado à  inflação médica, aumenta os custos de sinistros das seguradoras e coloca um grande desafio à  frente delas. A sinistralidade do segmento saúde é maior que a de auto, e menos previsível.

Já a BB Seguridade é um mercado totalmente diferente, segundo Zabeu. A distribuição bancária a protege da competição com outras seguradoras. Só quem é associado ao banco consegue acessar o produto, que é muito casado com o crédito e com o seguro prestamista, e tem um ticket médio muito baixo, que não condiz com o do distribuidor independente. Esse tipo de seguro vai crescer muito, e com rentabilidade muito forte.

Por fim, a BR Insurance é um case um pouco mais complexo. É uma empresa que cresce por meio de aquisições. O mercado de corretores independentes ainda é muito pulverizado e a companhia está aproveitando isso.

O que se pode dizer é que, historicamente, ela consegue bons preços nos negócios adquiridos. Entretanto, ela tem ficado abaixo do mercado e tem desapontado no crescimento dos prêmios de seguros que negocia. No geral, o analista nâo pode falar em recomendações, mas indicou que a perspectiva é positiva.

Bruno Gonçalves, analista da Wintrade, indicou que o seguro tem uma penetração ainda baixa no Brasil. Isso sugere que há uma boa margem de crescimento do setor como um todo. Mas é preciso analisar cada caso separadamente.

O setor de seguros para automóveis, por exemplo, tem penetração boa, mas vem crescendo. Espera-se um aumento no número de veículos vendidos. Mas, para as empresas de bolsa, isso não significa necessariamente um crescimento no número de apólices. Isso porque temos visto cada vez mais empresas chegando nesse setor.

Já em saúde tem desacelerado. Espera-se um aumento da taxa de desemprego em breve e, por isso, acredita-se em um cenário mais desafiador para esse segmento, que trabalha com a formalização de trabalho. É uma coisa para se ficar atento.

Uma variável importante diz respeito aos juros, destaca. Geralmente, as seguradoras ficam com muito dinheiro parado, e aí aplicam esse dinheiro em renda fixa para não se expor ao risco. Usam muito CDI. Agora, com aumento da taxa de juros, com o aperto monetário continuando, pode ser que as seguradoras melhorem seu resultado financeiro. Antes, com os juros mais baixos, a pressão da concorrência havia aumentado.

A Porto Seguro tem a questão de estar junto com o Itaú, o que permite a ela alavancar canais de distribuição onde o cliente pode contratar o serviço da Porto Seguro utilizando as agências do Itaú. Ela cobra mais caro, mas oferece benefí­cios como oficina, treinamento, outros benefí­cios que fazem retenção dos clientes. A BB Seguridade não tem o mesmo conceito, mas, comercialmente, funciona da mesma maneira: está disponí­vel em diversas agências do Banco do Brasil. Isso dá a ela grau de capilaridade muito maior para atingir seus clientes. Gonçalves também não faz recomendações.

Andreas Muller - Redacao@acionista.com.brà

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