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Sistema interno de proteção deve acompanhar seguro patrimonial

Fonte: Valor Econômico

Por Márcia Pinheiro | Para o Valor, de São Paulo
 
                             Neival Freitas: ênfase na busca por sistemas de proteção internos.

Gerenciamento de riscos é a palavra-chave para as empresas, senão para eliminá-los, ao menos para buscar sua mitigação. Contratar um seguro patrimonial é uma forma de transferir riscos. "A ênfase é buscar sistemas de proteção internos, após a seguradora fazer uma extensa inspeção na empresa, para mapear suas vulnerabilidades", diz o diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Neival Freitas.

Para evitar surpresas desagradáveis, diz Saint Clair Pereira Lima, diretor técnico atuarial da Bradesco Auto/Re, é preciso investir em treinamento, que podem variar desde cursos de segurança patrimonial para porteiros de condomínio, cursos de combate a incêndios para formação de brigadistas, que vão agir nos princípios de incêndios, planos de emergências para os riscos industriais e contratação de empresas de gerenciamento de riscos de transportes.

"Outro ponto importante para minimizar as perdas são os sistemas eletrônicos de monitoramento, tais como circuitos internos com gravação de imagens, sistemas de rastreamento de veículos", afirma Lima. Segundo ele, os sistemas de combate a incêndios automáticos também são fundamentais, entre eles encontramos os sistemas de sprinklers e sistemas fixos de gases (com ação extintora). Dependendo do tipo de atividade também são importantes os sistemas de espuma e de detecção de fumaça e de calor. Finalmente, é fundamental o seguro adequado para cada risco, após análise criteriosa do que se deseja segurar. No entanto, há setores da economia que encontram dificuldade em assimilar esta cultura.

"A indústria têxtil, os supermercados e os armazéns logísticos, por uma questão de falta de cultura de seguros, ainda não conseguiram absorver essa necessidade", diz Luis Alberto Mourão, diretor de Riscos Comerciais e Industriais da SulAmérica. Segundo ele, muitos parques industriais não estão aparelhados com equipamentos protetores contra incêndio, inundação e granizo, por exemplo.

Para Mourão, há quatro pontos básicos a se analisar antes da contratação do seguro. Primeiro, deve-se avaliar as características da atividade econômica - cada uma demanda uma proteção específica. Segundo, os fatores da construção das unidades, para se checar as vulnerabilidades da planta. Terceiro, mapear as proteções mais adequadas, como extintores ou brigadas de incêndio. Por último, deve-se estar especialmente atento ao elemento humano, que precisa ser muito bem treinado.

Este último ponto também é enfatizado pelo diretor de Risk Management da Marsh Brasil, Eduardo Takahashi, e pelo líder da Prática de Property da companhia, Thomas Andersson. "A mudança de comportamento começa no chão da fábrica", diz Andresson. "De nada adianta ter um carro blindado, se a pessoa anda de vidro aberto." Segundo ele, nada menos do que 80% dos sinistros de incêndio nos Estados Unidos são fruto de desatenção de funcionários. Ou seja, a lição a ser aprendida é "house keeping", ou cuidar bem da casa.

Andersson e Takahashi também apontam para a necessidade de seguros diferenciados, em função do avanço da tecnologia. Com a proliferação de empresas "start ups", as proteções mudaram, sobretudo em função da atuação dos "hackers". "Quando achamos que descobrimos todos os riscos, vem o crime organizado e sabota o seguro. Por isso, precisamos sempre estar dispostos a aprender e a renovar", afirma Takahashi.

Outro ponto fundamental, diz Mourão, da SulAmérica, é a fiscalização do poder público. Ele cita dois exemplos. O incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, que matou centenas de jovens, é um caso clássico de ausência dos poderes para coibir ilegalidades. Outro é o roubo de cargas, dominado pelo crime organizado. "A fiscalização deveria ser muito mais rígida."

Para Felipe Smith, diretor-técnico de Corporate da Tokio Marine, depois de uma fase de alto crescimento do país, somente agora os empresários estão cuidando do gerenciamento de riscos. "Ainda é comum estoques acondicionados em armazenagem inadequada", diz. Por isso, observa, houve um crescimento expressivo de incêndios de médio e grande portes. Isso sem contar que muitas empresas nem sequer têm uma brigada de incêndio bem treinada. Outro ponto é o roubo de cargas. A Tokio tem um sistema de acompanhamento de rotas e locais de parada do caminhão. A qualquer sinal de desvio, a polícia é acionada.

Na visão de Hélio Novaes, CEO da MDS Seguros no Brasil, mapeamento dos riscos do contratante do seguro envolve entender a natureza da atividade, a extensão do risco e a responsabilidade ambiental. Novaes lembra que muitas empresas abriram o capital e sentiram a necessidade de adquirir um seguro de responsabilidade civil dos executivos. O seguro D&O protege os gestores de empresa. Evita que executivos ponham em risco o patrimônio pessoal, em ações judiciais. Também aumentou a procura por seguros para funcionários, como previdência complementar, seguro-viagem, além de zelar pela saúde dos empregados, para que sejam reduzidas as taxas de absenteísmo no trabalho.
 
 

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