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American vai pagar por atentado

Fonte: Valor Econômico

Por Larry Neumeister | AP
 
A empresa de serviços financeiros Cantor Fitzgerald, que perdeu dois terços de seus funcionários nos atentados de 11 de setembro de 2001 - quando dois aviões sequestrados por terroristas derrubaram as duas torres do World Trade Center, em Nova York - fechou um acordo e vai receber US$ 135 milhões da American Airlines e seguradoras da companhia área.

O juiz federal de primeira instância Alvin K. Hellerstein, informado pela Cantor, disse, na terça-feira, que o acordo (fechado na semana passada) põe fim ao último processo envolvendo aviões, acusações de morte e ferimentos criminosos relacionados ao maior atentado terrorista já sofrido pelos EUA, no qual 3 mil pessoas morreram.

Hellerstein elogiou os advogados da Cantor e da American Airlines, dizendo ter chegado a pensar que não seria possível chegar a um acordo. (Em 2004, quando a Cantor iniciou o processo na Justiça, o valor pedido era de US$ 945 milhões. segundo a Bloomberg.)

Hellerstein, que tem em mãos várias ações envolvendo o atentado ao WTC, observou que alguns processos referentes ao 11 de setembro continuam em tramitação, entre os quais acusações envolvendo o WTC, o incorporador Larry Silverstein, os socorristas e outros.

O acordo entre Cantor e American evitará um julgamento que havia sido marcado para janeiro. Isso significa que não serão discutidas, na Justiça, questões sobre: como terroristas conseguiram passar pelos controles de segurança antes de sequestrar aviões; qual a melhor maneira de deter terroristas; se houve mesmo delito e negligência; e qual seria a melhor forma de preservar as liberdades individuais em meio a ameaças desse tipo, disse Hellerstein. "Tudo isso continuará sendo um mistério", disse o juiz.

Qualificando o acordo como uma conclusão importante após anos de litígio, que resultaram em um grande número de acordos e em nenhum julgamento envolvendo as companhias aéreas, o juiz declarou: "Esperamos que o que foi conseguido tenha sido uma medida de justiça, uma medida de reparação e de encerramento [da questão]". Ressalvou: "Mas as vidas perdidas são irreparáveis, e, sendo irreparáveis, não há palavras agora para descrever essa perda".

O acordo foi anunciado por John Stoviak, advogado da Cantor, que disse que o dinheiro de várias seguradoras está depositado em garantia e pronto para ser entregue, após aprovação formal do tribunal, em 13 de janeiro ou depois.

Howard W. Lutnick, CEO da Cantor, cujo irmão Gary Lutnick morreu no atentado ao WTC, disse em nota na terça-feira: "Para nós, não há como descrever esse acordo com palavras inapropriadas como comum, justo ou razoável. Tudo o que podemos dizer é que a formalidade legal dessa questão terminou".

A Cantor Fitzgerald perdeu 658 pessoas de sua equipe de Nova York, de mil funcionários, quando sua sede, do 101º ao 105º andar da torre um do WTC, foi destruída por um avião. Howard Lutnick não estava no escritório.

Anthoula Katsimatides, que perdeu seu irmão, o corretor de bônus John Katsimatides, disse estar "desalentada" de ouvir que o processo foi encerrado com acordo, em vez de ir a julgamento. "Teria sido bom cobrar responsabilidade das pessoas" por questões como segurança, disse ela, que não estava descontente com a Cantor Fitzgerald. "Estou tão confiante de que eles [a empresa] sempre pensa nos interesses de suas famílias que sofreram no 11 de Setembro... deve haver um motivo para eles terem feito acordo", disse.

Um porta-voz da American Airlines, sediada em Fort Worth (Texas), disse em comunicado que a companhia tinha "se defendido vigorosamente no contencioso movido contra ela por proprietários de imóveis e suas seguradoras, que alegam que a American [Airlines] deveria ter feito o que o governo não conseguiu fazer: impedir os atentados terroristas". O porta-voz, Sean Collins, observou também que "os corajosos membros da tripulação e passageiros do Voo 77 e do Voo 11 foram todos vítimas dos atentados terroristas".

A Cantor Fitzgerald aumentou drasticamente seu quadro de funcionários nos meses que se seguiram aos atentados a partir da baixa recorde de contingente, de 150 funcionários. A empresa tem agora 3,2 mil funcionários em Nova York e aproximadamente 8 mil no mundo inteiro, incluindo-se os funcionários de uma empresa desmembrada, a BGC Partners. (Tradução de Rachel Warszawski)
 
 

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