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Consumidor busca cada vez mais seguro para smartphone

Fonte: Valor Econômico

Por Daniele Madureira e Gustavo Brigatto | De São Paulo
 
Gislaine Rocha e o filho Pedro: contratação de seguro após o garoto ter perdido cinco celulares em cinco anos.

A troca de um celular por ano nos últimos cinco anos, seja por perda ou roubo do aparelho, coloca o adolescente Pedro Rocha, de 17 anos, em destaque entre os jovens que são vítimas desse tipo de incidente. Há dois anos, ao substituir o terceiro celular, a mãe do garoto, Gislaine Rocha, decidiu contratar um seguro. A atitude, pouco comum à época, valeu a pena, pois dois novos modelos - o último deles um iPhone 4S - já foram comprados com o pagamento do seguro. "A meninada usa muito e quer sempre ter um aparelho melhor. E quem tem aparelho de ponta precisa ter seguro", diz Gislaine.

A busca por segurança para usar e exibir um smartphone novo - cujas vendas mais do que dobraram neste ano, para 35 milhões de unidades, segundo a consultoria IDC - tem levado cada vez mais usuários a contratar um seguro. Não são apenas os donos de aparelhos de alto valor, como o iPhone 5S, com preço acima de R$ 3 mil, que procuram proteção. Segundo algumas das principais seguradoras do país ouvidas pelo Valor  - Zurich, Bradesco, Banco do Brasil e Mapfre, além das corretoras virtuais Minuto Seguro e Segurar.com -, é cada vez mais comum a venda de planos para celulares a partir de R$ 1 mil.

O custo do seguro, com cobertura de um ano, pode chegar a um quarto do preço do aparelho. Em algumas seguradoras, há a possibilidade de renovar a apólice por mais um ano. Dependendo da modalidade contratada, o consumidor conta com reparo do aparelho, em caso de dano por queda, ou reposição, em caso de furto ou roubo. Para ter direito à cobertura é preciso pagar uma franquia - o mínimo é R$ 150 - que também pode chegar a 25% do preço do aparelho.

Não há dados específicos sobre a contratação de seguros para smartphones na Superintendência de Seguros Privados (Susep). Esse produto está incluído na categoria de seguros massificados, vendidos em lojas de varejo. Mas quem oferece essa cobertura diz que tem obtido bons resultados.

"Cerca de 30% dos smartphones e tablets vendidos nas lojas da Vivo já saem com seguro", afirmou o diretor de serviços digitais da Telefônica/Vivo, Maurício Romão. Segundo ele, essa taxa de adesão é o dobro da média histórica de contratação de seguro para celulares comuns. Neste ano, a Vivo fechou uma parceria com a Zurich Seguros para a oferta de Multiproteção, uma cobertura contra furto e roubo, mais danos materiais acidentais e imersão em líquidos. O diferencial desse seguro, diz Romão, é que o cliente pode substituir o aparelho dentro do plano de 12 meses. "Com a boa adesão aos planos de seguro, decidimos lançar, no ano que vem, a garantia estendida por 12 meses, além da oferecida pelo fabricante", afirmou.

A concorrência está atenta a esse movimento. A Oi informou ao Valor que planeja iniciar a oferta de seguro para smartphones e tablets nas suas lojas no ano que vem. A TIM, que oferece o seguro em suas lojas em parceria com a Assurant, informou que a demanda pelo serviço cresceu 151% em 2013. O diferencial, diz a tele, é que o seguro é mensal e o cliente pode cancelar quando quiser.

O potencial de mercado chamou a atenção da Bradesco Seguros. Depois de fechar uma parceria com a Tokio Marine , no fim de 2012, para explorar a venda de seguros para smartphones e tablets, a Bradesco começou a oferecer o próprio diretamente, há três meses. "É um seguro com forte apelo de vendas entre os produtos massificados", disse Regina Simões, diretora da Bradesco. A seguradora atende a varejista Máquina de Vendas, que reúne as redes Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar, Eletro Shopping e Salfer.

Na Fnac, dona de 11 lojas no país e especializada em produtos de tecnologia de ponta, cerca de um terço dos smartphones e tablets é vendida com seguro. De acordo com a varejista, a demanda cresceu mais de 300% neste ano. O parceiro da Fnac, grupo Banco do Brasil e Mapfre, registrou R$ 16 milhões em venda de seguros contra roubo e furto de eletroeletrônicos em 2013 ante R$ 4,5 milhões no ano anterior. Desse total, 85% se referem a smartphones e tablets, informou Nikolaos Tetradis, superintendente de seguros especiais do grupo.

"A faixa de seguros mais vendida é a de aparelhos que custam entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil", disse Tetradis. Segundo o executivo, a contratação do seguro é verificada em diferentes camadas sociais. O consumidor da classe C que comprou um aparelho caro faz questão que ele esteja assegurado para evitar riscos, afirmou.

De acordo com Tetradis, o grupo BB e Mapfre (que fechou uma fusão há três anos) pretende iniciar a oferta de seguros para aparelhos usados a partir do ano que vem. O grupo já iniciou um projeto-piloto com a seguradora virtual Segurar.com. Nesse caso, o seguro vai proteger celulares que estejam a dois meses do fim da garantia com o fabricante. O projeto-piloto envolve outros dispositivos móveis, como smartphones, câmeras fotográficas, notebooks e tablets.

Por meio de corretoras on-line, como a Minuto Seguros e a Segurar.com, é possível proteger aparelhos novos e também modelos com até um ano de uso. Basta ter a nota fiscal. Renato Spadafora, diretor de operações da Segurar.com, diz que já há um volume de contratações de proteção para smartphones diário no site e a expectativa é que esse negócio se torne bastante relevante. "Há uma demanda muito grande e pouca oferta dessa modalidade de seguro", diz.

Para Marcelo Blay, diretor da Minuto Seguros - que vende apólices da Porto Seguro -, os consumidores estão começando a perceber a necessidade de ter um seguro para seus telefones, o que reduz a necessidade de investir na divulgação desses produtos. "Todo mundo conhece uma história de alguém que teve o celular roubado", afirma.

A Zurich acaba de iniciar a oferta de seguro para aparelhos com até dois anos de uso. "A busca pelo seguro de smartphone novo ou usado é intensa, principalmente nos grandes centros urbanos", afirmou Juliana Capuchinho, gerente de negócios massificados da Zurich. Além da venda nas lojas da Vivo, a empresa oferece o produto a varejistas. Entre 2012 e 2013 foram vendidas 40 mil apólices, afirmou Juliana. "Só no seguro contra roubo e furto qualificado, verificamos um crescimento de 50% este ano, em relação ao ano passado", disse.

A Porto Seguro foi procurada pelo Valor, mas informou, por meio da sua assessoria, que está reformulando o produto.
 

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