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Companhias ampliam cobertura para alta renda

Fonte: Valor Econômico

Por Danylo Martins | De São Paulo

 Bento Zanzini, diretor de seguro de pessoas do BB Mapfre: tratamento especial, como exames na casa do cliente

Quanto maior o leque de coberturas, melhor. Com o objetivo de atrair clientes de alta renda dispostos a pagar caro por seguro de vida, as seguradoras vêm ampliando a cesta que compõe seus produtos. O movimento não é recente, mas nos últimos anos houve um aumento de novidades para o segmento private. A Mongeral Aegon tem uma linha de produtos específica para esse tipo de cliente, cobrindo capitais que variam de R$ 2 milhões a R$ 10 milhões. As alternativas vão desde o tradicional seguro individual, que ajuda no planejamento sucessório oferecendo liquidez na hora de transmitir o patrimônio familiar, até um plano com foco na sucessão empresarial.

O seguro Partner é destinado à compra da participação dos herdeiros na empresa, no caso de falecimento de um dos sócios. A operação direciona os recursos diretamente para os sócios remanescentes ou para a empresa, que comprará a fatia correspondente ao sócio falecido. "É comum encontrarmos pessoas que têm o próprio negócio. Por isso, a preocupação também é com a sucessão da empresa", diz Leonardo Lourenço, superintendente de marketing da Mongeral Aegon. Isso acontece, principalmente, quando os herdeiros não têm competência ou vontade de assumir o bastão.

"Estudamos bem a família para definir o seguro adequado para ela", conta Sidney Calligaris, diretor comercial da Prudential Seguros, que oferece apólices de até R$ 15,8 milhões. Na prateleira de planos da empresa, há opções como um produto que mescla uma espécie de fundo de investimento com seguro de vida durante um prazo específico. Entre as coberturas opcionais oferecidas pelo seguro dotal misto, existe a opção de receber uma renda mensal para cobrir despesas do dia a dia. O dotal também tem uma versão desenhada para quem tem filhos. Neste caso, o plano funciona como um plano de previdência para acumular recursos que serão usados no futuro.

Com um teto de capital segurado também de R$ 10 milhões, o grupo segurador BB Mapfre (Banco do Brasil e Mapfre) busca construir uma relação próxima com os endinheirados. "Quando os valores são maiores, há todo um tratamento especial, com exames feitos na casa do cliente, apoio psicológico para a família quando o ente falece", afirma Bento Zanzini, diretor de seguro de pessoas. Segundo ele, o conjunto de serviços "extras" foi ampliado a partir de situações que surgiram de nichos e necessidades específicas.

Mais comum e conhecida, a cobertura de doenças graves é outro serviço que as empresas ofertam, tanto dentro dos planos individuais, quanto à parte, com custo adicional. É o caso da HSBC Seguros, seguradora do HSBC, cuja carteira de 300 mil clientes conta com 1% desse montante com apólices acima de R$ 1 milhão. "Praticamente 70% dos clientes optam por essa cobertura, principalmente os segurados que possuem maior renda", afirma o diretor Alfredo Lalia. Outro benefício é o seguro viagem, sem custo adicional e válido para despesas médicas e emergências em países da Europa.

A procura por seguro como uma forma de acumular recursos e o aumento de renda impulsionaram o mercado, estimulando a oferta de produtos cada vez mais personalizados. Segundo levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), o seguro de vida é a modalidade de seguro de pessoas com maior arrecadação de prêmios. A carteira movimentou R$ 906,8 milhões em outubro, crescimento de 18,1% em relação ao mesmo mês no ano passado.

Na hora de contratar um seguro milionário, uma gama enorme de serviços não significa necessariamente um benefício. Do ponto de vista financeiro, vale a pena olhar para a carteira de investimentos, principalmente se o portfólio for sofisticado, com ativos de alta liquidez. "Se a pessoa já tem um patrimônio formado, não vale tanto a pena ter um seguro. Nesse caso, o seguro seria um 'patrimônio a mais'", diz Osvaldo do Nascimento, presidente da Fenaprevi. Na prática, o seguro faz mais sentido para quem está na fase de acumulação de patrimônio. "Quanto antes a pessoa contratar, mais barato ela vai pagar", afirma Gisele Rodrigues, responsável técnica pela área de seguro de pessoas da Proteste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor.

Cabe lembrar também que um seguro oferece rapidez e praticidade no momento da transmissão patrimonial para os herdeiros. "Uma das vantagens é que a indenização do seguro não entra no inventário. O titular do seguro arbitra percentuais para quem o dinheiro vai ficar quando ele falecer", diz Cesar Saut, vice-presidente para a região Sul da Icatu Seguros, que oferece apólices de até R$ 5 milhões.

Para Thiago Sampaio, planejador financeiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), não basta comprar um seguro de vida pelos serviços adicionais ou pela vantagem nos trâmites do inventário. "O que define a contratação é a expectativa do cliente: 'quanto vou querer deixar para minha família'. Normalmente, as pessoas de alta renda têm o apoio do serviço de private banking nos processos de inventário", explica. "Vamos supor que você tenha um patrimônio de R$ 10 milhões e o chefe da família falece. O seguro precisa garantir, no mínimo, 15% desse patrimônio."

De acordo com o consultor Augusto Saboia, os gastos com advogado e com inventário podem abocanhar uma fatia expressiva do patrimônio e justificam a opção por um seguro. "Para quem tem posses, o seguro de vida é fundamental, porque também é livre de impostos. Mas é preciso ter um planejamento para contratá-lo", afirma o especialista. "Esse instrumento pode ser usado para cobrir as despesas póstumas, que costumam consumir muito do patrimônio."

Assim como na seleção de produtos de investimento, a boa e velha pesquisa não pode ser deixada de lado. "É importante conhecer as opções de seguro oferecidas pelas diferentes empresas. Uma dica é contar com um corretor para ajudar nessa escolha. Ele consegue ter uma visão melhor do que cada empresa oferece. Há coberturas que não podem faltar e são básicas, como invalidez por acidente", diz Gisele, da Proteste. Ela recomenda, ainda, que o contrato do seguro seja lido na íntegra para verificar se os serviços cobertos estão de acordo com o perfil do cliente.

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