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Seguradoras desprezam o comércio exterior

Fonte: Aparecido Mendes Rocha

A corrente de comércio, soma das exportações com importações que mede o aumento dos negócios do Brasil com o exterior, registrou US$ 481,8 bilhões em 2013, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As exportações alcançaram US$ 242,2 bilhões e as importações US$ 239,6 bilhões. O resultado do ano mostrou um crescimento de 2,6% em relação a 2012 e ficou dentro do intervalo das expectativas das instituições de mercado.

O Brasil é a sétima maior economia do mundo, mas, em termos comerciais, exporta e importa muito pouco. O país ocupa apenas a vigésima terceira posição entre os países exportadores e a vigésima primeira entre os países importadores, de acordo com o ranking mundial de 2012 publicado pelo The World Factbook. Mesmo assim, a corrente de comércio brasileira se destaca pelo desempenho expressivo de 300% verificado nos últimos dez anos.

Entre as diversas atividades ligadas ao comércio exterior, está o seguro de transporte internacional, um ramo de seguro diferenciado, sofisticado e, sobretudo, rentável, mas lamentavelmente esquecido pelas companhias de seguros que preferem concentrar seus investimentos em seguros populares e massificados, que são muito maiores e apresentam receitas mais rapidamente. Em 2012, o ramo de seguro de transporte internacional produziu no Brasil R$ 544 milhões em prêmios de seguros, o que representou apenas 0,42% da totalidade dos prêmios arrecadados em seguros naquele ano (R$ 129 bilhões). Esta cifra que praticamente se manteve em 2013 e certamente se repetirá este ano, não corresponde com a potencialidade do comércio exterior, e muito menos às dimensões da economia do país. Um dos principais motivos para uma participação tão inexpressiva é a falta de investimentos no segmento e de ações que elevem a cultura do seguro e mostrem seus benefícios aos importadores e exportadores.

Propagandas bem elaboradas sobre seguros pessoais, automóveis, vida, previdência e planos de saúde são comuns, mas jamais se vê algo midiático sobre o seguro de transporte internacional. As seguradoras ainda não enxergaram as oportunidades do setor, que caminha para se tornar um dos principais focos do desenvolvimento do país.

Se por um lado os importadores e exportadores contratam pouco seguro, por outro, as seguradoras nada fazem para mudar este quadro. Há uma infinidade de mercadorias transportadas sem seguro por fazer parte de uma lista sem aceitação das seguradoras, mas poderiam ser seguradas com coberturas diferenciadas e vinculadas a planos de gerenciamento de riscos adequados à sua natureza e viagem. Outros transportes também poderiam ser cobertos, como para exportações com outros termos de Incoterms além de CIF/CIP, e para pequenos importadores e exportadores que praticamente realizam suas operações de compra e venda sem seguro. Para a distribuição de novos produtos, é imprescindível o engajamento dos corretores de seguros especializados no segmento, tendo em vista sua experiência com as peculiaridades do comércio internacional.

A manutenção do ramo de seguro de transporte internacional se deve, em grande parte, aos programas mundiais de seguros e aos poucos corretores que bravamente trabalham neste segmento. As seguradoras criaram uma espécie de ciranda de negócios, onde uma toma cliente da outra, apenas reduzindo taxa e provocando um rodízio de segurados, uma pratica lesiva a elas próprias e que só serve para diminuir o mercado de seguros de transportes.

Com os anunciados investimentos do governo brasileiro no comércio exterior e com o comportamento favorável das economias do mundo, este setor não deveria ficar fora do radar das companhias de seguros.

Aparecido Mendes Rocha é corretor de seguros especializado em seguros internacionais

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