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Seguradoras voltam a aplicar reservas em títulos públicos

Fonte: DCI

SÃO PAULO - Os sucessivos aumentos da taxa básica de juros, a Selic, promovidos pelo Banco Central (BC) desde abril do ano passado estão promovendo uma mudança no perfil de alocação das reservas financeiras das seguradoras. Os títulos de dívida pública, e outros produtos de renda fixa atrelados a Selic, voltaram a ganhar peso nos investimentos em detrimento de alocação no mercado acionário.

"Os sucessivos aumentos da Selic deslocaram investimentos de renda variável e de fundos imobiliários para títulos de dívida pública. Uma vez que temos uma rentabilidade estável e com muito menos risco para a operação, principalmente se atrelado a Selic", afirmou o diretor executivo financeiro da Marítima Seguros, Sven Robert Will.

Se por um lado isso é positivo para as empresas de seguro, por outro também impacta na demanda por produtos. "Pensando somente na carteira de investimentos é positivo. Porém, como isso pode afetar a atividade econômica no País, não é algo favorável para o crescimento do seguro e dos resultados operacionais", afirmou Sven.

Para o professor do Ibmec-RJ, Mauro Rochlin, o processo de migração para o mercado de renda fixa é natural em um cenário de aumento de juros. Isso se intensifica principalmente quando o mercado começa a perceber que as altas são um processo de longo prazo e que as taxas ficaram em um patamar elevado longo período, o que garanta um bom retorno e previsibilidade do retorno que será auferido.

"Toda vez que o mercado financeiro percebe que o Banco Central está com um viés de longo prazo de alta na taxa básica de juros ele começa a migra investimentos para a renda fixa. É isso que está acontecendo com as seguradoras e a aplicação de suas reservas financeiras", afirmou o docente do Ibmec-RJ.

Ainda de acordo com Mauro, esse deslocamento deverá ocorrer com grande parte dos investidores institucionais ou pessoas físicas. "Quando sobe a Selic, a rentabilidade dos títulos de dívida pública aumenta. É natural, portanto, que os investidores deixem negócios mais arriscados, como o mercado acionário, e muitas vezes menos rentável, por um com maior retorno e seguro", analisou o professor.

Outro elemento que está jogando as seguradoras e os investidores para a renda fixa é o desempenho do mercado acionário. O principal índice da BM&FBovespa, o Ibovespa, encerrou o ano com queda acumulada de 15,5%, ante alta de 7,4% em 2012, o pior desempenho de 2013 entre os principais índices globais. O índice norte-americano Dow Jones teve ganho anual de cerca de 26%, e o europeu FTSE 300, de 16%.

Ao longo de 2013, a Bovespa apresentou fortes oscilações, provocadas pela volatilidade do mercado internacional diante da expectativa de que o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) reduzisse os estímulos à economia americana. Também influenciaram negativamente o Ibovespa as perdas de companhias de peso, como a OGX, a petroleira de Eike Batista, que entrou com pedido de recuperação judicial no final de outubro do ano passado e mudou de nome para Óleo e Gás; e a Petrobras, pressionada pela defasagem do preço da gasolina.

"O principal fator inibidor para as seguradoras investirem no mercado de capitais é a volatilidade e o risco de crédito mais severo que outros investimentos, o que é desfavorável ao objetivo de proteger o capital dos acionistas", afirmou o diretor executivo da Marítima Seguros.

"Se a Bovespa estivesse apresentado um bom resultado, os investidores poderiam até pensar duas vezes antes de correr para a renda fixa. Mas o resultado do ano passado e as perspectivas para 2014 no mercado acionário faz com que se prefira um investimento mais seguro", afirmou Mauro Rochlin.

O próprio presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, prevê dificuldades para 2014. "Será um desafio termos volumes que tivemos em 2013 no mercado de ações", disse o executivo para uma agência de notícias. "Se tivermos volume de IPOs [ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês] semelhante ao de 2013, está ótimo", acrescentou.

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