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Seguradora do Itaú perde executivos

Fonte: Valor Econômico

Por Thais Folego | De São Paulo

Enquanto o processo para o Itaú se desfazer de sua seguradora de grandes riscos já dura quase cinco meses, a empresa sofreu algumas baixas importantes em seu primeiro escalão. Foram os casos de Mário Bicalho, que era diretor de sinistros da companhia e foi para a Argo Seguros, e Vanderlei Ravazzi, diretor de subscrição da seguradora do Itaú que assumiu a diretoria técnica da Axa, seguradora francesa que aguarda autorização da Susep para começar a operar no país.

Bicalho era considerado um executivo-chave, porque o profissional responsável pela área de sinistros é quem domina todos os riscos do passivo de uma seguradora. No caso de Ravazzi, a contratação causou um certo desconforto nos concorrentes, porque a Axa participa da disputa pela seguradora do Itaú. Como as conversas com o executivo começaram antes da entrada da Axa na concorrência, isso foi informado na assinatura do acordo de confidencialidade e não houve problemas.

Diante desse quadro, a seguradora do Itaú lançou há cerca de duas semanas um plano agressivo de retenção de funcionários. Executivos de nível gerencial que ficarem até a venda da companhia receberão um bônus semestral a mais. Para funcionários de nível não gerencial, a oferta é de um salário adicional até o fechamento do negócio. Procurado pelo Valor, o Itaú não comentou as informações.

A saída de executivos era um problema com o qual a companhia raramente tinha que lidar até o anúncio da venda. Por ter bons benefícios - o que inclui um dos maiores bônus do mercado - e oferecer perspectivas de crescimento dentro da empresa, era difícil tirar funcionários da Itaú Seguros. Seguradoras concorrentes relatam, entretanto, que desde o anúncio da venda começaram a receber currículos de funcionários da seguradora do banco, o que costuma ser natural em qualquer processo semelhante.

Alguns corretores especializados em riscos corporativos, mercado em que a Itaú Seguros atua, relatam que têm recebido clientes preocupados com as incertezas sobre o rumo da companhia e quem será o seu novo dono. Alguns procuram alternativas no momento da renovação das apólices. Até o momento, porém, não se tem notícia sobre a perda de clientes relevantes. O faturamento da área de grandes riscos da seguradora no ano passado foi de aproximadamente R$ 2 bilhões.

O Itaú confirmou a intenção de vender sua operação de grandes riscos no fim de janeiro. Mais de dez seguradoras, a maioria internacional, olharam o negócio e chegaram a fazer propostas iniciais. Passadas algumas peneiras, atualmente não mais que cinco companhias estão na mesa de negociações, entre elas a alemã HDI, a japonesa Tokio Marine e a americana XL, além da Axa, apurou o Valor. A operação conta com patrimônio de R$ 360 milhões e os valores propostos para a sua compra variam entre R$ 700 milhões e R$ 900 milhões. Procuradas, as seguradoras não comentaram.

Neste momento, as companhias interessadas estão no processo de verificação das informações disponibilizadas por meio de um "data room" pelo Itaú, que está sendo assessorado pelo Itaú BBA. Esse processo deve terminar no meio de junho, quando serão entregues as propostas finais de compra.

A Itaú Seguros não será integralmente vendida, apenas o negócio de grandes riscos. Essa carteira será cindida - processo conhecido como "spin-off" - e a partir dela será criada uma nova companhia, a que será vendida. A empresa terá que ter uma licença do órgão regulador para ser criada, autorização que o Itaú já pediu para a Susep.

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