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Ace está perto de comprar seguradora do Itaú

Fonte: Valor Econômico

Por Thais Folego e Vanessa Adachi | De São Paulo

A seguradora americana Ace poderá fechar, nesta semana, a compra da carteira de seguros de grandes riscos do Itaú Unibanco. Depois de receber uma proposta que atendeu suas expectativas, o Itaú assinou um contrato de exclusividade com a Ace, no dia 28, com a intenção de fechar a transação em poucos dias.

Segundo fontes a par da operação, a seguradora está avaliada em até R$ 1,5 bilhão, ou quatro vezes o seu valor patrimonial de R$ 350 milhões. Outras duas interessadas com boas chances até a semana passada, a francesa Axa e a alemã HDI, teriam chegado próximas desse valor. Mas teria pesado a favor da Ace o fato de ter feito uma oferta sem restrições que pudessem reduzir o preço.

Como a carteira que está sendo vendida tem contratos ainda em vigência, é comum nessas operações que haja acertos posteriores, em que o vendedor tem que ampliar as reservas técnicas caso ocorram sinistros depois da venda. A seguradora do Itaú, por exemplo, está no meio de uma disputa com a Anglo American em torno de uma indenização de R$ 400 milhões, que pode se tornar um passivo para a compradora.

Tanto o nome da Ace quanto o valor proposto pela seguradora surpreendeu o mercado, uma vez que a companhia teria voltado à concorrência pela carteira na última semana, desbancando Axa e HDI, que eram consideradas favoritas para fechar o negócio.

O acordo de exclusividade, anunciado na segunda-feira, foi fechado no sábado e tem validade de uma semana. Assim, o anúncio deve ser feito até o fim de semana. Pessoas próximas às negociações estranharam a divulgação do acordo de exclusividade pelo Itaú e avaliam que o banco pode ter deixado a porta aberta para que outro concorrente retorne às negociações com uma oferta melhor.

A Axa ainda tem interesse em negociar, segundo pessoas com conhecimento da operação. Para o grupo francês, comprar a carteira do Itaú significa também adquirir uma licença de operação no país, o que economizaria quase um ano para começar a fazer negócios no Brasil. A companhia aguarda autorização do órgão regulador local para abrir uma seguradora e uma resseguradora e, nesse meio tempo, tem montado seu escritório - localizado perto da Avenida Faria Lima, em São Paulo - e contratado equipe.

Já os executivos da operação local da HDI não estariam mais dispostos ao negócio nos atuais termos propostos. A companhia estava confiante e já preparava um comitê de integração para absorver a operação do Itaú.

Procurada, a Ace informou por meio de sua assessoria de imprensa que não comenta o assunto. No ano passado, a Ace Brasil emitiu R$ 1,027 bilhão em prêmios de seguros, um crescimento de 5,4% em relação a 2012. O resultado, porém, foi impactado pelo aumento do volume de pagamento de indenizações nos ramos de transportes, incêndio e responsabilidade civil, segundo o balanço do ano passado. A companhia apresentou prejuízo de R$ 75 milhões em 2013, após resultado também negativo de R$ 49 milhões um ano antes. A matriz aportou R$ 122 milhões em capital na operação brasileira para "suportar seus planos de expansão e rentabilidade".

Se fechar o negócio, a Ace vai se tornar a maior seguradora de grandes riscos do país, quase triplicando o seu tamanho no Brasil. A carteira do Itaú que está sendo vendida emitiu aproximadamente R$ 2 bilhões em prêmios de seguros no ano passado. A área conta com cerca de 300 funcionários, que estão dentro do acordo de venda. Hoje a operação da Ace ocupa dois andares de um prédio na Avenida Paulista.

O Itaú decidiu vender a sua área de seguros de grandes riscos no fim do ano passado por uma questão de custo de capital. Pelas regras de Basileia 3, as atividades de seguro consomem mais capital dos bancos que a regra anterior. Além disso, o retorno sobre o capital da área de grandes riscos é menor do que a de produtos bancários e de seguros de varejo. A Itaú Seguros não será integralmente vendida. Apenas a carteira de grandes riscos será cindida - processo conhecido como "spin-off" - e a partir dela será criada uma nova companhia, a que será vendida.

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