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Falta conscientização sobre a previdência complementar no Brasil

Fonte: Brasil Econômico

Por Dario Palhares

Brasil ainda está a descobrir a previdência complementar. Os cidadãos que contam com coberturas adicionais às oferecidas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) somam cerca de 12,5 milhões — 75% por meio de planos abertos, administrados por seguradoras, e o restante graças aos fundos de pensão. O potencial de crescimento do setor é expressivo, já que essa massa de poupadores corresponde a apenas 12,6% da população economicamente ativa (PEA) e, de quebra, há um novo público a ser abordado — a classe média emergente, surgida na esteira dos programas sociais do governo federal. A ampliação dos horizontes e da clientela é um desafio que requer, sobretudo, pedagogia e paciência, na avaliação de Osvaldo do Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida, a FenaPrevi. “O País terá de investir fortemente em educação financeira e previdenciária”, analisa. “Só que os resultados, claro, não surgem da noite para o dia. É um trabalho que demanda continuidade, pois o público só absorve aos poucos as informações oferecidas.” 

O caminho a ser trilhado foi definido na Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), que começou a ser discutida em 2007, no âmbito do Executivo federal, e ganhou contornos em dezembro de 2010, com o Decreto Presidencial 7.397. Quatros anos depois, o programa exibe números encorajadores: as iniciativas públicas e privadas na área saltaram de 100 para 800. “O tema tem mobilizado a sociedade em geral”, constata Silvia Morais, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil). “Dois dados relevantes são a gratuidade de 60% dos projetos existentes e o foco em crianças e adolescentes por parte de 31% dessas ações, visando o longo prazo.” 

Criada em 2012 por um quarteto de organizações privadas – Febraban, BM&FBovespa, Anbima e Confederação Nacional de Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) – a AEF-Brasil se tornou um dos pilares da ENEF. Hoje, a entidade responde pela administração do site do programa oficial (www.vidaedinheiro.gov.br ) e o desenvolvimento de tecnologias sociais e educacionais que são colocadas à disposição da sociedade gratuitamente. É o caso do do Programa de Educação Financeira nas Escolas, voltado ao Ensino Médio, que desde maio deste ano está à disposição dos professores no site www.edufinanceiranaescola.gov.br. O próximo passo, a partir de novembro, será o envio de livros e material didático para 3 mil escolas públicas. “O projeto envolveu 1.500 professores e 27 mil alunos de 448 escolas, dos quais só 50% receberam lições de educação financeira. Após as aulas, uma pesquisa constatou que esses jovens apresentavam um nível de conhecimento financeiro 7% superior aos dos demais e, ainda, que suas famílias passaram a poupar 1% a mais”, destaca Silvia, que já se prepara para uma nova e grande etapa. “Em setembro, entregamos ao Ministério da Educação, para análise, livros destinados ao Ensino Fundamental. São nove volumes para professores e outros nove para alunos – dois para cada série do curso.” 

Até mesmo os fundos de pensão estão preocupados em conscientizar seu público-alvo. Não é para menos, pois cerca de 900 mil funcionários de empresas e instituições públicas e privadas que oferecem planos de complementação de aposentadoria não optam por tais benefícios, segundo estimativas da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). A cobrança de ações de educação financeira e previdenciária, por parte do órgão federal, foi o mote principal da criação, há cinco anos, da Associação Catarinense das Entidades de Previdência Complementar (ASCPrev). “No início da década, lançamos o programa ‘A Escolha Certa’, com o aval da Previc. Parte dos conteúdos é compartilhada; outra, é desenvolvida por nossas 13 associadas, de acordo com as suas necessidades”, explica a presidente Regidia Alvidia Frantz.

Para não cair na “mesmice”, como assinala a executiva, a ASCPrev realiza reuniões mensais com o objetivo de definir novas iniciativas. O cardápio já aprovado nesses encontros inclui um site exclusivo do projeto ( www.aescolhacerta.com.br ), um perfil no Facebook, aulas, vídeos, sorteios de consultorias financeiras individuais, revistas e tiras em quadrinhos que apresentam uma família às voltas com desafios financeiros. O programa, entre outros feitos, contabiliza dois prêmios, concedidos pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) e a Associação Nacional dos Contabilistas das Entidades de Previdência (Ancep), 144 mil acessos ao seu portal, 2.650 inscritos em palestras e cursos e vários interessados na compra de conteúdos. “Nossas vídeo-aulas são muito cobiçadas”, conta Regidia. “Mas o indicador mais importante, sem dúvida, é o crescimento da população atendida pelos 13 fundos de pensão associados — de 97.923, em 2011, para 132.165, no último ano. Um salto e tanto, mas dá para ir além. Acreditamos que é possível duplicar esse número.”


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