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Tokio Marine tem plano bilionário para o Brasil e estuda ter resseguradora local

Fonte: Estadão Conteúdo

Aline Bronzati - AE
  
A seguradora japonesa Tokio Marine traçou um novo plano bilionário para o Brasil que inclui, dentre metas mais agressivas como superar R$ 5 bilhões em prêmios até 2017, estudos para o desenvolvimento de uma resseguradora local no País. Embora ainda não tenha solicitado a autorização à Superintendência de Seguros Privados (Susep), a expectativa da companhia, conforme José Adalberto Ferrara, presidente da Tokio Marine no País, é que isso ocorra ao longo deste ano.

Desde a abertura do mercado no Brasil, em 2008, mais de 100 companhias se instalaram no País. Muitas multinacionais optaram por abrir uma resseguradora local, modalidade que tem reserva de mercado de 40% dos prêmios no Brasil, que têm de ficar na mão das resseguradoras locais, e exigência de capital mínimo de R$ 60 milhões, não só para dar suporte para a operação brasileira, mas também como canal de remessa de recursos para as matrizes. 

"Estamos fazendo um estudo de viabilidade. Ter uma resseguradora local no Brasil não é imprescindível, mas é importante, pois pode ser um facilitador para crescermos em grandes riscos, para os quais o mercado não nos dá capacidade", destaca Ferrara, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. 

Batizado de "avançar", o novo plano da Tokio Marine foi criado, segundo o executivo, porque as metas do anterior, chamado de "crescer", foram superadas antes do prazo esperado. A Tokio, que em 2011 somou R$ 1,6 bilhão em faturamento, esperava dobrar seus prêmios em cinco anos, ou seja, chegar aos R$ 3 bilhões até 2016 com uma operação mais eficiente e com menores despesas. No ano passado, porém, a meta já foi superada. Os prêmios cresceram cerca de 25% e alcançaram o volume recorde de R$ 3,250 bilhões.

Para crescer acima dos 20% nos últimos anos, período no qual o mercado de seguros desacelerou o ritmo de expansão como reflexo do tímido desempenho da economia brasileira, o executivo admite que a Tokio praticou preços mais competitivos no mercado. Mas não foi só isso. Segundo Ferrara, a companhia promoveu uma mudança cultural, reforçou o quadro de talentos em alguns ramos e focou no canal corretor.

Ser competitivo, de acordo com o presidente da Tokio Marine, não significa, conforme ele, praticar preços baixos, por isso, preocupações com aumento da sinistralidade estão descartadas apesar de considerar natural oscilações nesta métrica. Prova disso, segundo ele, é a entrega de um índice combinado, que mede a eficiência operacional da seguradora, de 97,4% em 2014. Quanto menor, melhor. Esta é a primeira vez que a Tokio Marine entrega em seus 55 anos de operação no Brasil o indicador abaixo dos 100%, ou seja, com ganho operacional. 

A meta é, de acordo com Ferrara, manter o índice combinado inferior aos 98% ao final de 2017. Neste ano, porém, a seguradora pode ter uma piora no indicador, para 99,6%, após reduzi-lo por quatro anos seguidos. O executivo explica que, além de uma projeção menor de expansão dos prêmios para 2015, de 12,5%, para R$ 3,6 bilhões, uma vez que o faturamento da Tokio hoje é o dobro do visto há cinco anos, o ano é de ajustes na economia brasileira. "Sabemos que 2015 será um ano de ajustes, mas tudo indica que em 2016 o Brasil já conseguirá apresentar um crescimento mais significativo. Nosso País é muito maior do que estamos vendo", avalia o executivo.

Grandes riscos

Com o mesmo otimismo, Ferrara enxerga o segmento de grandes riscos. Enquanto as seguradoras frustradas por uma demanda que não se concretizou têm reduzido exposição ou deixado de atuar, a Tokio espera dobrar o seu market share, hoje em 5,3%. Ainda que pesem os impactos da Operação Lava Jato, que apura denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras e construtoras, em sua visão, há uma agenda de infraestrutura "inadiável" no Brasil. "Daqui a três anos, vamos ver quem estava certo", ressalta o executivo.

Recentemente, a Tokio Marine reforçou o time de grandes riscos como um plano B já que ficou de fora da disputa pela carteira do Itaú Unibanco adquirida pela americana Ace por R$ 1,5 bilhão. Sobre outras possíveis aquisições, o presidente da Tokio Marine diz que o foco é crescimento orgânico, mas que a japonesa "tem um cheque" para avaliar oportunidades. 

Questionado sobre o interesse da companhia na carteira de grandes riscos da SulAmérica, que está sendo ofertada no mercado, ele afirma que o negócio é pequeno e que por isso não agregaria à Tokio. Mas demonstra apetite para outros ativos, como, por exemplo, a área de vida em grupo do Itaú Unibanco. Em dezembro, o Broadcast antecipou com exclusividade o interesse do banco em se desfazer também desse negócio em linha com a reestruturação que tem feito em seguros. 

Sétima maior operação da Tokio no cenário internacional, considerando o Japão, a filial brasileira quer crescer também nos outros segmentos em que atua no País. Além de grandes riscos e seguro de vida, são prioridade o de afinidades, canal que customiza apólices para o mercado consumidor ou colaboradores de uma empresa, dobrando seu faturamento para R$ 600 milhões, microsseguros, automóvel, produtos para pessoas jurídicas, especialmente, pequenas e médias empresas. 

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