O tombo das ações da Qualicorp

Fonte: IstoÉ Dinheiro

Em uma semana, os papeis da companhia que vende planos de saúde coletivos caíram 17% em razão do temor de que a área de saúde possa ser a próxima a sofrer intervenção do governo 

Seripieri Jr. fundou a Qualicorp em 1997 e hoje domina a área de planos coletivos

Primeiro, foi o setor elétrico. Depois, o de educação. Agora, a área de saúde pode ser a próxima a sofrer uma intervenção do governo.

O temor foi reforçado, na semana passada, com notícias de que o governo prepara um pacote de medidas para reorganizar o setor de planos de saúde no País.

O alvo são os planos de saúde individuais, que praticamente deixaram de ser ofertados pelas empresas da área, pois são mais regulamentados, oferecem mais riscos e são menos rentáveis.

Atualmente, os planos coletivos, que atendem consumidores ligados a empresas e sindicatos, atendem a 80% dos beneficiários do sistema privado, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Na área de planos coletivos, a líder inconteste é a Qualicorp, fundada pelo empresário José Seripieri Filho, que comercializa planos corporativos e por afinidades de diversas operadoras de saúde, como Amil, SulAmérica, entre outras.

Desde que a notícia que o governo poderia intervir nessa área veio à tona, as ações da companhia (QUAL3) desvalorizaram-se mais de 17% em uma semana. Nesta segunda-feira, caíam 4,6%, uma das maiores queda das empresas do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira.

A investida do governo pode atrapalhar os planos da Qualicorp, que praticamente criou o mercado de planos de saúde por adesão coletiva.

Fundada em 1997, a companhia hoje vale R$ 6,4 bilhões e transformou Seripieri Filho em um empresário não só bilionário, como com grande influência nos meios políticos.

Ele é próximo, por exemplo, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou as férias de verão de 2015 em sua mansão em Angra dos Reis (RJ).

De perfil discreto e avesso aos holofotes, Seripieri surpreendeu os seus amigos em seu casamento, no ano passado, quando contratou o cantor Roberto Carlos para um show exclusivo.

Nos bastidores, as empresas da área movimentam-se para tentar flexibilizar o reajuste dos planos de saúde individuais. Atualmente, o aumento de preço passa pelo crivo da ANS, que fixa um percentual que precisa ser seguido por todas as empresas.

Empresários já foram até o Ministério da Saúde apresentar esse pleito, alegando que a medida faria aumentar de forma rápida a oferta de planos de saúdes individuais.

Muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte. E a saúde do setor de saúde, assim como o de educação e o elétrico, parece que corre riscos.