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Greve dos caminhoneiros gera ajustes nas apólices de seguro

A greve dos caminhoneiros assustou, mas recuou após a sanção da Lei dos Caminhoneiros pela presidente Dilma Rousseff. Os protestos contra o aumento do diesel e pela alta do valor do frete impactaram diversos setores nessas quase duas semanas.

Nos últimos dias, enfatizamos o nosso maior diferencial, em dar consultoria a nossos clientes do setor orientando-os em relação ao acúmulo de carga. Geralmente, as empresas já possuem o seguro e em algumas situações, como casos de greve, é possível adequar o limite da apólice, pois sua exposição é maior do que a contratada.

Impacto da greve dos caminhoneiros na rotina das corretoras

Temos algumas condições na apólice, principalmente um limite por embarque, que já é estipulado. O que ocorre nessa situação é que, com os bloqueios, o caminhão fica retido e acaba saindo da estrada. O motorista é encaminhado para algum depósito do transportador e fica lá esperando a via ser liberada. Por exemplo: temos caminhão que pode estar com R$ 1 milhão de carga. No entanto, para esse mesmo local, vão três.

Em uma situação normal, os três viajariam tranquilamente em um espaço de tempo. Quando há bloqueio, seguem todos para o mesmo local e ficam parados. Com isso, temos um acúmulo de R$ 3 milhões, sendo que a apólice do cliente é R$ 1 milhão.

É preciso um monitoramento e gerenciamento disso, identificar essa situação de acúmulo que está acima da exposição que o cliente tem contratada.

Esse é o desafio, identificar essas situações. Como corretores, temos que contar com um bom controle e gerenciamento de risco do cliente e das empresas que ele contrata para fazer a gestão logística e nos avise para agirmos junto à seguradora. Não podemos tomar nenhuma atitude deliberada para aumentar os limites de nossos clientes por não saber para quanto vamos aumentar.

No que é baseado o cálculo do risco?

Antigamente você calculava apenas o trajeto – de São Paulo para a Bahia. Atualmente, alguns ingredientes são fundamentais para as análises na área de Transportes: o tipo de carga, exposição para roubo (atenção para eletrônico e alimentício), quantidade de viagens, tipo de transportador que o cliente utiliza, região geográfica que transporta e o nível de segurança que ele emprega para fazer essas viagens – se usa caminhão rastreado, coloca escolta ou usa uma isca (rastreador móvel que ele implanta junto com a carga).

O histórico do cliente é levado em conta e tentamos fazer um equilíbrio em termos de preço.
Perda de produtos, saques e incêndios – o que é e não é coberto

A cobertura do seguro de transporte é muito ampla, mas ela precisa ser decorrente de alguma causa externa. Inclusive existe uma cobertura adicional, especificamente para greve, o que é bastante comum, principalmente para a parte internacional – o nome da cobertura é Guerra e Greves, muito tradicional. Você a contrata quase sem custo adicional, entra no pacote, só que você precisa ter um dano de causa externa. Ou seja, o caminhão está parado e a carga pereceu: isso não é um risco coberto. Se você está com a carga parada, os grevistas ateiam fogo ou ocorrem saques, aí você tem um fator de causa externa que está ocasionando um dano – nesta situação o cliente está coberto.  Atrasos e problemas de contrato não são objetos de cobertura de transporte.

No caso de saques após acidentes, enquadramos como risco recorrente, a situação é uma consequência. Se o caminhão não tivesse tombado a carga não seria saqueada. Com base nisso, temos uma série de itens que poderiam ocasionar o acidente, como excesso de carga horária do motorista, problema de infraestrutura, manutenção do veículo, e assim atuamos preventivamente.

A cobertura de greve já está no padrão de qualquer apólice. O diferencial da Willis é a consultoria ativa, de informar os clientes. Divulgamos os pontos de bloqueios aos nossos clientes para provocá-los a identificar alguma situação em que eles estejam em exposição e fora do contrato. O seguro de transporte é muito dinâmico e estamos constantemente falando com cliente, não somente na época de contratação que o relacionamento ocorre. É preciso ter essa postura mais ativa. Nosso gerenciamento de risco é o diferencial.


Eduardo Michelin

Eduardo Michelin é formado em Administração de Empresas com pós-graduação em Comércio Exterior. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado de seguros Nacional e Internacional, tendo atuado também em uma das maiores seguradoras brasileira durante quase 3 anos. Atualmente responde pelo departamento de Transporte e Logística e é associado da Willis desde 2001.

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