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Microsseguro depende da cultura do seguro no Brasil

Fonte: Revista Cobertura

Microsseguro depende da cultura do seguro no Brasil
 
Evento discute alternativas para desenvolver o segmento
 
Todas as alternativas parecem estar esgotadas. Por anos, o microsseguro foi exaustivamente discutido em reuniões e comissões, o que deu origem a circulares, normas e decretos por parte da Susep. Porém parece que esse ramo do seguro chegou a uma rua sem saída.
 
“Apesar da minha decepção, porque trabalhamos muito nisso, conversamos, escrevemos, entendi que a partir da oficialização desse segmento e uma série de aberturas feitas, que sairíamos para vender para os 110 milhões de pessoas credenciadas para comprar microsseguro, pois é um produto para atender as classes C, D e E. Porém, o mais importante de tudo isso é criar uma cultura de proteção”, disse o diretor de Microsseguros da APTS e mentor do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP), Adevaldo Calegari, no início do evento “Microsseguros: uma visão atualizada no Brasil e no mundo”, promovido pela APTS e ANSP.
 
A advogada Ana Rita Petraroli, coordenadora da cátedra de Microsseguros da ANSP, acredita que o discurso mundial é destoante com o Brasil, pois o produto vendido lá fora não é atraente para o brasileiro. “O microsseguro começou aqui por causa do microcrédito, mas o seguro tem desvantagem que não é visível, já o crédito produz resultado imediato”.
 
Para ela, até 2012 houve uma avalanche de oportunidades para seguradoras, mas não fizemos a lição de casa. “Temos que ter educação financeira, o que é fundamental para incluir as classes menos favorecidas no sistema financeiro, principalmente dando a elas autonomia e condições de tomar as melhores decisões possíveis”.
 
O diretor do Grupo Segurador BB e Mapfre, Bento Zanzini, concorda com a advogada ao dizer que os consumidores das classes menos favorecidas têm acesso ao financiamento, à perspectiva de compra, porém há falta de educação financeira para ter ideia do quanto estão sendo expostos às taxas de juros, por exemplo. “Se o valor cabe no bolso, compra. É por conta disso que os seguros prestamistas cresceram nos últimos 13 anos uma taxa média de 32% ao ano. Nenhum outro ramo cresceu tanto”.
 
Porém, para ele o momento é muito mais de reflexão, do que de pessimismo. “Porque há um grande potencial ainda a ser explorado. Em 2013, uma pesquisa do Ibope indicou que apenas 13% da população respondeu que tem uma apólice comprada espontaneamente. Em março de 2015 atualizamos esses dados com a Data Folha, que indicou que 20% tem algum tipo de seguro, ou seja, 80% continua não tendo".
 
Zanzini enfatizou, entre outros assuntos, que ainda existe dificuldade a ser superada. “Sobretudo em relação a cultura do consumidor ao alcance dos modelos de distribuição. Entendo que o crescimento do nosso mercado dependerá muito mais do crescimento do país, do que de normativos de fiscalização”.
 
Calegari ressaltou que antes a distribuição do microsseguro seria o grande problema, porém não é somente isso, porque há várias formas de resolver, como por exemplo, buscando os líderes comunitários. “Antes de pensar em desenvolver um produto, é preciso preparar uma massa para entender e receber esse seguro. Temos uma tarefa importante para esclarecer o consumidor que, antes de aceitar, tem que entender o que é o seguro e seus benefícios”.

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