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Não há seguro para a maioria dos riscos que afetam empresas

Fonte: Estadão 

Pesquisa indica que só 30% das ameaças são ‘seguráveis’, o que expõe a importância do gerenciamento de riscos

Qualquer empresa está exposta a riscos que podem impactar seus negócios, sejam eles reputacionais, ambientais, regulatórios, entre outros. E uma das formas de a companhia se proteger é por meio de seguros. Um levantamento da corretora Marsh, entretanto, aponta que não existe cobertura para 70% dos riscos para as empresas. Como a maioria deles não são seguráveis, o gerenciamento de risco surge como uma área vital, avaliam especialistas.


Segundo Roberto Zegarra, diretor da Marsh para a América Latina, cada área da empresa está exposta a determinadas ameaças, o que reforça a necessidade de uma visão “holística” do gerenciamento de riscos. “A empresa precisa levantar todos esses riscos e ter parâmetros claros para medir, quantificar e qualificar riscos, para, assim, eleger os prioritários. A companhia precisa de ferramentas para medir e quantificar os riscos e priorizar os maiores.”


Segundo pesquisa da corretora Marsh, apenas 30% dos riscos que empresas estão expostas são 'seguráveis'

Segundo pesquisa da corretora Marsh, apenas 30% dos riscos que empresas estão expostas são 'seguráveis' Foto: Fabio Motta/Estadão

Sócio-líder em Gestão de Risco da consultoria Deloitte, Ronaldo Fragoso defende que o gerenciamento de risco se tornou uma “pauta obrigatória” para executivos. “Empresas perceberam o efeito destrutivo que uma crise pode trazer para a empresa, seja ela de imagem, ou causada por mudanças regulatórias ou por corrupção”, afirma.

Lava Jato. Os desdobramentos da Operação Lava Jato impactaram a maneira como as empresas enxergam a gestão de riscos, com grandes companhias no alvo da Justiça e a prisão de executivos. “É um importante divisor de águas quando esses casos explodem na mídia. As consequências práticas de não se atuar dentro da legislação estão todos os dias nos jornais”, afirma Luiz Guilherme Whitaker, gerente Executivo da ICTS Protiviti.

Ronaldo Fragoso, da Deloitte, afirma ainda que, além da Lava Jato, a Lei Anticorrupção e a instrução 552 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que trata especialmente de gestão de risco e controles internos, também têm influenciado na percepção dos executivos. 

“O processo de gestão de riscos tomou um peso maior na agenda do conselho, da diretoria executiva. O aspecto regulatório tem muito peso. Se a lei pede, as empresas passam a tratar mais nisso”, afirma.

Desafios. Apesar de a percepção sobre a importância do gerenciamento de riscos ter avançado, o País ainda está num estágio incipiente, avaliam os especialistas.

“O setor bancário têm uma percepção melhor, mas são poucas as empresas que olham para todos os riscos dentro do comitê executivo. O brasileiro tem isso de São Tomé, de que as coisas só acontecem com o vizinho”, afirma Zegarra, da Marsh.

O contexto da desaceleração econômica no País, que tem impactado no lucro das empresas, dificultado o acesso ao crédito e provocado demissões, pode ser considerado uma oportunidade para valorizar a gestão de riscos.

“O gerenciamento de risco contribui para a redução de perdas, assim como contribui para a perenidade das empresas”, diz Whitaker, da ICTS, 

Para Fragoso, da Deloitte, a estruturação de uma área de gestão de risco pode ser, inclusive, uma vantagem competitiva, que auxilia a tomada de decisão na empresa. “Durante momentos de crise econômica, o gerenciamento de risco cresce para preservar valor”, afirma Fragoso. “Historicamente, empresas que fazem investimentos em períodos de crise são as que colhem os maiores benefícios.”

Restrições. Após os escândalos de corrupção se tornarem públicos, em função da Operação Lava Jato, os seguros para empresas ficaram mais salgados. Segundo um estudo da corretora Marsh, que mapeia taxas de seguros de países pelo mundo, incluindo o Brasil, a taxa de D&O (um tipo de cobertura para executivos) iniciou 2015 com reajustes de até 5%, após ficar estável em 2014.

Esse tipo de cobertura agora ainda inclui uma cláusula nos contratos com as seguradoras multinacionais, especificando que o D&O não cobre pagamento de propinas.

De acordo com Paulo Baptista, superintendente da prática de D&O da Marsh Brasil, as condições de coberturas ficaram mais restritas. “Algumas empresas, principalmente as do setor de construção e petróleo e gás, estão pagando o dobro nas renovações ou contratações de apólices em relação a 2014”.

Diretor da Marsh, Roberto Zegarra diz, porém, que esse aumento é natural. “Qualquer evento que cause vulnerabilidades para seguradoras faz com que o preço de determinado seguro seja maior.”

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