Breaking News

Proteção sob medida

Fonte: Valor Econômico

Contratar um seguro de vida não costuma fazer parte do planejamento financeiro dos brasileiros em geral. E os motivos são muitos, incluindo a pouca cultura voltada a ações de proteção do patrimônio ou mesmo da renda, uma herança de reduzida previsibilidade econômica, que afeta decisões de longo prazo, e também o desconhecimento das alternativas de contratação disponíveis no mercado.

Além do seguro clássico, que protege apenas em relação à morte do segurado, há opções adicionais - normalmente vendidas em conjunto - por invalidez temporária, permanente, perda de renda, entre outras. Mas em qualquer processo de escolha, saber dimensionar a própria necessidade e, principalmente, promover ajustes na cobertura ao longo do tempo, é o segredo para que o produto cumpra seu papel.

A tarefa não é tão simples quanto parece e passa pela ponderação de uma série de fatores. O primeiro passo, destaca o diretor de vida e previdência da Sul América, Fabiano Lima, é avaliar os riscos envolvidos e que podem afetar a capacidade de trabalho do candidato à compra de um seguro, que diferem muito, por exemplo, se ele for profissional liberal ou com registro em carteira. "Esta avaliação não é estanque, ela vai mudando ao longo da vida e precisa ser refeita, adaptando a apólice, para mais ou para menos no valor segurado, excluindo ou incluindo outras coberturas adicionais, de acordo com o momento do contratante", explica Lima.

Na SulAmérica, a faixa etária que mais adquire um seguro de vida está na casa dos 37 anos, exatamente quando chega o primeiro filho. "É este o público de maior apelo para a venda do seguro de vida, mas não precisa ser assim, até porque há inúmeras cobertura adicionais que protegem o segurado de contratempos, mesmo em vida", diz. O executivo da SulAmérica lembra de coberturas como incapacidade temporária de trabalho ou permanente, abarcadas dentro do seguro de vida. E não apenas para profissionais liberais e autônomos. "Mesmo quem é CLT e ganha mais do que o limite de cobertura do INSS, de R$ 4.663,75, pode adquirir o seguro, para em um momento de necessidade não ver seus rendimentos reduzidos por um afastamento temporário sua atividade", afirma Lima.

Definir o valor ideal de cobertura do seguro de vida é outra tarefa complexa. Três pontos são essenciais: número de dependentes - filhos, companheiros ou mesmo pais -, nível de gastos para a manutenção da estrutura familiar em funcionamento e tempo de proteção necessário.

"Quem define o tamanho da proteção a ser oferecida é o segurado, sempre com o auxílio de um corretor, mas ele precisa ficar atento a algumas regras gerais que devem ajudá-lo na escolha do produto adequado", comenta Marcelo Picanço, diretor responsável por vida e previdência da Porto Seguro. "Não basta ter o seguro de vida, ele tem de cobrir as reais necessidades daquela família ", afirma o executivo.
Para ajudar na busca do valor adequado de cobertura do seguro, a Porto disponibiliza a ferramenta "www.construindoofuturo.com.br " que leva em consideração inúmeros critérios, entre eles renda, número de filhos, idade, patrimônio e investimentos existentes. No detalhamento das despesas, constam ainda gastos com educação, saúde e dívidas.
Na simulação feita para a reportagem, de uma mulher solteira com 47 anos, um filho entre 11 e 14 anos e renda líquida de R$ 8.500, o valor necessário de cobertura foi definido pela ferramenta em R$ 739.600. Incluindo mais um filho, de até 11 anos, o valor necessário de cobertura salta 28%, para R$ 949.600.
"É importante que o segurado faça alterações na cobertura, na medida em que os filhos crescem, podendo reduzir a apólice", diz Picanço. De fato, quando alteradas apenas as idades dos dois filhos para a faixa de 15 a 24 anos e acima de 24 anos, o nível de cobertura recua a R$ 719.600, mantendo as demais variáveis constantes.
A diretora do grupo BB Mapfre, Karina Massimoto, propõe um cálculo básico e preliminar para avaliar a necessidade de contratação. O exemplo é de uma criança com 10 anos que vai precisar, caso o provedor venha a faltar, de pelo menos mais 15 anos para concluir os estudos e ingressar no mercado de trabalho. "Se o gasto anual com escola for de R$ 10.000, você multiplica por 15 e chega ao valor de R$ 150.000, apólice que garantirá apenas os estudos", explica Karina. "O ideal é, depois deste cálculo preliminar, incluir gastos anuais com saúde, alimentação, moradia e multiplicar por cinco anos, prazo apontados por estudos como o tempo médio para que uma família se reestruture financeiramente após a perda do principal provedor", pondera a especialista da BB Mapfre.
Outra forma de mensurar o valor necessário de cobertura, aponta Reinaldo Domingos, presidente da Dsop Educação Financeira, tem como elementos centrais - e únicos - a existência de dependentes e a renda. "Ninguém passa a ganhar mais apenas porque teve um segundo filho, por isto o que conta é a renda apenas. Mesmo os gastos maiores com este segundo filho serão encaixados no orçamento, por isto conta a renda sempre", explica Domingos.
No modelo ideal, que garantiria uma independência financeira aos herdeiros, o valor do seguro, investido no mercado financeiro, deveria render o dobro da renda atual da família. Para uma renda de R$ 5 mil, o valor segurado poderia ser de R$ 1 milhão que, aplicado a 1%, renderia R$ 10 mil por mês. "A outra parte é educar os familiares a usarem apenas metade deste valor, reinvestindo os outros 50%, o que garantiria um período longo de segurança para aquela família", diz o presidente da Dsop, lembrando, ainda, que a existência de patrimônio só entra na conta caso haja mais de um imóvel e que ele esteja alugado. O seguro de vida, por regra, é o único que é cumulativo, ou seja, um segurado pode ter dois ou três seguros de vida contratados que os dependentes receberão os valores integrais.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario