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Mundo real e digital já são um só

Fonte: CNseg

Palestra de Walter Long sobre revolução digital reuniu profissionais de seguro em workshop do Prêmio CNseg em São Paulo
 
A revolução digital é real. “A promessa do Google é que o carro sem motorista chega em 2020. Eu acho que chega antes. Sem motoristas, não teremos também acidentes ou roubos. Então não teremos seguro de carro como o que conhecemos hoje. O setor tem de se preparar para isso”, afirma o mentor de estratégia e inovação do Grupo Newcomm e Presidente da Grey Brasil, Walter Longo.
 
A diretora executiva da Cnseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes, dirigindo-se à platéia
 
Longo foi convidado pela CNseg para proferir a palestra “Gestão na Era Pós Digital”, no 1º Workshop de Inovação do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros, em São Paulo. “A 5ª edição do Prêmio está em pleno andamento e estamos realizadas, eu e Patrícia Gonzalez (assessora de Comunicação Externa) as mentoras desta premiação, de nos deparamos com tantos projetos inovadores dentro das companhias de seguros. E esta palestra visa incentivar ainda mais a inovação”, disse Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora executiva da CNseg, na abertura do encontro, que reuniu cerca de 80 profissionais de seguros no auditório do Sindicato das Seguradoras de São Paulo, nesta quinta, 6.
 
"Não existe mais o mundo digital ou real, eles agora são um só. Antigamente a gente dizia 'vamos entrar na internet', isso nem se fala mais." Então como fica a relação das marcas com seu público nestes novos tempos? Uma forma simples de tentar explicar a imensa revolução digital foi apresentar quarto, das dez originais, macrotendências para guiar o trabalho do marketing nestes novos tempos.
 
A primeira delas é a “efemeridade”. “A era pós digital está empurrando essa geração a trocar de amores, amizades, marcas, aplicativos e aspirações como quem troca de tênis, numa sucessão de reinícios, com finais rápidos e indolores”, explicou Longo. Um ponto importante para as seguradoras perceberem é que a nova geração não quer compromisso com escolhas. “Eles estão acostumados a morrer nos jogos e ligar o botão para viver novamente." Assim, ele recomenda que as seguradoras repensem sua forma de se comunicar. Nas peças publicitárias apresentadas durante a palestra, a grande maioria tinha o viés de enfatizar que é preciso se preparar para um futuro incerto. “Trata-se de uma geração criada com videogame. Esse novo consumidor quer liberdade para mudar o mundo e não algo que seja para o resto da vida”, enfatizou.
 
Dito isso, fica claro que é preciso criar produtos e serviços o tempo todo para acompanhar um consumidor que troca de hábitos e de ideias toda hora. Nesta realidade, quanto mais a indústria for tradicional, levando meses para tomar uma decisão, mais vai ficar para trás. “Quanto mais autonomia o gestor tiver, mais a empresa estará a frente de seu tempo e de seus concorrentes inovando em serviços que atendam um consumidor que adora a imprevisibilidade. Antes eu precisava andar para não ficar no lugar, agora tenho de correr para não sair do lugar", explica.
A segunda tendência citada por Longo é a mutualidade. “Estamos na era da internet das coisas, termo usado para a revolução tecnológica que tem como objetivo conectar os itens usados do dia a dia à rede mundial de computadores. Com tanta tecnologia e informações, as seguradoras precisam rever cálculos atuariais desta conectividade e participar desse mercado que movimentará cerca de US$ 8,9 trilhões em 2020. A curiosidade que tenho é como aproveitar as oportunidades que a internet das coisas traz e quais os problemas que ela pode gerar para o setor?”, indaga.
 
O terceiro ponto é a sincronicidade. “Cada vez mais temos de trabalhar com um banco de fatos e não com um banco de dados. É preciso entender que as pessoas não são. Elas estão”, diz, citando como exemplo o fato de um banco fazer um financiamento imobiliário de 20 anos para um cliente e a seguradora sequer ter essa informação para ofertar serviços a ele. Para ele, o GPS é o símbolo da era digital e o Waze é o símbolo da era pós-digital. O Waze analisa o seu trajeto e não o seu destino. “É preciso investir na sincronicidade e resgatar a missão consultiva dentro de um mundo repleto de ofertas, que chegam a um consumidor que não sabe o que quer de tanta opção que tem”. Segundo ele, a oferta consultiva é a grande “sacada” dos tempos atuais.
 
A “tensionalidade” é a quarta tendência, segundo Longo. De acordo com essa premissa, tem de haver dualidade na marca para que ela não vire uma paisagem diante de tanta informação e que acabou por criar a era da distração. Um exemplo é o Google, empresa que valia US$ 400 bilhões em julho. O buscador troca constantemente o logo da marca para chamar a atenção do internauta. Segundo ele, o maior exemplo da dualidade é Jesus Cristo. Na visão cristã, ele é Deus e homem; mortal e imortal; eterno e efêmero; superior e humilde.
 
Entre os cases que explicam o sucesso da “tensão” necessária para tornar algo diferente, ele cita Steve Jobs, com traços de carisma e tirania; a Lady Diana, com personalidade plebeia e realeza; Marilyn Monroe, sedutora e inocente; Gisele Bundchen, modelo linda e mãe feliz. “Todos eles se tornaram famosos pela dualidade, que causa tensão moderada. Ter um lado só é monótono”, afirma. Em marcas, cita a Apple é smart e sexy. Já a Havaianas combina estilo e conforto.
 
Esses quarto conceitos transformam a gestão atual em um enorme desafio. Todos estamos aprendendo a gerir dentro desta nova tônica, segundo o especialista. Ele cita como exemplo o circo, empresa que muda de cidade atrás dos mercados. Ele não espera o mercado vir até ele. Circo é um ambiente de total interatividade. As pessoas participam. Corre riscos diariamente. O artista serra a mulher e ela volta inteira. Ou seja, em sua visão, Longo afirma que o circo tem conceitos e premissas que nunca foram tão atuais. “Nossas marcas e produtos têm de ser mágicos, surpreendentes, divertidos, gerar tensão na dose certa, ter personalidade marcante e ir muito além do esperado pelo consumidor”, disse, citando como exemplos o Circo Garcia e o Cirque du Soleil.
 
Muito aplaudido, Longo terminou sua apresentação com a seguinte reflexão: “Um muda todo dia e outro repete o mesmo espetáculo há 50 anos. Um sumiu e o outro está cada dia mais famoso. Vai de nós entendermos que temos de atuar de maneira inovadora. Cabe a nós se queremos ser o circo Garcia ou o Cirque du Soleil”.
 
“Informação é a base de tudo. Temos de inovar, criar, ousar. Mas tem duas coisas que precisam ainda ficar conectadas com as raízes do passado: o respeito ao consumidor e dar dados suficientes para que ele consiga fazer a escolha certa”, finalizou Solange Beatriz, acrescentando que é preciso saber calibrar a medida certa da ousadia dentro das exigências que o órgão regulador faz”.

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