Breaking News

Pessimismo é maior entre empresas de resseguros

Fonte: Jornal do Commercio - Rj

Pesquisa da Fenacor que apura as expectativas do setor no horizonte de seis meses cai em agosto pelo terceiro mês seguido e o destaque é o mau humor dos resseguradores

Os executivos das empresas de resseguros têm se mostrado os mais pessimistas do mercado segurador brasileiro, quanto ao futuro setorial e da economia, conforme aponta pesquisa mensal da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor). Medido em agosto, o índice de expectativas do resseguro desceu para 65 pontos, o mais baixo dentre os índices que também apuram a confiança dos demais segmentos do setor, o das seguradoras (Ices), que bateu em 65,6 pontos, e das grandes empresas de corretagem de seguros (ICGC), que ficou em 65,8 pontos. As três medições ficaram abaixo das registradas
anteriormente, caindo pelo terceiro mês consecutivo.

A queda atual de confiança dos resseguradores revela-se ainda mais acentuada se observados os índices identificados em agosto do ano passado. É que, à época, a situação era inversa. As empresas de resseguros apareciam sendo as mais otimistas, com 86,9 pontos, bem próximos dos 100 pontos, a partir do qual as perspectivas ultrapassam a zona do pessimismo. Já o índice das corretoras de seguros ficara em 79,7 pontos e o das seguradoras, em 79 pontos.

Os rumos da economia daqui a seis meses são a grande preocupação dos resseguradores.Este é ponto em que demonstram mais ceticismo. A pesquisa aponta que 86% dos executivos ouvidos na pesquisa acreditam que o cenário vai piorar (66%) ou piorar muito (20%). Visão próxima foi manifestada pelos seguradores 54% e 31%, respectivamente. A faixa de descrença dos grandes corretores está em 44% (pior) e 26% (muito pior).

Receita e lucro

O desempenho do faturamento é outro parâmetro em que as resseguradoras, mais uma vez, apresentam maior carga de pessimismo. A maioria deles (53%) está certo de que o panorama tende a ser pior no horizonte de seis meses. As corretoras de seguros, na proporção de 52%, compartilham bem próximas da mesma opinião. Mas é posição que se agrava se incluídos no bolo os 9% que anteveem futuro ainda mais deteriorado. Entre as seguradoras, o clima é mais ameno. A maioria (57%) acha que tudo fica igual seis meses à frente. Mas 39% vislumbram o pior.

Apesar da grande maioria manifestar descrença no rumo da economia e prever queda no faturamento, os resseguradores aparecem um tanto dividido quanto o desenrolar da lucratividade do negócio daqui a seis meses. Os mais pessimistas são 47% deles, indicando que a rentabilidade vai piorar, enquanto 53% descartam tal possibilidade, mas não creem em uma melhora. Para essa maioria, o lucro tende a permanecer no patamar atual. Os seguradores também estão divididos entre a manutenção do atual nível de rentabilidade
(48%) e o pioramento (46%). Não é o que pensa grande parte dos corretores de seguros: 65% projetam um quadro pior (57%) e muito pior (8%).

Negócios no exterior sobem 297%

Análise da Terra Brasis Re, sobre os números da Superintendência de Seguros Privados (Susep), mostram que as resseguradoras locais avançam no mercado internacional, embora os negócios sejam ainda incipientes. No primeiro semestre do ano, na aceitação de riscos estrangeiros, as resseguradoras brasileiras deram salto de 297%, ao faturarem R$ 192,4 milhões, contra R$ 48,5 milhões em igual período do ano anterior. Para os analistas da Terra Brasis, tal crescimento “evidencia a estratégia de internacionalização” de algumas companhias.

Os dados da Susep indicam que, de fato, são poucas as resseguradoras locais – apenas três de um total de 16, a grande maioria estrangeiras –, que efetivaram operações com o exterior. O predomínio é do IRB Brasil, respondendo por 81,8% da receita captada fora do País no primeiro semestre do ano. Na sequência vieram Scor Brasil (18,1%) e Terra Brasis (0,1%).

A análise da Terra Brasis revela ainda que a receita de resseguro cedida pelas seguradoras brasileiras às resseguradoras locais atingiu R$ 4,410 bilhões, aumento de 3,7% sobre os R$ 4,250 bilhões captados com os prêmios cedidos nos seis meses iniciais do exercício anterior, quando a mesma receita crescera 21% sobre junho de 2013, considerando os dados da Susep.

O destaque no primeiro semestre do ano foi o IRB Brasil Re, cujo faturamento de prêmios emitidos, da ordem de R$ 1,760 bilhão, ficou 81% acima da captação observada de janeiro a junho do ano passado. As demais resseguradoras locais, cuja receita emitida somou R$ 1,563 bilhão, apresentaram crescimento perto de 24%, enquanto o volume de resseguro cedido diretamente a resseguradoras estrangeiras caiu 57%.

Sinistros avançam

Segundo o levantamento da Terra Brasis, no primeiro semestre do ano, a sinistralidade do conjunto das resseguradoras locais alcançou a marca de 85%, percentual que sobe para 123% se forem excluídos os números do IRB Brasil Re. No ano passado, de janeiro a junho, a sinistralidade estava em 60% (ou 70%, excluindo o IRB). “Isso demonstra uma piora significativa”, alerta o estudo.

O relatório aponta ainda que o índice combinado das resseguradoras locais encerrou o primeiro semestre em 101%, o que significa que as despesas superaram a receita em 1%. Até junho do exercício anterior, tal índice ficara em 95%, com a receita ficando 5% acima dos gastos.

De acordo com os analistas da Terra Re, esse dado é “bastante preocupante”, pois é beneficiado pelos resultados positivos obtidos nas retrocessões de várias companhias, “que não deve ser sustentável a longo prazo”.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario