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Parceiros, eles deixaram um legado ao seguro

Fonte: CVG-SP

Um nasceu em Belém do Pará, em janeiro de 1961. Dois meses depois, o outro nasceu em Bariri, interior de São Paulo. Separados na infância por uma distância de mais de 2,5 mil km, Lúcio Flávio Condurú de Oliveira e Marco Antonio Rossi cruzaram seus destinos ainda jovens, aos 20 anos de idade, em São Paulo, na Bradesco Seguros. Na empresa, eles iniciaram na década de 80, com apenas um ano de diferença. Rossi começou primeiro, em 1981, e Condurú, em 1982. Desde então, ambos construíram carreira ascendente, conquistaram amigos e uma legião de admiradores - ou quase discípulos -, atingindo altos postos no grupo Bradesco. 

No cargo de vice-presidente do banco e de presidente da seguradora, Rossi era forte candidato para assumir o comando do banco, substituindo Luiz Trabuco. Condurú, presidente da Bradesco Vida e Previdência, seria o seu sucessor na presidência da Bradesco Seguros. Porém, quis o destino que a longa trajetória de 34 anos de trabalho de ambos fosse interrompida no mesmo dia, de forma trágica, em um acidente aéreo no último dia 10 de novembro, decretando luto em todo o mercado de seguros. 

Segundo a revista Época, naquele dia ambos estiveram no Palácio do Planalto em uma audiência com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, às 15h30, para tratar de questões ligadas à área de seguros, e às 18h30 decolaram na aeronave modelo Citation VII, com destino a São Paulo. O avião, que desapareceu dos radares do controle de tráfego às 19h04, caiu em uma região próxima do município de Catalão (GO). 

Paixão pelo seguro

Além da trajetória profissional semelhante, Rossi e Condurú tinham muitos outros pontos em comum, a começar pela origem humilde. Filho de imigrantes italianos, Rossi relatou certa vez, em um evento, que costumava trabalhar em feiras livres para ajudar os pais. Seu primeiro emprego foi como office boy e o segundo no banco, em sua própria cidade natal. Algum tempo depois, mudou-se para Bauru, onde ocupou a superintendência regional. 

Ele também costumava ajudar entidades da cidade com doações para o fundo municipal dos direitos da criança e do adolescente. Em 2013, doou oito instrumentos musicais para a escola pública em que estudou para que esta participasse do desfile de comemoração do aniversário da cidade. No ano anterior, aceitou o convite da prefeitura de Bariri para participar de seminário de educação. No Umuarama Clube, ele abordou o tema “A Importância do Planejamento no Desenvolvimento na sua Vida, Empresas e Sociedade”. 

Em São Paulo, para onde veio transferido na fase inicial de carreira, Rossi continuou sua trajetória ascendente. O corretor de seguros Paulo Castro, que fundou a Bradesco Previdência Privada, em 1981, lembra-se bem do seu assistente de produção. “Era um jovem promissor, muito estudioso e aplicado”, diz. Rossi também fazia questão de manifestar gratidão ao seu mestre. “A Bradesco Previdência vendeu seu primeiro plano em 10 de agosto de 1981, um mês depois de eu entrar na companhia, em 16 de julho de 1981. O diretor que comandava a minha área era o nosso querido Paulo Castro, com quem tive a honra de trabalhar por muitos anos”, disse, durante evento do setor em 2012, ano em que ele seria eleito diretor vice-presidente executivo, ocupando o segundo mais alto cargo no escalão do banco.

Em sua vida pessoal, Rossi era um homem muito ligado à família e de hábitos simples. Casado com Maria Isabel Moreschi Rossi, era pai de quatro filhos: Marco Antonio, Marcel, Mariana e Marcela. Na presidência da CNseg desde 2013, tornou-se um grande líder, entusiasta do setor e incentivador da inovação. Foi responsável por revolucionar o mercado brasileiro nos últimos anos com seu profissionalismo, competência e sensibilidade. Questionado sobre sua trajetória, durante evento em 2012, ele respondeu: “Sou apaixonado pelo que faço, isso norteia a minha vida. Na vida, existem etapas em que damos mais valor às conquistas e às superações. Acima de tudo, sou apaixonado pelo seguro”.

Com o CVG-SP, Rossi manteve uma relação de amizade, que fez questão de expressar em mensagem enviada por ocasião das comemorações de 30 anos da entidade, na época em presidia a FenaPrevi. “Nesses 30 anos o CVG-SP construiu uma trajetória que contribuiu plenamente para o desenvolvimento do nosso setor, especialmente o de seguros de pessoas. O CVG sempre se destacou também pelo seu tradicional trabalho de formação e qualificação dos nossos profissionais e pela realização de uma diversidade de eventos pertinentes ao segmento, disseminando assim o conhecimento e a boa prática. A entidade assume, de fato, o importante papel de agente agregador entre corretores e seguradoras”.

Em 2013, já no cargo de presidente da CNseg, Rossi foi especialmente convidado pelo presidente do CVG-SP, Dilmo B. Moreira, para almoço, em maio. Na ocasião, ele manifestou otimismo – traço marcante de sua personalidade – em relação ao futuro do setor. “O desafio é grande, mas temos a oportunidade única de continuar escrevendo a história vencedora do seguro”, disse. Rossi também ressaltou que a indústria de seguros crescia em padrões chineses, na média de 5% ao ano nos últimos cinco anos. “O mercado ainda está na adolescência e temos de fazer esse trabalho de construção para que o Brasil possa ser protagonista no mundo”, disse.

A gratidão dos amigos

A generosidade era uma característica que se destacava na personalidade Lúcio Flávio Condurú de Oliveira. Pai de seis filhos, quatro do primeiro casamento, ele tinha duas meninas, uma delas com poucos meses. Em sua página nas redes sociais, hoje, a palavra recorrente é “gratidão”. Amigos e colaboradores postam dezenas de mensagens de agradecimento e adeus.

Em depoimento ao site da CNseg, o ex-presidente da entidade Mario Petrelli também comenta sobre o executivo da Bradesco. “Era experiência e dedicação permanente, estudioso no setor vida e previdência, no qual se tornou vitorioso, destacando-se pela competência. Fará muita falta por tudo aquilo que fazia e ainda poderia fazer pelo mercado com seu conhecimento".

Um ano antes de chegar à presidência da Bradesco Vida e Previdência, Condurú comentou, em evento do setor, sobre o potencial de consumo de seguros da então emergente classe média. “Muito tem se falado na popularização dos seguros, mas eu entendo que há um dever de casa importante a ser feito por todas as empresas do mercado, seus profissionais e também para os corretores hoje atuantes, que é se preparar para maior competitividade e concorrência, compreender e estar apto para usar novas tecnologias e ferramentas”, alertou.

Condurú era associado ao CVG-SP por intermédio da Bradesco Vida e Previdência, benemérita mantenedora da entidade. Nesta condição, ele participava frequentemente dos eventos do CVG-SP.

Recentemente, durante o 19º Congresso da Fenacor, o vice-presidente da FenaPrevi, cargo que exercia desde 2013, destacou a necessidade de se trazer ao país produtos inovadores, como o Universal Life, essencial para uma população que está envelhecendo. “Ser longevo implica também em ter de se preocupar mais com questões que envolvem a aposentadoria. Longevidade é o anseio de todas as pessoas, mas será estão preparadas para uma vida longa e saudável?”, disse.

Ele mencionou, ainda, a falta de preocupação dos jovens em poupar para a aposentadoria. “Os jovens brasileiros são pautados pela manutenção ou aprimoramento de seus hábitos de consumo, de seu padrão de vida, depois disso vem a quitação de dívidas. Ou seja, a preocupação com o futuro começa apenas em torno dos 50 anos. Enquanto isso, os aposentados gastam com saúde em cinco anos o mesmo que gastariam a vida toda”, disse.

Na presidência da Bradesco Vida e Previdência, Condurú desenvolveu importantes políticas para o fortalecimento do segmento no país, ampliando os fóruns de discussão entre as empresas que atuam nas áreas de vida e previdência.

Em nota, a FenaPrevi lamentou as duas mortes: “Ambos se destacaram pela luta incansável pelo fortalecimento dos segmentos de seguros de pessoas e de previdência aberta complementar, sempre com a perspectiva republicana de ampliar a proteção às famílias brasileiras e fomentar o crescimento do país”.


Nesta singela homenagem, fica registrado o reconhecimento do CVG-SP aos dois grandes líderes, que sempre apoiaram nossa entidade na busca incessante pelo desenvolvimento do mercado de seguros. E, no âmbito da amizade, a falta irreparável que sentiremos desses grandes companheiros.

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