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Resultado financeiro deve favorecer lucro de seguradoras em 2016

Fonte: Valor Econômico 


Por Simone Cavalcanti
Luis Ushirobira/Valor
Suffert, da BB Seguridade: setor de seguros tende a ser mais resiliente que outros

A lucratividade das seguradoras deve seguir elevada em 2016 a despeito da crise econômica brasileira. De acordo com analistas da agência de classificação de risco Fitch Ratings, os resultados financeiros obtidos pelas aplicações em títulos públicos continuarão a contribuir em grande parte para o desempenho positivo do conjunto das companhias do setor.

"A alta correlação entre a lucratividade e as taxas de juros cria um 'hedge' natural para o setor, pois as taxas de juros tendem a aumentar em períodos nos quais o crescimento dos prêmios diminui, compensando o efeito negativo da queda da geração de negócios por meio do aumento dos resultados financeiros", afirma Esin Celasun, analista para a área de seguros da Fitch.

Dados do Tesouro Nacional mostram que o estoque de papéis do governo nas mãos de companhias de seguro chegava perto de R$ 120,3 bilhões em novembro, representando 4,7% de participação em toda a dívida pública federal interna.

Em relatório, a Fitch mostra que, nos últimos três anos, o resultado financeiro das companhias de seguros acompanhou a alta da Selic. O resultado financeiro, que foi de 9% dos prêmios líquidos das seguradoras em 2013, chegou a 16% ao fim do terceiro trimestre do ano passado. Diante da evolução, essas receitas deverão compensar a redução do ritmo de crescimento dos prêmios e alguns ajustes negativos pela marcação a mercado dos títulos de renda fixa.

O setor de seguros tende a ser muito mais resiliente do que outros da economia brasileira, diz Werner Suffert, diretor de gestão corporativa e relações com investidores da BB Seguridade. "O colchão de prêmios ganhos criado em anos anteriores nos garante menor volatilidade ao longo do tempo e conseguimos passar um pouco melhor nos anos com atividade mais fraca." Suffert diz que é da natureza do setor gerar provisões e aplicar esses recursos. Com a taxa básica mais elevada, os resultados aparecem. "Mas o resultado financeiro é um adicional, não é nossa sustentação de longo prazo", afirma, ressaltando que essa receita nunca passou de 30% do total.

No entanto, ele admite que o aumento da taxa Selic média na comparação dos primeiros semestres pode potencializar o resultado financeiro nos primeiros seis meses do ano. "Há setores em que há mais concorrência, como o de automóveis, em que o mercado precisa trabalhar com a ajuda do financeiro para trazer rentabilidade."

Na SulAmérica - onde 90% da receita vêm dos ramos de automóveis e saúde -, os ganhos financeiros também são parte fundamental do negócio. Arthur Farme, diretor de RI da companhia, afirma que o foco está na melhora das operações nos produtos dos ramos que oferece. Isso significa controlar custos e aprimorar a análise de riscos, conseguindo elevar margens. As operações com seus 7 milhões de clientes renderam R$ 17 bilhões em receitas em 2014. No terceiro trimestre de 2015, a companhia reportou alta de 16,9% nas vendas de seguros, com receita de R$ 4,1 bilhões entre julho e setembro.

Neste ano, em meio à crise, a taxa de desemprego tende a aumentar, o que gera redução de demanda por alguns tipos de seguros.

"A taxa de juros alta tem impacto na remuneração das reservas técnicas e é parte importante na formação de lucro das companhias", diz Marcelo Blay, presidente da corretora Minuto Seguros, com passagens pela Porto Seguro e pela vice-presidência da Itaú Seguros. O financeiro será um componente de peso principalmente em 2016, ano para o qual o executivo vê mais pontos negativos do que positivos em relação ao desempenho dos diversos ramos do setor.

No caso de automóveis, há dois problemas apontados por Blay: o aumento de fraudes com roubo e furto de veículos e as vendas dos carros novos, que recuaram 40% em 2015. A carteira da corretora já chegou a ter 20% de seguros para carros novos, mas agora são apenas 5%. Ele afirma que, com o aumento da sinistralidade de uma maneira geral e a redução do faturamento, a piora é certa para o índice combinado - razão entre indenizações e prêmios. Nesse sentido, diz, uma ajuda do financeiro é muito bem-vinda.


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