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Aposta em recuperação de setor de seguros no Brasil barra consolidação, vê BNP Paribas Cardif

Fonte: Reuters

A prolongada fragilidade econômica está levando a maior parte das seguradoras que operam no Brasil a ter que esperar mais para alcançar uma rentabilidade adequada, mas a aposta na recuperação do mercado nos próximo anos deve limitar as chances de consolidação no setor, disse o presidente-executivo da BNP Paribas Cardif no país, Adriano Romano.

"Mesmo com o mercado crescendo nos últimos anos, a figura já não era tão positiva para as seguradoras não ligadas a grandes bancos", disse à Reuters. "Desde o ano passado, a coisa está mais complicada e acho que a maioria esta perdendo dinheiro."

Na esteira de um ciclo histórico de crescimento do mercado no Brasil, apoiado no aumento da renda das famílias, da maior penetração de serviços financeiros e da demanda por produtos para proteção de vida e patrimônio, várias seguradoras, a maioria subsidiárias de grupos globais, abriu ou expandiu a atuação no país.

Mais recentemente, no entanto, o segmento tem acusado os efeitos da recessão brasileira, com o volume de prêmios emitidos pelas seguradoras no país em 2015 avançando 3,17 por cento sobre o ano anterior, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). O número é negativo em termos reais, considerando uma inflação superior de 10,7 por cento no período.

Para Romano, as seguradoras do país ligadas a bancos de varejo têm conseguido atravessar esse período relativamente bem, dados fatores como vantagens de escala. Para as demais, o retorno do investimento feito demora mais, especialmente as ligadas a setores mais cíclicos da economia.

A própria BNP Paribas Cardif do Brasil viu sua emissão líquida de prêmios cair 5 por cento em 2015, a 1,73 bilhão de reais, após nove anos com crescimento médio anual de 30 por cento, dado que tem cerca de 90 por cento das receitas de prêmios ligadas aos combalidos setores de varejo e veículos.

Ainda assim, a subsidiária da europeia BNP Paribas Cardif teve aumento de 10 por cento no lucro antes de impostos ante 2014, para 255 milhões de reais, movimento apoiado em parte em maiores vendas diretas de seguro pela Internet, produtos de fiança locatícia, além de cortes de custos e renegociação de contratos com fornecedores.

Segundo Romano, o desempenho reflete em parte o foco da companhia na rentabilidade, mesmo sob pena de eventual perda de participação de mercado. Mas ele já avisa que vai ser difícil entregar aumento na última linha para 2016. Além da tendência de retração na emissão de novos prêmios, a companhia deve sofrer com mais intensidade o efeito do aumento do desemprego, que tem como consequência uma elevação do pagamento de indenizações.

"Devemos ter retração no faturamento; espero ao menor poder repetir o lucro de 2015", disse.

Segundo o executivo, a seguradora já fez em 2015 provisões maiores para despesas com sinistros para este ano, prevendo justamente os efeitos do cenário atual, que leva a companhia a cobrir maiores indenizações provocadas pelo aumento do desemprego.

Apesar disso, em 2015, a BNP Paribas Cardif investiu cerca de 330 milhões de reais no país, especialmente na renovação por mais 10 anos do contrato da Luizaseg, joint-venture com o Magazine Luiza, para venda de serviços de garantia estendida. A seguradora também fez acordos com a unidade brasileira do varejista francês Carrefour e a BV Financeira.

A seguradora avalia que o mercado brasileiro segue como uma boa aposta para o longo prazo e que tem uma posição sólida para resistir a um prolongamento da recessão em curso.

"Temos condição de resistir por bastante tempo", disse Romano, para quem esta não é a realidade da maioria das concorrentes no país. Segundo ele, por terem sócios internacionais, a maioria das rivais menores no Brasil também está apostando numa recuperação mais adiante. "Muitas delas têm as costas largas, com donos internacionais, por isso eu não esperaria uma consolidação nesse mercado", disse executivo.

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