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Classe de alta renda e volatilidade do dólar favorecem seguro em viagens

Fonte: DCI

Apesar do aumento de 97,4% de arrecadação mostrado pela Fenaprevi, seguradoras têm outra realidade e mantêm números com dificuldade. Expectativa para curto prazo, porém, é otimista

São Paulo - O aumento de 97,4% nas contratações de produtos de proteção e viagem está fora da realidade do mercado segurador. Com a crise econômica, ganhos do setor refletem volatilidade do dólar e movimentação de classes de alta renda.

Dados na Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) apontam que o seguro viagem arrecadou R$ 132,3 milhões no acumulado de janeiro a maio deste ano (contra R$ 67 milhões em 2015). Do total nos produtos para pessoas, foi o segundo mais vendido, (37%), perdendo apenas para o auxílio funeral (54,7%).

De acordo com Caio Timbó, diretor da LTSeg, apesar de a decisão ser importante em questão de imprevistos no exterior, a instabilidade política e econômica do País tem afetado diretamente as contratações de seguros.

"O produto de viagens é muito engessado, dando a possibilidade apenas de optar por coberturas adicionais. Mas o problema maior é que o movimento está muito fraco, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas", explica.

A diferença dos resultados da Fenaprevi e da realidade das seguradoras reflete a adequação do mercado para uma resolução de 2014, firmada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) em março, que especificou coberturas básicas e adicionais, além do valor segurado e dos riscos excluídos da apólice.

Segundo Jaime Prazeres, gerente comercial da área de vida da Porto Seguro, uma série de acontecimentos tem determinado a retração no crescimento da companhia, mas o ano não é considerado ruim.

"A economia, a volatilidade cambial, a baixa na renda das famílias e as taxas de desemprego são possíveis fatores, mas não são sua totalidade. Crescemos 25% até agora e temos expectativa de chegar a uma alta de 40% no final do ano. O que notamos, nesse momento, é uma mudança no comportamento das pessoas, que passam a perceber a importância desse produto", identifica o executivo.

Desde o começo do ano, a cotação do dólar americano chegou a ultrapassar os R$ 4, mas, desde fevereiro, a moeda sofreu forte queda e, ontem, já estava cotada em R$ 3,28.

Por isso, o gerente da Porto ressalta que, nas viagens domésticas, o avanço chegou a 56% no trimestre em comparação a igual período de 2015, e são boas as expectativas para este mês. "As férias sempre têm um maior volume de contratação. Talvez seja difícil crescer na mesma proporção que julho passado, mas esperamos a mesma performance ", afirma.

Os especialistas ouvidos pelo DCI ainda destacam que, também por conta do menor poder aquisitivo, o principal público do produto tem sido as classes de mais alta renda.

"Além disso, o movimento que temos percebido são as pessoas comprando o produto mais em cima da hora da viagem. Isso acontece porque elas aproveitam as promoções de companhias aéreas e a baixa do dólar para retomar os planos de viagens que haviam sido cancelados diante o momento difícil do País", complementa Jaime Prazeres.

Pessoas Jurídicas

De acordo com Timbó, o seguro viagem também tem sofrido forte retração na contratação por parte das empresas.

"Mesmo com um plano mais flexível e vantajoso, com uma contagem grande de dias a ser distribuída aos colaboradores, ainda há falta de interesse das companhias de investirem nesse tipo de proteção, o que deixa esses negócios vulneráveis aos riscos", diz o diretor da LTSeg.

De um modo geral, no entanto, os executivos têm boas expectativas para um curto prazo. "O segundo semestre sempre tem um acréscimo de contratações e, com as Olimpíadas, ainda poderá haver um público maior para essa carteira. O seguro de viagens tem um grande espaço para crescimento e é uma alternativa muito importante em caso de emergências, mas ainda precisa ser inclusa na cultura do País", diz Agnaldo Abraão, diretor comercial da April.

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