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Risco de afastamento de atletas estimula clubes a buscar proteção

Fonte: Valor Econômico
Por Janes Rocha

A Olimpíada de 2016 aqueceu o mercado de seguros para esportes que, no entanto, continua incipiente no Brasil. Marcelo Blanquier, diretor da corretora e consultora de riscos internacional JLT, explica que este mercado era praticamente inexistente até pouco tempo atrás, devido ao monopólio do resseguro, que durou 70 anos. A quebra do monopólio em 2008 começou a alterar o cenário. "Hoje há seguradoras que desenham produtos específicos, não tão completos (como o que se vê lá fora), mas têm taxas competitivas", disse.

"O maior risco dos clubes é o afastamento dos jogadores, pois eles têm que pagar o salário do atleta parado", explicou Bernardo Dieckmann, diretor de produtos de vida da Icatu Seguros. Por outro lado, os clubes ainda veem o seguro apenas como despesa e são poucos os que contratam, disseram Blanquier e Dieckmann.

Essa resistência, porém, também começa a cair, na visão de Marcelo Éboli, diretor de marketing da Prudential. "Nossa carteira de atletas duplicou nos últimos nove meses", garantiu.


Além da Olimpíada, outros acontecimentos acenderam a luz amarela da comunidade envolvida com esportes: a queda do voo que matou a maior parte da equipe do Chapecoense em novembro e a Lei Geral do Futebol que está em tramitação na Câmara.

"Depois do triste acidente da Chapecoense temos tido conversas com times grandes que ficaram preocupados com a possibilidade de um sinistro do tipo, pela frequência com que os jogadores se deslocam em viagens", disse o diretor da JLT.

A Prudential desenvolveu coberturas específicas de seguro de vida para as necessidades dos profissionais, incluindo a cobertura de acidentes pessoais com diária de internação hospitalar, relata Éboli. Recentemente, a seguradora aumentou o teto do capital segurado para R$ 50 milhões - para atender a demanda da parcela de público de maior poder aquisitivo, como os jogadores de futebol e atletas de ponta em outros esportes como nado sincronizado e vôlei. São aproximadamente 50 jogadores de futebol segurados, praticamente metade da carteira de atletas da Prudential.

Não há estatísticas oficiais, mas sabe-se que, das apólices contratadas, tanto no futebol quanto em outros esportes, a maior parte é por clubes em que eles próprios são os beneficiários da indenização (e não os atletas), patrocinadores, empresários, ou fundos de investimentos que aplicaram no profissional.

O objetivo é garantir o capital investido nos atletas em caso de "lucro cessante", com o afastamento por acidente ou lesão, explica Dieckmann.

A Icatu é seguradora dos clubes Internacional, Grêmio e Vitória e de atletas como as irmãs Raquel e Rafaela Silva, da seleção brasileira de judô, e o velejador Marco Grael, filho de Torben Grael. Também apoia o Instituto Reação, ONG que promove inclusão social por meio do esporte e da educação, fomentando o judô desde a iniciação esportiva até o alto rendimento. A Icatu paga o seguro para 1.220 alunos do projeto, sendo que desse total, 159 são atletas profissionais.

Estudo da JLT informa que, na temporada 2015/2016, os organizadores do campeonato inglês de futebol gastaram mais de 157 milhões de libras esterlinas (o equivalente a R$ 600 milhões) com seus jogadores machucados.

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