Breaking News

Realocação de carteiras estimula mais aplicações em previdência

Fonte: Valor Econômico
Por Luiz Antonio Cintra | Para o Valor, de São Paulo


A realocação do portfólio decorrente da queda dos juros e da reativação da economia impulsiona as aplicações em previdência, principalmente em VGBL, mas sem deixar o PGBL. Segundo a Anbima, o saldo cresceu 13,6% no primeiro semestre, tendo encerrado o período em 9,6% do total investido pelo private. Com o desempenho, o segmento foi contra a tendência do período mais agudo da crise, quando os saques superaram os depósitos.

No caso do PGBL, a principal vantagem é poder deduzir as contribuições até o limite de 12% da renda tributável, pagando no resgate da aplicação. Para o private, a escolha recai majoritariamente sobre o VGBL, devido à origem da renda, quase sempre composta de dividendos e outras rendas do capital. Nesse caso, a tributação incide apenas sobre o rendimento, não sobre o principal, como ocorre no PGBL a partir do limite de 12%.

Para Renato Folino, head de planejamento patrimonial da XP Investimentos, a previdência privada precisa ser vista como uma das alternativas existentes para os investidores do private. "Um componente importante dos produtos de previdência tem a ver com planejamento sucessório. Os produtos são oferecidos aos clientes como uma das opções dentro dos fundos de investimentos disponíveis", diz.


O crescimento das aplicações em previdência foi puxado, aponta Folino, pelos fundos multimercados, preferidos pelos investidores por sua maior flexibilidade. "Isso dá aos gestores maior liberdade para administrar esses recursos, o que tem a ver com a origem da regulamentação desses fundos, a cargo da Susep", afirma. Com a queda dos juros, os gestores têm buscado alternativas para garantir rentabilidade. "Mas os produtos previdenciários são uma opção de longo prazo, o juro menor não influencia tanto", diz Folino.

Na alocação dos recursos em previdência, o mais relevante, dizem os profissionais, é levar em conta o patrimônio dos investidores como um todo. "A previdência é uma ferramenta que é parte do planejamento patrimonial dos clientes, não pode ser vista separadamente", diz Diego Fonseca, COO e responsável pelo produtos de previdência da Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG).

"Fazemos os produtos de previdência com ambas as seguradoras, são duas plataformas distintas, com produtos iguais, e fica a critério dos clientes escolher um das duas", diz Fonseca. "Na discussão sobre planejamento, vemos com os investidores seus objetivos de rentabilidade e de planejamento sucessório, para combinar isso com a sua carteira de investimentos", diz Fonseca. Segundo ele, o resultado do primeiro semestre precisa ser visto "dentro de um contexto de realocação dos ativos, com os investidores mais animados, das aplicações de renda fixa para ativos de maior risco, como multimercados e bolsa".

Marcos de Callis, estrategista da Votorantim Asset, chama atenção para o fato de o ritmo de crescimento do primeiro semestre ser consistente com a trajetória recente dos produtos de previdência, em geral acima da média. "Caso o governo não mude as regras para os fundos de previdência, acredito que essas aplicações continuarão sendo um segmento bastante dinâmico, inclusive por causa das discussões em torno da previdência. Os brasileiros já perceberam que a previdência pública não irá garantir a aposentadoria de ninguém", diz.

Segundo Paulo Barqueiro, superintendente comercial da Icatu Seguros, o planejamento sucessório tem sido um fator relevante para ampliar a procura pelas aplicações previdenciárias. "A tendência é continuar ganhando participação no conjunto de aplicações do private. Em abril, era 9,1% do total e no fim do primeiro semestre esse índice chegou a 9,6%", afirma Barqueiro.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario