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Nenhum museu público no Brasil tem seguro, dizem especialistas

Fonte: Valor Econômico

Betinho Casas Novas/Futura Press/Folhapress


SÃO PAULO  -  Nenhum museu brasileiro em qualquer esfera, federal, estadual ou municipal, tem seguro para proteção do acervo permanente, que incluiria também a cobertura a danos nos edifícios, afirma o especialista em gestão de segurança da seguradora e resseguradora britânica JLT, Roberto Muniz. De acordo com o profissional, no Brasil, apenas exposições temporárias ou galerias privadas costumam contratar seguros para as obras.

A diretora de seguros patrimonial e responsabilidade civil da Marsh Brasil, Eduarda Tenes, também reforça esse cenário. “É possível que grande parte dos museus no Brasil não tenha seguro”, diz.

Muniz explica que, além de incêndios e catástrofes naturais, a modalidade de seguro para museus costuma incluir cobertura contra roubo, vandalismo e até terrorismo.

O especialista ressalta que para a contratação da apólice pelas instituições precisam cumprir regras de segurança. “As seguradoras têm engenheiros e outros profissionais capacitados que fazem inspeções e apontam as recomendações de segurança que forem compatíveis com os riscos identificados”, diz.

A falta de contratação de seguros por parte de museus públicos ocorre, muita vezes, por falta de atendimento aos padrões de segurança. “Você pode considerar que se a instituição não está dentro do padrão recomendado não se pode fazer o seguro.”

Para Eduarda, da Marsh, esse tipo de cobertura “tem uma colocação muito complexa, dado que o objetivo do seguro é indenizar os bens no estado em que eles se encontravam no momento do sinistro e pelo valor de reposição”.

Na avaliação da diretora da Marsh, em relação a obras de arte torna-se muito difícil estimar o valor dos bens e em grande parte das situações impossível reparar o dano ou a perda efetivamente. De qualquer modo, a contratação da apólice ajuda a diminuir os custos do sinistro.

O consultor da JLT, porém, pondera que os valores cobertos pelo seguro de museu não precisam ser feitos pelo valor de mercado do acervo ou poderiam abranger, ao menos, as instalações. “A instituição pode estabelecer os limites que desejar”, diz.

No caso de contratação da proteção, a gestão de risco das instituições expositoras pode se beneficiar com o mapeamento dos riscos que a companhia de seguros realiza periodicamente. “Na minha experiência, até mesmo as exposições temporárias, que sempre têm seguro por exigência do colecionador que empresta a obra, ficam expostas muitas vezes a condições, diria até péssimas do ponto de vista de gestão da segurança”, afirma.

Segundo Muniz, “em inspeções nos deparamos até mesmo com instituições que não tinham sequer uma brigada anti-incêndio organizada”.

As instituições privadas que tem seguro de acervo costumam contar, de acordo com o especialista da JLT, com sistemas de segurança muito mais rigorosos que incluem monitoramento 24 horas e até salas específicas para exibição e proteção de acervos especiais. “Áreas que lidam com materiais inflamáveis, por exemplo, oficinas e próprio depósito do acervo permanente, em geral, precisam estar isoladas e preferencialmente até em uma outra edificação.”



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