Breaking News

Seguro supera banco em contribuição ao PIB dos EUA

Fonte: Valor Econômico

O setor de seguros gerou mais valor adicionado em termos de percentual do PIB nos EUA dos que os bancos desde a crise de 2008, afirmou Rodney Lester, consultor do Banco Mundial. Conforme o pesquisador, a indústria de seguros e resseguros alcançou, em 2015, 0,5 ponto percentual do PIB americano no melhor momento da série, enquanto os bancos apresentaram taxa negativa.

Lester apresentou os dados no Fórum de Seguros e Resseguros do G-20, o primeiro evento do setor no âmbito do grupo das 20 maiores economias mundiais, que acontece em Bariloche, na Argentina. Segundo o especialista, em tempos de choques econômicos, o setor de seguros "se torna um fator chave para resiliência macroeconômica". Os participantes da indústria são investidores de projetos de longo prazo.

Além do papel de prover recursos para infraestrutura e outros projetos, as empresas do setor atuam no fornecimento de serviços de gerenciamento de riscos, sinalização de preços de risco e, em alguns casos, são provedoras de liquidez no longo prazo a mercados e até aos bancos.

Para Jonathan Dixon, diretor geral da International Association of Insurance Supervisors (IAIS), o setor ajuda a transferir riscos do setor público e tem papel crítico para a estabilidade econômica. "É papel do setor de seguros ajudar a construir economias sustentáveis", disse.

A maior parte do potencial de crescimento para a indústria global de seguros e resseguros está nos mercados emergentes, segundo Juan Pazo, superintendente de Seguros da Argentina. Segundo ele, "cerca de 80% desse potencial de expansão para a indústria está nos países em desenvolvimento".

Para Pazo, apenas a América Latina tem uma necessidade de investimentos em infraestrutura que alcança US$ 8,5 trilhões. A Argentina, afirmou o regulador, pretende lançar um pacote de US$ 8 bilhões em dezenas de projetos de parceria público-privada para atrair mais investimentos, em especial, estrangeiros ao país. "Vemos uma oportunidade para a indústria de seguros."

A atração de investimentos, porém, depende de os governos da região criarem condições macroeconômicas estáveis e reduzirem riscos, como questões jurídicas e regulatórias. Antonio Cassio, CEO para Américas e Europa do Sul do grupo Generali, afirmou que a seguradora criou num segmento para investir os recursos de garantias de seguros de vida em projetos de infraestrutura. "Nosso primeiro fundo tem € 1 bilhão e estamos alocando em projetos principalmente na Europa e EUA", afirmou. Na América Latina, o portfólio vai alocar recursos apenas no México e no Chile, "países com risco percebido menor".

Para Cassio, outros grandes mercados da região, como Brasil e Argentina, precisam melhorar a relação de risco e retorno antes que possam atrair mais recursos de longo prazo de investidores institucionais estrangeiros. "Os investidores ponderam porque entrar em risco de longo prazo nessas nações, se podem obter retorno semelhante em países com grau de investimento", afirmou.

A necessidade global de investimentos em infraestrutura alcança US$ 19,5 trilhões e entre 60% e 70% dessa lacuna está em países de médio e baixos recursos, afirmou Anna Maria D'Hulster, secretária geral da Geneva Association, "think tank" especializada em gerenciamento de riscos e seguros.

Conforme a pesquisadora, a indústria de seguros tem papel chave para "diminuir os riscos de projetos de infraestrutura" e, desse modo, ajudar a mobilizar capital de longo prazo. Além da proteção em si, a indústria também pode atuar como investidora. "Projetos de infraestrutura pode oferecer aos seguradores um bom casamento entre as garantias de longo prazo dos balanços e um portfólio de diversificação."

Um dos grandes problemas globais, segundo a secretária geral da Geneva Association, é a "clareza limitada do setor público" na mitigação de riscos e incentivo de instrumentos de captação de recursos para projetos. "São fatores que desencorajam investidores institucionais de alocar capital em projetos de infraestrutura", disse. Organismos de desenvolvimento, como Banco Mundial, podem ajudar os governos a estruturar projetos e a trazer soluções a essas questões, disse Anna.

A indústria do seguros será fundamental na mobilização do capital privado para desenvolvimento e isso seria facilitado se a regulação financeira reconhecer os benefícios das finanças para infraestrutura, afirmou Joaquim Levy, executivo-chefe financeiro do Banco Mundial e ex-ministro da Fazenda do Brasil. Levy classificou como "uma importante agenda" facilitar o suporte da indústria global de seguros aos investimentos sustentáveis de longo prazo.

O repórter viajou a convite do IRB

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario