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Um mercado muito difícil

Fonte: Valor Econômico

Na semana passada, a Porto Seguro encerrou as atividades da Porto Seguro Conecta - a maior operadora de rede virtual móvel (MVNO, na sigla em inglês) do país. Em cinco anos, a Conecta não conseguiu atingir o ponto de equilíbrio e encerrou 2017 com prejuízo de R$ 56 milhões. Os clientes foram repassados à TIM, dona da rede na qual a Conecta operava.

A Porto Seguro fez os investimentos necessários em tecnologia e serviços, cumpria todas as obrigações de uma operadora regular, mas "a base de clientes pequena, por definição, torna difícil fazer o negócio parar de pé", disse ao Valor Marcelo Picanço, diretor-geral da Porto Seguro. A MVNO acabou prejudicando o grupo Porto Seguro em termos de rentabilidade.

Para o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Juarez Quadros, "a Porto Seguro é um caso isolado, foi a primeira MVNO no país e teve até relativo sucesso". Vários fatores, diz ele, podem contribuir para o fracasso de uma operação desse tipo, como o perfil do cliente, o serviço oferecido, pagamento de tarifas de interconexão e roaming para outras teles, e a própria estratégia do negócio.

Quadros observa que o mercado de telefonia móvel é muito competitivo, com guerras de preços, promoções, descontos, ações difíceis para os pequenos negócios acompanharem.

"A Porto Seguro trocou recentemente seu CEO, então é natural uma mudança na estratégia do grupo", disse Tomas Fuchs, CEO do grupo Datora, que engloba Datora Telecom e Datora Mobile. "Além disso, [o setor de ] telecomunicações tem muita complexidade técnica e operacional, especificidades e diferenças que demandam um alto grau de especialização e um know how que nem todas as organizações detêm ou conseguem desenvolver." Para Fuchs, a regulamentação é adequada e, por isso, nele ão considera que esse tenha sido o motivo para o fim da Conecta.

Segundo Fuchs, a Datora não tem problema de lucratividade. A rentabilidade da empresa vem de um modelo de negócios consolidado, baseado em parte de infraestrutura que a Datora já possuía, e "sempre ficou acima da média do setor" (ver reportagem Datora olha para o 5G e planeja dobrar de tamanho em cinco anos). Para isso, contribuíram a atuação em nichos como internet das coisas e conexão entre máquinas, atenção constante no custo fixo, parceria com marcas fortes e gerenciamento atento às condições de mercado, de acordo com o executivo.

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