Porto Seguro descarta mais aumento de preço

Fonte: Valor Econômico

A seguradora Porto Seguro melhorou os resultados com base numa política de ajuste de preços, um movimento que começou em meados de 2017. Daqui para frente, no entanto, a companhia não enxerga mais espaço para aumento dos valores cobrados dos clientes.

"Os preços estão em patamares adequados. Daqui em diante, tirando casos muito específicos, não vejo muito espaço para mais aumentos", disse ao Valor Marcelo Picanço, diretor da área de relações com investidores da seguradora.

No terceiro trimestre, a Porto Seguro teve um lucro líquido de R$ 318 milhões, uma alta de 23% frente ao mesmo período do ano passado, sem considerar a receita extraordinária da venda da participação no IRB Brasil Resseguros, que ocorreu no terceiro trimestre de 2017. Contando essa receita extraordinária, houve queda de 17,4% no lucro líquido no período.

De acordo com Picanço, com o ciclo de recuperação da economia brasileira, é possível que a taxa de desemprego caia, derrubando também os índices de roubo, furto e acidentes, indicadores que costumam estar relacionados. Com isso, a sinistralidade da seguradora pode ser reduzida, levando até mesmo a uma queda dos preços dos seguros nos próximos trimestres.

"Estamos otimistas com o cenário porque o pior da crise brasileira já ficou para trás, e o país entrou em um processo de recuperação", diz Picanço. "Além disso, a mudança de ares, com o governo eleito, traz à tona a discussão das reformas necessárias para o país, o que deve injetar um ânimo para a economia."

A seguradora tem tido piora no resultado financeiro devido à queda da taxa básica de juro. No terceiro trimestre, a receita com a aplicação de recursos foi de R$ 224,5 milhões, uma redução de 52,6% frente ao mesmo período do ano passado.

Por isso, a Porto Seguro tem sido levada a reajustar preços e reduzir os custos para sustentar o balanço no resultado operacional. Como efeito, de janeiro a setembro deste ano, o ganho operacional com seguros da empresa cresceu três vezes frente ao mesmo período do ano passado.

Outro indicador da empresa que melhorou foi o índice combinado - que reúne sinistralidade e despesas e, quanto mais baixo, melhor. Em 2016, o índice combinado ampliado da empresa era de 91,8%. No último trimestre, estava em 87,5%.

Num cenário em que busca resultados mais consistentes, a Porto Seguro decidiu sair do negócio de telefonia móvel. A operadora virtual Conecta foi encerrada, com a carteira de clientes transferida para a TIM. De acordo com Picanço, o segmento de telefonia móvel é muito competitivo e exige investimento tecnológico avançado.

Segundo o executivo, apesar de sair do negócio de telefonia, a empresa tem uma posição de caixa que permite investir em outras frentes. A Porto acredita que tem a necessidade de expandir nos seguros dos ramos elementares, como o seguro residencial, por exemplo, que ainda têm uma penetração baixa no país. Além disso, a seguradora também quer avançar nos segmentos de vida e previdência, uma vez que a discussão sobre a reforma da Previdência pode despertar o brasileiro para a necessidade de planejar o futuro.