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Previdência privada volta ao radar com novo governo

Fonte: Valor Econômico

SÃO PAULO  -  As perspectivas de que o novo governo aprove a reforma da Previdência e mantenha os juros em níveis baixos devem incentivar o brasileiro a buscar planos de aposentadoria complementar. A expectativa de que a economia melhore durante o mandato de Jair Bolsonaro (PSL) coloca na mira produtos que tenham alocação em renda variável. A missão dos participantes do setor, por sua vez, é oferecer taxas competitivas e desenhar produtos diversificados para aumentar a captação.

Até novembro, os fundos de previdência tiveram captação líquida de R$ 19,6 bilhões, segundo a Anbima. No mesmo período do ano passado, porém, esse número havia sido de R$ 37,6 bilhões. Para gestores, a principal justificativa para a desaceleração foi o cenário econômico ainda fragilizado após a recessão. Com a eleição no meio do caminho, havia dúvidas de que rumo a atividade tomaria. Agora, com a equipe econômica definida, executivos do setor dizem acreditar que o governo Bolsonaro promoverá as esperadas reformas estruturais, incluindo a da Previdência. Como efeito colateral esperam uma aceleração da captação na previdência privada.

“Esse foi um ano atípico, mas pensando para frente, a tendência é retomar o crescimento em um ritmo bastante forte. Tem muita discussão em torno da Previdência e isso traz uma conscientização maior das pessoas e um crescimento da indústria”, afirma Marcelo Fatio, diretor de operações da Itaú Asset Management.

A gestora foi premiada na categoria Previdência Multimercados do Guia de Previdência Valor/FGV 2018, que divulgou ontem os melhores gestores de recursos de previdência aberta do país. O levantamento analisou e classificou com estrelas 570 fundos de investimentos que aplicam recursos de planos PGBL e VGBL.

Jorge Nasser, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência — premiada nas categorias Mega Seguradora, Melhor Gestora Balanceados $>30 (que tem mais de 30% de aplicação em renda variável) e Melhor Gestora Balanceados 15-30 (entre 15% e 30% em renda variável) —, também acredita que a reforma da Previdência trará um “novo estímulo para o setor”. Para ele, “já não se discute mais se é necessária a reforma, mas quando ela será feita”, o que incentiva o aumento da captação.

Uma das respostas do setor para aumentar a captação na previdência foi o corte de algumas tarifas. A seguradora do Bradesco, por exemplo, zerou no fim do ano passado as taxas de carregamento na entrada, pedágio que o investidor paga quando fazia um aporte. “ Isso estimula o novo investidor”, diz.

Outro fator importante que pode atrair recursos, na visão do executivo, é a flexibilização das regras do segmento. Desde o ano passado, gestores de fundos de previdência voltados para investidores qualificados podem aplicar até 100% dos recursos em ações. Para os demais perfis, o limite subiu de 49% para até 70%.

Os produtos que investem em renda variável são a principal aposta para o próximo ano. Para Claudio Pires, diretor de investimentos da Mongeral Aegon, a expectativa de que o país volte a crescer em um ritmo mais acelerado após a transição de governo coloca ativos ligados à bolsa de valores no radar novamente.

“Acredito muito que a bolsa terá uma retomada importante no ano que vem e isso vai atrair captação para esse tipo de produto. Principalmente porque acreditamos em um crescimento do país mais vigoroso em 2019. Então, os produtos que têm renda variável, como os balanceados ou até multimercado com parte importante da carteira aplicada em bolsa devem performar muito bem no ano que vem”, afirma o executivo. A Mongeral foi premiada na categoria Melhor Gestora no Período de 5 anos.

Para Sérgio Bini, diretor-executivo da Caixa, a chance de a taxa básica de juros permanecer em níveis baixos — o que torna os investimentos de renda fixa menos rentáveis — também atrai recursos para produtos que investem em bolsa. “A gente entende que, até pelo cenário econômico, com a Selic mais baixa, o investidor vai buscar produtos mais sofisticados, como multimercados. Alternativas que tenham ações na carteira vão ser uma tendência”, diz. A Caixa foi premiada como Melhor Gestora Balanceados até 15% de renda variável e em segundo lugar de Melhor Gestora Geral.

Usadas como uma das pontes para atrair investidores, as plataformas de investimento continuam em evidência. Segundo os gestores, a ferramenta não compete diretamente com os corretores de seguros. A ideia é que ambos se complementem e conversem com públicos diferentes. “Os dois andam na mesma direção de trazer mais transparência e informação para o mercado”, afirma Bini.

Pires, da Mongeral, acredita que os dois canais servem para ampliar a capilaridade dos produtos. “As plataformas conseguem popularizar de forma digital e mais rápida. Atraem clientes mais jovens, de perfil diferente e que os corretores não acessam. Então, ambos funcionam de maneira complementar.”

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