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CNP Assurances pode ficar com todos os contratos de seguros da Caixa

Fonte: Valor Econômico 

Por Flávia Furlan | Valor

PARIS*  -  A francesa CNP Assurances pode ficar com todos os contratos para a distribuição de seguros na rede da Caixa Econômica Federal, segundo o Valor apurou com fonte próxima à seguradora. Se isso acontecer, será uma reviravolta no processo de reestruturação da Caixa Seguridade, o braço de seguros do banco que deve ser alvo de uma oferta pública inicial de ações (IPO) até junho de 2020, conforme disse o novo presidente, Pedro Guimarães.

No ano passado, a Caixa negociou uma renovação antecipada do contrato que tem com a CNP Assurances, a contragosto da seguradora francesa. O acordo em vigor terminaria em 2021. Em agosto, saiu a nova versão da parceria, no valor de R$ 4,6 bilhões, válido até 2041.

Apesar de ganhar mais tempo, a empresa perdeu algumas modalidades de seguros. O escopo de atuação da CNP foi reduzido aos seguros de vida e prestamista e aos produtos de previdência, linhas que representam 60% dos prêmios da Caixa Seguridade. Antes, a seguradora francesa atendia todas as modalidades.

A ideia da Caixa Seguridade era oferecer os 40% restante a outras seguradoras, com a abertura de concorrências, para arrecadar mais recursos nas parcerias. Dessa forma, faltava ainda escolher os parceiros para os seguros habitacional e consórcio; auto e ramos elementares; odontologia; e capitalização. No fim do ano passado, 14 empresas tinham interesse nos negócios.

Guimarães, que assumiu no início do ano, no entanto, disse em entrevista ao Valor que estava revendo toda a reestruturação da Caixa Seguridade e o contrato firmado no ano passado com a CNP. Numa reunião entre os times da Caixa e da seguradora, foi sinalizado que o banco pode ampliar novamente o escopo de atuação da francesa, sem fazer as demais concorrências.

“É possível que ele desista de fazer as concorrências e tente fechar os contratos das demais modalidades com a CNP”, afirmou uma fonte ao Valor. “Com isso, haveria renegociação do contrato para prever a inclusão de todos os outros ramos no negócio. Existe uma sinalização forte de que esse caminho pode ser adotado.”

A equipe de Guimarães colocou o custo e o tempo para realizar as concorrências como fatores que podem determinar a escolha por ampliar o contrato com a CNP em vez de lançar as novas concorrências. Em evento realizado na semana passada em São Paulo, Guimarães afirmou que quer realizar os IPOs de quatro unidades de negócios - cartões, loterias, seguros e a gestora de recursos – até junho do ano que vem.

Além disso, pesou o fato de uma nova entrante no negócio ter mais tempo para se adaptar e atingir um bom desempenho. De acordo com uma fonte, o mercado sempre desconfiou que a própria CNP poderia dar lances mais atrativos nas concorrências pelas outras áreas de seguros, uma vez que tem mais conhecimento do negócio. “Todo mundo que ia participar não estava com muitas expectativas de ganhar”.

Hoje, a Caixa Seguridade é a quarta maior seguradora do país, com participação de 10,2% no mercado. A subsidiária integral de seguros da Caixa foi criada em maio de 2015, para unificar todas as operações de seguros, capitalização, previdência, consórcio e corretagem do banco. De janeiro a setembro de 2018, a empresa faturou R$ 1 bilhão em prêmios, 7,8% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

O contrato com o banco brasileiro representa de 20% a 30% da receita global da CNP Assurances. Consultada, a Caixa não respondeu até o fechamento da reportagem.

*A repórter viajou à convite da Coface.


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