Breaking News

Bens e serviços de luxo têm poucas opções de garantia

Fonte: Valor Econômico 

Fernando Martinho/Divulgação
Jaime Soares, diretor da Porto Seguro Auto: "O mercado global de luxo se mostra crescente e resiliente"

Quem tem como sonho de consumo ter na garagem veículos com valor de R$ 1 milhão, como um Audi R 8 ou um Porsche Turbo, deve reservar antes até R$ 70 mil para as despesas com seguro (entre 5% e 7% de prêmio do valor do bem) e com garantia estendida. O conselho é de Fabiano Telatin, diretor de serviços de proteção de veículos da Assurant, uma das poucas seguradoras que assumem o risco para a modalidade de garantia estendida para veículos avaliados acima de R$ 500 mil.

"Os itens de tecnologia embarcada devem ser trocados por produtos originais, o que em determinados casos equivale ao preço de um carro nacional zero km", afirma o executivo.

O diretor cita o exemplo da câmera que faz a leitura de faixas em rodovias, alertando o motorista quando ele está desatento. Segundo Telatin, em caso de pane, a troca do equipamento sai por cerca de R$ 60 mil, o equivalente a um modelo zero km de um Honda Fit 1.5 ou um Space Fox 1.6. "É um cenário que teve poucas oscilações nos últimos anos. Nossa carteira tem cerca de 30 mil apólices", afirma Telatin, ressalvando que a garantia estendida é feita apenas para veículos com, no máximo, cinco anos de fabricação.

No ramo de veículos, são poucas as seguradoras que aceitam veículos de luxo. "O mercado global de luxo se mostra crescente e resiliente. Só no ano passado, os bens e serviços desta categoria alavancaram 6% no mundo todo e a previsão é que sigam com uma alta de 3% a 5% ao ano até 2025", afirma Jaime Soares, diretor da Porto Seguro Auto.

O desempenho também foi positivo no Brasil, segundo ele, onde em 2018 este segmento subiu 7,8% em relação a 2017 e movimentou R$ 26,2 bilhões, segundo a consultoria Euromonitor Internacional.

Sem revelar detalhes sobre marcas ou valores, Soares explica que a companhia possui um produto exclusivo para carros acima de R$ 150 mil, que teve um crescimento de 11% no primeiro trimestre em relação a 2018.

A seguradora Liberty conta com um produto na mesma linha, chamado Auto Exclusivo, voltado para carros com preço superior a R$ 200 mil. "Temos forte presença de veículos entre R$ 800 mil e R$ 900 mil, principalmente SUVs e carros de passeio", afirma Mario Cavalcante, diretor de massificados da companhia. Por questões de risco mais elevado, a seguradora não aceita veículos esportivos. As coberturas adicionais pode incluir desde 15 dias de carro reserva até reembolso de indenizações por danos morais causados a terceiros, em decorrência de um acidente. A principal restrição é quanto ao ano de fabricação - a companhia aceita apenas carros com até sete anos de fábrica.

Apesar das oportunidades de mercado, as seguradoras ainda enfrentam resistências em relação ao suposto prêmio elevado da cobertura. "São informações sigilosas, mas o prêmio não é nada assustador", revela Felipe Smith, diretor executivo de produtos pessoa jurídica da Tokio Marine.

Em 2016, a seguradora lançou um produto exclusivo para obras de arte, com valor até R$ 60 milhões, que contava com 178 apólices em 2018. No caso, além de quadros e esculturas, estão incluídos no conceito de obras de arte itens como joias, porcelanas, carros antigos com placa preta e instrumentos musicais, entre outros.

Segundo informações de mercado, o prêmio médio gira em torno de 0,8% a 2% da avaliação do bem, conforme o risco. Segundo Smith, entre os bens segurados já constou uma pintura a óleo avaliada em R$ 12 milhões. A companhia também já segurou uma exposição cujo acervo estava avaliado em cerca de R$ 130 milhões.

Um nicho recém descoberto pelas seguradoras é o das bicicletas "premium", aquelas com valor acima de um carro popular O km. Há cinco anos, a seguradora Argo lançou um produto focado no seguro de bikes avaliadas em até R$ 70 mil, caso da marca italiana Trek, que pesa apenas 4,6 kg. O seguro cobre roubo, furto qualificado (com vestígios), danos durante o transporte e danos a terceiros. "Emitimos uma média de 20 mil apólices/ano, sendo que 20% são de bicicletas de maior valor", afirma Vanessa Oliveira, gerente de parcerias estratégicas. Até dezembro, a Argo pretende atingir R$ 20 milhões em prêmios neste ramo.

Praticante de triatlo e mountain bike, o corretor Alexandre Romero segurou suas duas bicicletas - cobertura completa para um modelo espanhol, de aço carbono, avaliado em R$ 40 mil e outra, de mountain bike, em torno de R$ 12 mil, esta apenas para roubo e furto. "O risco de roubo e furto é muito alto e eu costumo pedalar bastante em estradas e trilhas", afirma. Segundo Romero, o prêmio fica entre 3% e 6% do valor das bikes.




Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario