Mineradoras enfrentam dificuldades para fechar seguros
O desastre do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG) no início do ano, não mudou somente as regras para a exploração mineral no Brasil, o mercado de seguros ficou mais restrito para as mineradoras brasileiras. Apólices de barragens, por exemplo, estão quase inexistentes. Nenhuma seguradora ou resseguradora quer assumir o risco caso ocorra mais um rompimento da estrutura.
"O que está ocorrendo também são contratos 'pró-forma', em que a seguradora faz seguro, mas quem assume todo o risco é a mineradora. Mas, isso acontece somente quando há necessidade de se comprovar a contratação do seguro para, por exemplo, conseguir licença de operação", disse Ricardo Géo, sócio-fundador da Deal Seguros. A corretora é especializada em apólices para o mercado corporativo e o setor de mineração representa de 30% a 35% do volume de prêmio emitido pela companhia. "Seguramos não apenas as mineradoras em si, mas todos os fornecedores de serviços, como por exemplo, os equipamentos usados nas minas", disse.
Géo acrescentou que o preço, inclusive, deu um salto depois do desastre da Vale em Brumadinho. Um exemplo foi a renovação de uma apólice de um cliente que detém uma frota de equipamentos avaliada em R$ 100 milhões. O prêmio anterior foi de R$ 800 mil. Na renovação, esse valor saltou para R$ 2,3 milhões.
"Esse aumento no valor da apólice acontece para toda atividade ligada à mineração e não é somente para empresas como Vale ou Samarco, que já tiveram rompimentos de barragens, é para as pequenas mineradoras e fornecedores que buscam seguros. A restrição é pela atividade", disse o executivo.
Quando a barragem da Mina de Fundão da Samarco se rompeu em novembro de 2015, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), os seguros para a atividade também se valorizaram. "Na época, apólice para barragem de rejeito não era feita. Mas, o mercado se acomodou e voltaram as negociações para seguros para riscos de engenharia em obras de alteamento, por exemplo", disse Rodrigo Kihara, diretor executivo da Deal.
Segundo ele, ninguém imaginava que poderia acontecer outro rompimento de barragem e com proporções tão maiores. "Agora, as seguradoras e resseguradoras estão mais cautelosas ao assumir riscos na mineração. Ou é um valor muito alto ou não se faz seguro."
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