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Bradesco perdeu a Porto Seguro porque queria o controle acionário


O presidente da seguradora diz que escolheu fechar com o Itaú Unibanco para manter acionistas atuais no comando da operação


Fonte: Portal Exame

Por Peri de Castro 24.08.2009

A garantia de que o controle sobre a Porto Seguro ficaria nas mãos dos atuais acionistas majoritários da empresa foi decisiva para que os executivos da seguradora optassem por uma associação com o Itaú Unibanco, e não com o Bradesco, afirmou nesta segunda-feira o presidente da Porto Seguro, Jaime Garfinkel.

"Nós queríamos uma forma de controle sobre a operação de ramos elementares e o Bradesco entendia de outra forma", explica Garfinkel. "O Itaú é mais democrático neste aspecto", ele diz.

As negociações da Porto Seguro com o Bradesco arrastavam-se desde o fim de 2008 e o mercado já especulava a respeito do impacto da parceria sobre as duas companhias, a ponto de as ações da seguradora terem sofrido baixa de 3,61% na última sexta-feira, quando a empresa anunciou que havia desistido de um acordo com o Bradesco. No mesmo dia, o Ibovespa fechou em alta de 1,58%.

O diálogo entre os executivos das duas companhias começou por iniciativa da própria Porto Seguro, no fim de 2008. Garfinkel conta que a empresa enviou emissários para sondar o interesse do banco num acordo e, a partir daí, as conversas foram avançando, até travarem na exigência do Bradesco de obter o controle acionário da seguradora. A mudança de presidência no Bradesco, anunciada em janeiro, mas oficializada apenas em março, tornou o processo ainda mais lento. Apenas na metade do ano, quando Luiz Carlos Trabuco Cappi já ocupava a cadeira do banco há alguns meses, é que o processo esquentou.

Negociação com Bradesco ajudou Itaú Unibanco

No começo de agosto, fontes do mercado ouvidas por EXAME chegaram a dizer que as empresas haviam alcançado um acordo preliminar para resolver o impasse. Segundo esse projeto prévio, o Bradesco compraria 34% das ações da seguradora e assumiria o direito de adquirir outros 17%, que lhe dariam o controle da empresa num prazo de cinco anos. A Porto Seguro, porém, sempre afirmou que a venda do controle acionário estava fora de questão e, no fim das contas, o projeto mostrou-se insuficiente para selar uma parceria.

"Eles (executivos do Bradesco) tinham uma visão de compartilhar o negócio, mas nós achamos que não era isso que queríamos. Eu estou acostumado a ter meu jeito, minha forma de gestão, acho que tive esse sucesso na vida porque tive liberdade de ação. Fiquei com receio de não ter mais essa liberdade", explica Garfinkel.

Imediatamente após desistirem da associação com o Bradesco, os executivos da Porto Seguro entraram em contato com o Itaú Unibanco. As conversas tiveram início em 14 de agosto e, em 23 de agosto, já estava fechado o acordo. Ironicamente, os meses de negociação com o Bradesco ajudaram a agilizar o fechamento do contrato com o banco rival.

"A gente já tinha aprendido, criado o know-how de como conduzir o negócio. Nós tínhamos minutas do que queríamos, então foi fácil submeter a eles uma proposta pronta", diz Garfinkel. "Evoluiu rápido, tem gente que não compra apartamento em 15 dias, mas a gente conseguiu fazer um negócio desse tamanho em nove", ele brinca.

O controle exigido pela Porto Seguro foi negociado com mais flexibilidade pelo Itaú Unibanco e preservado no contrato assinado pelas empresas. Após uma reorganização societária que dará origem a uma nova sociedade, a Psiupar, os controladores da Porto Seguro ficarão com 57% da empresa, enquanto o Itaú Unibanco terá outros 43%. A Psiupar, por sua vez, terá 70% da Porto Seguro, permanecendo os demais 30% no mercado.

Valor da operação chega a R$ 1,7 bi

Nenhum dinheiro novo será injetado na Porto Seguro, mas o negócio trará ganhos de sinergia e permitirá às empresas melhorar a estratégia de distribuição dos produtos. As agência bancárias do Itaú Unibanco passarão a oferecer produtos da Porto Seguro e de outra empresa do grupo, a Azul Seguros, além dos produtos das seguradoras ligadas ao próprio banco.

Os seguros devem manter os preços e características que já possuíam, por isso, o cliente das seguradoras envolvidas não sentirão diferença no curto prazo. Os executivos e funcionários do Itaú Unibanco que atuam na área de seguros de automóvel e residência serão alocados na Itaú Unibanco Seguros de Automóvel e Residência, companhia que herdará o patrimônio líquido de 950 milhões de reais a ser transferido das seguradoras do banco e, em seguida, será transferida para a Porto Seguro. No longo prazo, a Porto Seguro também deve ter a preferência do Itaú Unibanco em eventuais parcerias para lançamento de novos produtos.

O presidente executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, estimou que o valor da transação chega a 1,7 bilhão. Esse é o valor da fatia de 30% da Porto Seguro que caberá ao banco, após concluída transferência da carteira de seguros de carro e casa do Itaú Unibanco para a seguradora.

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