Sucessão na Porto Seguro passará pelo Itaú

Fonte: O Estado de São Paulo

Em agosto do ano passado, o Itaú-Unibanco se associou à Porto Seguro para unificar as operações de seguros residenciais e de automóveis, adotando uma estratégia contrária à do seu principal competidor, o Bradesco, que tem esses produtos dentro de casa. Ficou acertado que o Itaú teria pouca influência na gestão da Porto Seguro e que quem tocaria o negócio seria Jayme Garfinkel, o fundador da companhia. Mas essa configuração deve mudar na próxima geração.

"Quem de certa forma manda na Porto Seguro é o Jayme. De certa forma, somos minoritários, mas com uma perspectiva de termos mais influência", afirma Roberto Setubal, presidente do Itaú. "A sucessão do Jayme passa pelo Itaú. Seremos parte necessária na escolha do sucessor. Teremos direito de veto", revela, sem dar mais detalhes sobre o futuro da associação. Hoje, o Itaú tem 30% das ações da Porto Seguro.

Comprar uma participação menor ou fazer parcerias para depois assumir todo o negócio é uma prática comum do Itaú.

No fim de 2008, ele comprou uma participação de 4,25% que os antigos sócios do BBA ainda tinham no Itaú BBA, passando a deter 100% das ações do banco de atacado do grupo.

No caso do Unibanco, o contrato tem uma cláusula que dá o direito de preferência de compra à Itausa caso a família Moreira Salles decida vender suas ações. "É uma cláusula quase padrão em acordos de acionistas. Esse direito obriga o vendedor a vender ao sócio que tem a preferência em comprar caso ele ofereça a mesma condição de outro ofertante que tenha sido aceita pelo vendedor", explica Setubal.

Na época do anúncio, os analistas questionaram o termo fusão. Se olhado pelo aspecto do controle acionário da instituição resultante, a palavra é adequada. Isso porque os dois bancos tem 50% cada do controle da holding que comanda as operações de Itaú e Unibanco. No entanto, do ponto de vista econômico, o Itaú é o protagonista, porque tinha mais do que o dobro do tamanho do Unibanco.