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Viúvas sem direito a seguro por acidente

Fonte: Jornal do Commercio - PE

Exército confirmou que famílias dos militares brasileiros mortos no terremoto do Haiti só têm direito ao pagamento de seguro de vida por morte natural e não por acidente em serviço, o dobro do valor

BRASÍLIA O Comando do Exército informou ontem que as viúvas de militares mortos no terremoto do Haiti não terão direito a pagamento de seguro de vida por acidente em serviço , como reivindicam, mas apenas à metade do valor, como se os militares tivessem sofrido morte natural.

A apólice de seguro contratada pelos militares na Fundação Habitacional do Exército (FHE) não prevê pagamento em caso de eventos provocados pela natureza, como um terremoto, informou o Exército. O produto vendido pela fundação do Exército foi repassado à seguradora Bradesco, responsável pelo pagamento da apólice.

A disputa pelo valor pago pelo seguro já havia causado a demissão do general da reserva José Antônio Nogueira Belham, por supostamente ter tratado mal três viúvas de oficiais mortos no Haiti que reivindicavam o pagamento. Ele foi exonerado pelo comandante do Exército, general Enzo Peri, da vice-presidência da Fundação Habitacional do Exército, que controla a Associação de Poupança e Empréstimo, a Poupex.

Mas, um mês após a demissão, o Exército manteve ontem a interpretação de que as viúvas não teriam direito a nenhum pagamento pelas regras do seguro de vida. O terremoto de janeiro no Haiti matou 18 militares que integravam a Força de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com o Comando do Exército, o pagamento de indenização de R$ 500 mil por família e de auxílio de R$ 510 mensais por filho em idade escolar dos militares mortos, já aprovado pelo Congresso, agora depende de regulamentação no Ministério da Defesa. Por ora, as famílias recebem pensão. A ONU também pagou indenização de US$ 50 mil por família.

A intenção de quatro das viúvas de militares recorrerem à Justiça foi relatada ontem pela coluna do jornalista Elio Gaspari publicada nos jornais Folha de S.Paulo, O Globo e Jornal do Commercio. O texto diz ainda que apólices contratadas por dois dos militares mortos no Haiti nas seguradoras Itaú e Amil já pagaram o valor correspondente à morte por acidente.

O Comando do Exército insistiu ontem em que as regras do seguro de vida contratado na Fundação Habitacional do Exército preveem que não haveria cobertura em caso de terremotos ou demais eventos causados pela natureza.

Já demitido, Belham relatou, por e-email, que levara a reivindicações das viúvas ao comandante do Exército. Liguei para o General Enzo, comunicando a situação, tendo o mesmo achado que estaria bem, uma vez que não deveriam receber nada e iriam receber alguma coisa , contou Belham.

O e-mail de Belham foi uma resposta a um outro e-mail enviado a dezenas de militares por Emília Martins, viúva do major Adolfo Martins. Na mensagem, Emília narrava a forma como ela e outras duas viúvas haviam sido tratadas pelo general.

A Poupex orgulha-se de priorizar as famílias militares. Meu marido pagou o seguro por 30 anos. E agora, depois que a nossa vida virou pelo avesso (dela com o casal de filhos), somos surpreendidos e humilhados com isso , lamenta a bancária Cely Zanin, viúva do coronel João Eliseu Souza Zanin, uma das vítimas.

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