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Poupança é a queridinha do investidor brasileiro

Fonte: Diário de Pernambuco - PE

Onúmero de investidores na bolsa de valores está crescendo no país. Mas o investimento preferido do brasileiro continua sendo a poupança. A preferência tem uma explicação hereditária.

O gosto pela caderneta passa de pai para filho. Outro motivo é a facilidade para se abrir uma conta.

Basta um pouquinho de dinheiro para começar. E continuar. De acordo com dados do Banco Central, as poupanças com depósitos de até R$ 100 representam 56,3% do total de contas ativas no país. Durante anos, esta foi a realidade da estudante de secretariado Andréia Pessoa, 27 anos.

"Abri a conta com R$ 50. Durante muito tempo, o valor sempre esteve abaixo de R$ 100", conta Andréia, que tinha 19 anos quando se tornou uma poupadora oficial, em 2002. Foi incentivada pela madrinha.

Como nunca tinha recebido mesada, resolveu guardar parte do dinheiro do primeiro estágio. Na ocasião, ela ainda cursava o ensino médio. Em março deste ano, a caderneta da estudante ficou verdadeiramente gorda pela primeira vez.

Ela recebeu cerca de R$ 6 mil de um acordo trabalhista. Colocou tudo na poupança. De uma hora para outra, Andréia saiu da massa de pequeninos poupadores.

Agora, a estudante faz parte do grupo dos que têm entre R$ 5 mil e R$ 10 mil guardados na caderneta.

São eles que detêm o maior volume de dinheiro depositado da poupança: R$ 29,4 bilhões. Seguindo a cartilha dos especialistas em finanças pessoais, Andréia estabeleceu um objetivo para o dinheiro aplicado. Ela quer usar a grana para fazer um intercâmbio fora do país. Pretende passar seis meses estudando no exterior. "Quero me qualificar em inglês para ter oportunidade de trabalhar em grandes empresas", conta a estudante, que se forma em dezembro.

Se fosse ficar apenas um mês estudando, o dinheiro daria perfeitamente.

Como quer ficar mais tempo, ela calcula que precisará de, pelo menos, R$ 15 mil para as despesas com passagem, hospedagem e aulas. "Sei que o que eu tenho ainda é pouco, mas já é um começo. Tenho noção que preciso poupar mais". Pelo jeito, não é só ela. De acordo com o Banco Central, entre janeiro e agosto, a poupança registrou uma captação líquida de R$ 20,89 bilhões. A captação é a diferença entre o valor dos depósitos (R$ 747,42 bilhões) e das retiradas (R$ 726,52 bilhões).

Na comparação com os oito primeiros meses de 2009, houve um aumento de 71% na captação. Para João Carlos Sá Leitão, gerente regional de pessoa física da Caixa Econômica Federal, a continuidade do crescimento da poupança está ligada ao processo de bancarização (acesso a produtos e serviços bancários) da população de renda mais baixa. "No momento que essa pessoa começa a poupar, ela procura um produto mais simples", destaca. Os bancos não estabelecem um valor mínimo para a abertura da conta, por exemplo.

Outro detalhe importante sobre a poupança é que a aplicação tem remuneração mensal garantida de, no mínimo, 0,5% mais a TR (Taxa Referencial). Não é o melhor dos mundos no mercado de investimentos.

Mas também não é taxada de impostos. "O que nós vemos em outros países é a preferência pela previdência privada ou outras aplicações. Já o fenômeno da poupança é muito brasileiro. É o produto de entrada no mercado financeiro, a primeira aplicação, independente do nível de renda", reforça João Carlos Sá Leitã

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