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Surge um mercado bilionário

Fonte: Exame

Esta é a melhor fase do setor de seguros no Brasil. As companhias se preparam para dar um salto garantindo obras gigantescas, como as da Copa e do PAC, e atraindo milhões de brasileiros que nunca tiveram seguro

O otimismo atrapalha?

Hoje, a penetração dos seguros na economia brasileira é baixíssima. O setor representa 3% do PIB, um dos menores percentuais entre os países emergentes. No passado, o que brecou o desenvolvimento dos seguros foi a mão pesada do governo. Uma estatal, o IRB, deteve até 2008 o monopólio da engrenagem que faz esse setor funcionar, o resseguro que, de forma simplificada, é o seguro do seguro. Quando uma seguradora faz uma apólice em que o risco de perda é alto demais (o que inclui praticamente todas as grandes obras), ela repassa parte do contrato para uma resseguradora. Nos tempos de monopólio, só o IRB podia trabalhar com resseguros - e sua capacidade era limitada. "Numa obra de 10 bilhões de reais, conseguíamos segurar 2 bilhões", diz Marcos Lima, diretor da Odebrecht Corretora de Seguros, que administra as apólices do grupo. O setor, agora, está numa fase de adaptação - por enquanto, o IRB ainda faz 80% das apólices. Espera-se que, aos poucos, o setor privado assuma o papel que foi do governo. "Entramos no mundo real depois de décadas de mercado fechado. Ainda vivemos a transição", diz Octávio Luiz Bromatti, diretor de riscos industriais da Mapfre.

Apesar de a expectativa de crescimento nunca ter sido tão alta, ainda há obstáculos para que os seguros se tornem realmente populares. "O brasileiro, em geral, é um otimista e isso pode fazer com que ele ache que não precisa de seguro", diz Marcelo Neri, economista da FGV. Neri estuda o setor de seguros e coordenou um levantamento sobre as perspectivas dos jovens em relação ao futuro, comparando seus resultados com os de 131 países. Embora tenham uma visão apenas parcialmente favorável do presente, os brasileiros são os que esperam um futuro mais róseo. Há, além disso, uma barreira cultural - a maioria dos brasileiros nunca fez um seguro na vida. A julgar pelo apetite das seguradoras, a aposta é que, em pouco tempo, essa cultura de certo descaso com o futuro vá mudar.

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