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Agência canadense vai fazer resseguro de obras no país

Fonte: Valor Econômico

Export Development Canada (EDC), agência de estímulo à exportação do governo do Canadá, pediu autorização à Susep (Superintendência de Seguros Privados) para entrar no mercado de resseguro para grandes obras de infraestrutura no Brasil, de forma a ampliar a capacidade das seguradoras locais. "A crise de 2008 fez com que nós ampliássemos nossa forma de atuação", diz o presidente da EDC, Eric Siegel, em visita ao Brasil.

Além de atuar no resseguro, a EDC pretende ampliar sua presença como investidor no capital de projetos de infraestrutura e de companhias brasileiras, por meio de fundos. Outra novidade: a Vale está para fechar o primeiro empréstimo para empresa brasileira da EDC para investimento no mercado interno canadense, em linha de crédito para companhias estrangeiras no Canadá inaugurada em maio. "Ao investir no Canadá, a Vale aumenta as exportações canadenses", explica Siegel, que não quis revelar maiores detalhes da transação.

Como no caso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a EDC teve de aumentar sua atuação com a crise de 2008, de forma a suprir deficiências no mercado de crédito privado e de seguros. Garantiu por meio de empréstimos ou seguros US$ 4 bilhões em transações com mais de 160 empresas no mercado canadense em 18 meses, atividade na qual nunca havia se envolvido antes. "Emprestamos a empresas que são domiciliadas no Canadá para ajudá-las a sobreviver durante a crise", afirmou Siegel.

Além disso, a tarefa da agência, de ampliar as exportações canadenses e o comércio com os países do mundo todo, se tornou mais difícil. No ano passado, com a crise nos Estados Unidos, as exportações do Canadá, que vão em sua maior parte (70%) para esse mercado caíram 24%. A EDC, no entanto, possibilitou com garantias, seguros e empréstimos US$ 80 bilhões no ano passado, uma queda de 5%. Desse total, US$ 5 bilhões foram na América Latina e US$ 1,5 bilhão no Brasil.

Para este ano, Siegel calcula que as transações com o Brasil cheguem a US$ 2 bilhões.

Esse valor não inclui a atividade de resseguros para grandes obras. A ideia é atuar no mercado de seguro garantia, aquele que garante o pagamento dos empréstimos no caso de problemas na fase de construção de projetos, a fase pré-operacional.

"Nos projetos nos quais nós percebermos interesse canadense, levaremos nossa capacidade para ajudar as empresas de seguro no Brasil", diz Siegel.

Hoje, a EDC pode atuar no mercado de resseguro do Brasil em operações offshore, em dólares.

Mas, para projetos em reais, há necessidade de seguro e resseguro em reais. "Há uma limitação no que poderemos oferecer, que, pelas regras brasileiras, é 10% do que as empresas seguradoras detêm nos seus balanços", explica Jean Cardyn, presidente da EDC na América Latina.

Cardyn explica que a ideia é atuar por meio de garantias nos projetos e a meta é obter a licença de "ressegurador ocasional", que não precisa de capital no mercado interno brasileiro. Eles não quiseram precisar o quanto pretendem ressegurar. Todo ano, nessa área, a EDC já garante cerca de US$ 8 bilhões em todo o mundo.

Além de contribuir com o resseguro, a EDC pretende participar no capital dos projetos, ampliando a participação que já tem em fundos que investem em participações no país (private equity). "Nos últimos três anos, ampliamos nossos negócios em participações e deixamos de focar apenas no mercado canadense para atuar em outros países prioritários", diz. Foram escolhidos a China, a Índia, a África, a Turquia e a América Latina, com destaque para o Brasil.

A ideia é atuar por meio de fundos com muitos investidores nos setores imobiliário, de transmissão de energia elétrica, geração de energia, óleo, gás, distribuição de água, transporte. Segundo Siegel, a área de investimento em participações da EDC tem US$ 700 milhões, dos quais US$ 350 milhões estão investidos. A ideia é crescer o total disponível para investimento para cerca de US$ 1 bilhão a US$ 1,2 bilhão.

Em dez anos de atuação da EDC no país, o estoque de investimento das empresas canadenses no Brasil cresceu de US$ 6 bilhões para US$ 12 bilhões. "As Olimpíadas e a Copa abrem muitas oportunidades", diz. Os bancos canadenses também estão entrando com tudo - não tiveram muitas perdas na crise e agora querem investir com tudo no país. Os exemplos são o Scotia Bank e o Royal Bank of Canada.

O total de ativos da EDC no final do ano passado era de aproximadamente US$ 30 bilhões.

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