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Catástrofes naturais viram desafio para mercado segurador

Fonte: Brasil Econômico

Estimativa é que perdas com eventos climáticos cheguem a 5% do PIB da América Latina nos próximos 25 anos

O aumento da frequência com que chuvas, vendavais e até ciclones têm afetado diversas regiões brasileiras tem trazido prejuízos econômicos não só para os governos e para a população, mas também para o mercado de seguros. Atualmente, esse último acaba sendo financeiramente pouco afetado, pela baixo alcance que tem na sociedade brasileira. Mas com a estimativa de que esse mercado dobre a participação no Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos, num futuro nada distante suas perdas deverão ser muito maiores.

Projeções indicam que na América Latina as perdas decorrentes de catástrofes naturais atinjam 5% do PIB nos próximos 25 anos. Em termos mundiais, as perdas seguradas devem chegar a US$ 41 bilhões por ano entre 2010 e 2019, segundo projeção de Armin Sandhövel, presidente da Allianz Soluções Climáticas.

"Com o desenvolvimento econômico da região, mais riquezas são produzidas, o que gera perdas maiores em catástrofes", comenta Walter Stahel, vice-secretário geral e chefe de pesquisa de gerenciamento de riscos da Internacional Association for the Study of Insurance Economics, mais conhecida como Geneva Association.

Ele destaca que os eventos climáticos causam, também, grandes problemas sociais. "Uma das dificuldades em países menos desenvolvidos é assegurar a manutenção da renda da população depois de uma catástrofe, o que também é uma oportunidade para as seguradoras", diz o pesquisador, que esteve no Brasil na semana passada para o seminário sobre mudanças climáticas CC+I (Climate Change and Insurance).

Entidade sem fins lucrativos, a Geneva Association desenvolve pesquisas que auxiliam o mercado e é apoiada por um conselho do qual fazem parte os presidentes das maiores seguradoras do mundo. Formado por, no máximo, 90 membros, o conselho tem três cadeiras ocupadas por companhias brasileiras: Itaú Unibanco Seguros, Bradesco Seguros e Sulamérica.

Calor e chuvas
Para efeito de estudos, a Geneva Association estuda a mitigação de três efeitos de mudanças climáticas globais: concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera, o nível médio do mar e a temperatura média do ar e do oceano. Christophe Courbage, diretor de pesquisa sobre saúde e envelhecimento da Geneva Association, explica que o aquecimento global afeta, principalmente, a população de idosos. "Na Europa, milhares de idosos morreram em 2003 por conta do calor acima do normal", lembra o pesquisador.

Em países tropicais, como o Brasil, o calor eleva a incidência de doenças como dengue e febre amarela. "Isso aumenta a frequência de hospitalizações, o que impacta o resultado dos planos de saúde, além da economia no geral, pelos dias de trabalho perdido", avalia Courbage. "No Brasil, não temos grandes eventos, mas as chuvas são um grande problema", avalia Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros no Brasil. Ele cita o excesso das chuvas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em algumas regiões do Sul e Nordeste do país. Nesses casos, a maior parte das indenizações pagas pelas seguradoras é de linhas patrimoniais, com os danos a veículos e prédios.

Para mitigar os efeitos das mudanças climáticas " sejam elas causadas pelo que Stahel chama de " ação de Deus, do homem ou da natureza? - o pesquisador diz que precisa haver uma ação conjunta com o governo. "Se não há coordenação com as autoridades públicas, não funciona", adverte Stahel.

"As perdas mundiais seguradas devem atingir US$ 41 bilhões por ano entre 2010 e 2019"

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