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Brasil Insurance estreia com alta de 27%

Fonte: Valor Econômico

Mercado de capitais: Desempenho é o mais expressivo em uma oferta pública inicial neste ano.

As ações da Brasil Insurance , holding de corretoras de seguros, estrearam na segunda-feira com forte alta na bolsa paulista, de 27,4%. Foi o desempenho mais expressivo de uma novata desde que o laboratório Fleury subiu 14% no primeiro dia de negociação, em dezembro de 2009.

Os papéis movimentaram R$ 180,2 milhões e fecharam a R$ 1.720 - pelo fato de a companhia não possuir um histórico de operações, a oferta foi destinada apenas a investidores qualificados.

A operação somou R$ 567,3 milhões, sendo que 45%, ou R$ 255 milhões, foram para o bolso dos acionistas vendedores, o fundo Gulf e donos de 26 corretoras de seguros que passaram a formar a empresa.
Em 2009, o faturamento bruto dessas corretoras, conforme informações do prospecto da oferta, foi de R$ 125,6 milhões.

Apesar de o discurso do mercado ser de que os investidores estão cada vez mais seletivos para ofertas de ações, o tamanho relativamente pequeno tanto da emissão quanto do faturamento da companhia e o fato de ela ter uma parte relevante em colocação secundária não afastaram os compradores dos papéis.

A colocação da oferta representa, de fato, a constituição da empresa. A auditoria externa da companhia, Ernst & Young Terco, informa que examinou apenas dados referentes a mutações de patrimônio líquido e fluxos de caixa. Em seu parecer, que acompanha o prospecto, a firma coloca um parágrafo de ênfase (uma espécie de observação, que não significa erro) destacando que a Brasil Insurance celebrara contratos de permuta com os donos das corretoras que a compõem e entregou a cada um deles ações mantidas em tesouraria, recebendo, em contrapartida, quotas das corretoras.

A condição para que essa troca se efetivasse era a concretização do evento de liquidez que foi a oferta de ações. Até a data observada pelo auditor, a Brasil Insurance estava em fase pré-operacional e o início de suas atividades dependia do sucesso dos objetivos e planos de sua administração, que incluía a integração de negócios e estruturação administrativa e também a abertura de capital.

A empresa, criada em março deste ano, não apresentou dados pro forma de seu resultado para anos anteriores.

Apenas 9 das 26 corretoras de seguros que compõem a empresa foram auditadas. A Ernst & Young Terco fez uma ressalva - esta, sim, indicação de um problema relevante - nos dados apresentados pelas nove: o fato de não terem apresentado as demonstrações do resultado e os fluxos de caixa do primeiro semestre de 2009, conforme requerido pelas práticas contábeis, por considerarem que as mesmas não seriam comparáveis com as demonstrações do primeiro semestre de junho de 2010.

Além da ressalva comum a todas, cinco possuem comentários de ênfase. Dessas, três - 4K, Sercose e Âncora - apresentavam capital circulante líquido e patrimônio líquido negativos em dezembro de 2009 e em junho de 2010. Elas também possuíam créditos a receber de partes relacionadas. A corretora APR tinha créditos a receber de operação de mútuo. A corretora Retrato havia absorvido uma outra, a Stratus, mas ainda operava com dois contratos de prestação de serviço. Todas tiveram lucro no ano passado e no primeiro semestre deste ano.

As outras 17 não foram auditadas por serem recém-constituídas, informa o documento. Duas desse grupo, GDE e Romap, não estão habilitadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para o exercício da corretagem.

A Brasil Insurance foi estruturada a partir de uma seleção, realizada pelo fundo de participações Gulf, que tem entre seus principais cotistas Ney Prado Junior, que fez carreira no mercado financeiro. O Gulf foi o responsável pela criação da Brasil Brokers , que reuniu corretoras imobiliárias e fez uma oferta inicial de ações em 2007, ano mais aquecido para esse tipo de operação na BM&FBovespa.

Para criar a Brasil Insurance, o Gulf mapeou durante dois anos aproximadamente 350 corretoras de seguros no Brasil, das quais selecionou 180. Desse total, manteve conversas com 80, até fechar com as 26 que compõem a empresa.

A seleção, informa, foi feita com base na excelência de negócios, áreas de atuação, histórico e reputação de seus sócios corretores e expectativa de crescimento de negócios, proporcionando acesso a uma carteira diversificada tanto do ponto de vista de segmentos de atuação quanto geográfico.

O prospecto destaca que o Gulf já consolidou corretoras no setor imobiliário, e a Insurance diz acreditar que essa dinâmica de consolidação possa ser replicada de forma rápida e eficiente no setor de seguros.

A Brasil Brokers foi à bolsa em 2007 e reunia 16 empresas de intermediação imobiliária. Diferentemente da Insurance, apresentou dados pro forma para seus resultados e já existia antes da oferta. Cinco corretoras imobiliárias tiveram os balanços auditados e apresentaram dados de dois anos anteriores à abertura de capital. Cinco outras apresentaram números referentes ao primeiro semestre de 2007, também auditados. As restantes não mostraram dados porque tinham sido recém-constituídas para minimizar riscos fiscais, trabalhistas e cíveis.

A ação da Brasil Brokers está praticamente estável em relação ao preço da oferta pública inicial de 2007.

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