Breaking News

Grandes obras pedem grandes garantias

Fonte: Valor Econômico

O trabalho de seguradoras, resseguradoras, consórcios construtores, consultorias e bancos financiadores para aprovação da apólice de R$ 2,4 bilhões em garantia para a construção da Usina Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho (RO), a maior transação mundial neste ramo de seguro até então, indicava, já no ano passado, a importância crescente desse segmento no Brasil. A tendência se mantém firme e alguns especialistas calculam que o volume de prêmios de R$ 693 milhões, emitidos em 2009, pode triplicar até 2013.

Projetos de infraestrutura envolvem investimentos altos e, em consequência, demandam financiamento na mesma proporção.

Os executores das obras precisam oferecer garantias de conclusão para torná-las viáveis. Sem comprometer ativos ou limites de crédito para empresas e a custo inferior às demais alternativas disponíveis, esse produto tornouse um dos mais procurados por empresas de construção civil, prestadoras de serviço e indústrias, além de órgãos públicos.

"Entre 2000 e 2009, o mercado brasileiro de seguro garantia cresceu 800%, sendo 266% nos últimos três anos, calcula Luiz Alberto Pestana, vice-presidente da UBF Seguros, uma das líderes do segmento, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). O volume de prêmios no país registra crescimento acumulado de 231% em dez anos.

Obras para Copa de 2014 e as da Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016 devem contribuir para isso e manter o mercado aquecido também nos próximos anos. "É certo o grande impacto favorável por conta desses dois eventos. A expectativa é atingir R$ 2 bilhões em prêmios até 2013", ele calcula.

Atuam nessa área no país 20 seguradoras e cerca de 25 resseguradoras, estima Rogério Vergara, presidente da comissão técnica de riscos de crédito e garantia da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg) com base em dados da Susep. Alguns especialistas, no entanto, avaliam que o aquecimento dos negócios atraiu novos interessados e que pelo menos 30 empresas já movimentam o setor.

Há pelo menos dez tipos de garantias, algumas das quais são mais procuradas. Uma delas é o seguro garantia do concorrente, que prevê a indenização caso o tomador, após vencer a concorrência, deixe de assinar o contrato de execução ou de fornecimento previsto no edital.

A abertura do resseguro foi um fato importante para elevar a competitividade do setor, liderado por J. Malucelli Re, Munich Re, IRB Resseguros e Mafre Re. "É obrigatório, no entanto, ressegurar o mínimo de 40% dos prêmios emitidos com resseguradoras locais", ressalva Vergara.

A J. Malucelli, seguradora de garantia líder no Brasil e na América Latina, por exemplo, conta com a J.Malucelli Re, mas mantém negócios com mais de 20 resseguradoras nacionais e internacionais.

"São empresas altamente qualificadas e capitalizadas", diz Gustavo Henrich, diretor da empresa.

A comparação entre a quantidade de modalidades de seguro garantia oferecidas no Brasil com outros países sinaliza quanto o setor ainda pode crescer, afirma Marcelo Elias, diretor de infraestrutura da corretora Marsh Brasil. "Enquanto temos dez segmentos, nos EUA há mais de 100 tipos de apólices", compara.

Alguns mercados da América Latina, como Argentina e Colômbia, ele informa, são mais avançados do que o brasileiro.

Para atender a demanda crescente, as empresas programam lançamentos de produtos. A J. Malucelli, que tem no seguro garantia 82% da receita, planeja, segundo Henrich, ampliar sua participação no mercado brasileiro.

"Com a injeção de capital proporcionada pela recente entrada da Travelers, a segunda maior seguradora americana, que está em fase de aprovação na Susep, pretendemos fortalecer nossa atuação no mercado interno e buscar outros na América Latina", diz. A J.

Malucelli é a primeira no ranking da Susep, com 38% de market share, seguida de Itaú Unibanco Holding, com 14%, Fator, com 11%, e UBF,com10%. O ranking tem o volume de prêmios emitidos por cada uma até setembro de 2010.

A UBF atravessa período de mudanças pela alteração na composição dos acionistas. A Swiss Re, com atuação em mais de 20 países, agora tem 80% de participação na UBF, os outros 20% são do IFC, do Banco Mundial, com foco no setor privado dos países em desenvolvimento. A UBF, com faturamento entre 70% a 80% proveniente dessa área, irá investir em novos setores em 2011

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario