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Infraestrutura será o grande teste para área de resseguros

Fonte: Valor Econômico

Mercado Até o momento, o IRB não sentiu o golpe da perda do monopólio e detém 63% dos prêmios

Passados mais de dois anos da abertura de mercado de resseguros, o setor vive um momento de expectativa frente aos projetos a serem implementados nos próximos anos. Em abril de 2008, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) terminou com o monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), atual IRB Brasil-Re, que existia desde 1939, permitindo a entrada de companhias privadas no país. Desde o fim do monopólio, atuam no mercado nacional cerca de 90 resseguradoras, inclusive os maiores players mundiais.

"O Brasil é a bola da vez, no bom sentido, é claro", diz Paulo Pereira, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Resseguro (ABER). A razão é o rol de obras previstas. Obras que, pelo seu porte, necessitam de resseguradoras para salvaguardar os riscos embutidos.

Entre as mais cobiçadas estão o trem-bala, projeto da ordem de R$ 33 bilhões, as obras da Copa de 2014, que devem consumir R$ 23,15 bilhões e investimentos em petróleo na prospecção da camada pré-sal. "Historicamente, o setor de resseguros acompanha o crescimento do PIB do país, mas, com o volume de obras, acredito que haverá um crescimento de 60% em até quatro anos." Pela legislação prevista na Resolução 168 da Susep, podem ingressar no mercado nacional três tipos de resseguradoras - locais, admitidas e eventuais. A maioria está enquadrada entre admitidas e eventuais. São apenas seis as locais, que precisam ter um capital mínimo de R$ 60 milhões e ter sede no país - o IRB, a paranaense J. Malucelli, a espanhola MapfreRe, Munich, XLRe e a ACE. Já para as admitidas, é necessário ter escritório no país e capital mínimo de R$ 5 milhões.

As eventuais, por sua vez, recebem autorização para operar conforme surjam oportunidades de negócios no Brasil.

Em 2010, segundo o presidente da ABER, o setor deve fechar o ano em torno de R$ 4,5 bilhões, volume pequeno face ao mercado mundial, que é de US$ 200 bilhões.

"Mas as dez maiores companhias de resseguro estão no Brasil", afirma Pereira. Entre as gigantes do setor, estão a SwisRe, a canadense FairFax e a Chartis (ex-AIG), todas com escritório no Brasil.

Entre as que fincaram raízes no país está a MapfreRe. "O Brasil é um país estratégico para o Grupo Mapfre, é o nosso maior mercado depois da Espanha. Viemos ao mercado brasileiro para ficar", diz Bosco Francoy, presidente daMapfreRe, que atua em mais 15 países no campo do resseguro. Para Francoy, o objetivo é trabalhar em parcerias com as seguradorasemprojetos que exijam grande suporte técnico. Ele vislumbra possibilidades de vultosos contratos com a Vale e a Petrobras. "Certamente estaremos nos futuros projetos.

Para as seguradoras, a quebra de monopólio trouxe pontos positivos.

Na opinião de Jorge Hilário Gouvêa Vieira, presidente da Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg), o fim do monopólio do IRB fez com que as seguradoras passassem a analisar com mais cuidado os riscos, bem como a capacidade das resseguradoras. Na prática, as seguradoras podem apresentar suas condições às resseguradoras locais e admitidas; caso não haja acordo, podem buscar parceiras no mercado internacional e estas ingressam no pais na condição de admitidas. "Com a abertura de mercado, você passa a fazer diversos contratos, com diversas resseguradoras.

Assim, passa a haver mais facilidade para renegociar as diversas coberturas, o que resulta em preço melhor também." Para a advogada Anna Tavares de Mello, do escritório Trench, Rossi e Watanabe, é prematuro fazer uma avaliação do mercado ressegurador brasileiro. Em sua avaliação, o mercado será testado quando forem formatados, ao mesmo tempo, os grandes projetos de infraestrutura, que envolvem grandes riscos. "O mercado brasileiro ainda está centrado em pequenos riscos, os quais as seguradoras são capazes de suportar. Quando houver o boom de grandes obras, todos serão obrigados a distribuir os seus riscos e veremos como irá funcionar a engrenagem." O IRB não tem sentido o golpe da perda do monopólio. Até agosto, a companhia detinha 63% dos prêmios entre as resseguradoras locais. "O IRB tem um patrimônio líquido de R$ 1,9 bilhão. Assim, provamos às seguradoras que temos capacidade operacional. Trabalhar conosco gera tranquilidade", diz José Farias de Sousa, diretor comercial do IRB.

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